quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A Baixa

Hoje tive de ir à Baixa para uma consulta.

A minha médica de há 35 anos vai-se reformar do consultório no fim do ano e isso causou-me tristeza, pois é uma senhora única, à antiga portuguesa, sem computadores, escreve tudo - mas mesmo tudo - à mão e leva o tempo que for preciso a observar-nos , a conversar connosco, a rir e a falar da vida. Vai-me fazer muita falta...

O consultório fica mesmo no coração da Baixa num prédio lindo da Rua do Bolhão. Não tem elevador, de modo que me custou subir os dois lanços de escada. Mas não esperei nada, nem paguei, pois era só para mostrar os exames que tinha feito em Setembro. Estava tudo óptimo, o que me animou, já me bastam os problemas ósseos. Saí de lá um pouco triste....há 35 anos nasceu o meu filho Zé e ela assistiu ao parto. Foram horas difíceis e desde então nunca mais deixei de lá ir.

Tomei um carioca de limão no belo café que abriu há pouco tempo mesmo no prédio do consultório. É lindo e moderno, não deve ter muita gente...o que é pena, pois merecia.



 

A Baixa é um local tristonho nos dias de chuva. A Casa dos Linhos, habitualmente tão cheia de senhoras "chatas" estava vazia. As empregadas muito sorridentes, a loja cheia de lãs e linhas, panos e paninhos, convidativa para quem ainda faz trabalhos de mão, que é o meu caso, graças a Deus. Adoro lojas antigas. Comprei uma quadrinho para a minha filha bordar, pois ando a ensinar-lhe vários pontos e ela está entusiasmada. Apetecia-me comprar tudo, mas hoje em dia já nem vale a pena fazer camisolas de lã, não há frio e os miudos não acham graça.


Poderia ainda ter passeado um pouco mais e até ido à casa Chinesa que tem tudo para cozinha exótica, mas ameaçava chover , de modo que meti-me num taxi para vir para casa.

Em uma hora fiz tudo.

O Porto é assim. Pequeno e cosy.

3 comentários:

  1. Mais uma crónica simpática sobre o Porto e bem ilustrada com fotografias que dignificam a cidade. Sente-se alguma nostalgia no seu texto. É natural. Nada fica igual para sempre e, apesar de sabermos disso, custa ver certas coisas e pessoas a desaparecer. É a vida.

    Um beijinho, Virginia

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  2. Ultimamente talvez por me sentir menos bem de saúde e porque os meus irmãos - sete - já atingiram todos os 60s e 70s, comecei a interrogar-me sobre o futuro. Não sou saudosista , mas apego-me a algumas pessoas que fizeram parte da minha vida e me ajudaram em momentos de crise. Não sou nada social, detesto festas e eventos, mas gosto das pessoas individualmente e gostaria de poder encontrá-las sem mais ninguém...
    Um bom fim de semana!!

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  3. Num futuro bem próximo não há mais médicos (as) desses. Sei o que isso é! ...

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