quinta-feira, 2 de junho de 2016

Fim de tarde de Junho



Adoro os fins de tardes de Junho quando os dias parecem infindáveis e o céu insiste em nos acompanhar até ao último suspiro.

Gosto de ver a cidade cheia de turistas, parzinhos a fotografarem-se, família inteiras a jantar nas inúmeras esplanadas à beira-rio, disfrutando do cenário mais perfeito que encontro no nosso país. Não não sou bairrista, mas sou apaixonada pelo que é belo, pelo que transmite um sentimento estético e simultaneamente nos encanta. E o Porto seduz-me.

 A Ribeira é um dos locais mais mágicos que conheço e nunca senti o mesmo em nenhum local de Lisboa, nem sequer no Castelo de S. Jorge tão apregoado, ou no miradouro de Santa Luzia ao fim da tarde. É que a Ribeira é cosy, é aconchegada, não se alarga, nem se espreguiça mar adentro. O Douro é ondulante, é misterioso, muda de cor de minuto a minuto e une as duas cidades que se irmanam.






Gosto da patine das casas velhas, das janelas enormes, da roupa a secar, dos velhos, das varandinhas com flores, dos chapéus de sol, das tendinhas com artefactos coloridos, dos músicos ambulantes, dos becos, dos morros, da pedra granitosa que ladeia o rio, das igrejas com cruzes,
dos arcos, da ponte de ferro, das pessoas lá em cima junto ao metro, do teleférico, do mosteiro majestoso, dos barcos de recreio ou turismo, das selfies, das gaivotas e dos pombos...











Apetecia-me pintar tudo isto, mas não sou capaz. Fotografo apenas e tento nessas fotografias imortalizar este cenário, que poderia ser de ópera ou de teatro, tal o impacto que cria em todos os que se sentam naqueles bancos e olham com olhos de ver.


7 comentários:

  1. Virginia, um quadro a evocar a roupa a secar no estendal daria uma pintura fantástica! As longas tardes de junho são propícias a que pinte esses cenários pitorescos.

    Um beijinho

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  2. Já fiz um quadro a pastel das casas da Ribeira a partir dum livro sobre o Porto em 2009. Fou um dos primeiros que me saiu bem e dei-o ao meu filho, está no quarto do meu neto.
    Mas hoje fui ao Botânico e saí de lá inspirada, as flores abriram todas e só se vê cor, onde há meses era um deserto...está lindo!
    Vim para casa e pintei um quadro ainda das paisagens que vi em Inglaterra....meio impressionista com as cores daqueles montes e vales por onde andámos. Amanhã já o ponho aqui, se achar que vale a pena!
    Bjinho

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  3. Precisamente é o que falta em Lisboa, o aconchego...Levei algum tempo para perceber esta falha, mas depois tornou-se claro .A não ser em alguns bairros da capital como Alfama, mas mesmo assim não sei não...
    Belas fotos !

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    1. Sempre achei Lisboa desabrigada e ventosa. Onde vivíamos , o Restelo era lindo para a vista mas não parecia cidade era mais campo com as vantagens e as desvantagens de estarmos longíssimo do centro. O meu pai fazia 15kms para o Hospital e eu levava hora e meia a chegar à FLUP. Fiquei saturada de autocarros. Lisboa tem partes lindas, vistas largas, mas não a sinto acolhedora....
      Bjinho

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  4. Recordo com nostalgia os anos em que vivi em Espinho, de 76 a 83. Tantas vezes apanhei o comboio para o Porto com saída em S. Bento.
    Era criança e adorava a saída de Gaia e a entrada na Ponte D. Maria. O Comboio a circular muito lentamente, o ranger da ponte, a sombra da ponte com o comboio nas águas do Douro.
    Nós sempre na janela que aberta nos deixava ver tudo. A lentidão do rio e dos seus barcos, a vida da Ribeira e as pessoas tão pequeninas.
    Entrar no Porto era mágico, acho que nunca apanhei uma viagem com chuva, sempre com sol. E todo isto terminava depois do túnel na estação de S. Bento na qual me perdi tantas e tantas vezes a admirar os seus azulejos.
    Era um tempo simples para mim e muito longe do que é hoje.
    A Thais gostava de ir ao Porto de Comboio.
    Vamos ver se é este ano.
    Beijos Gi
    PS - Não consigo publicar no seu blog...

    ( mensagem de José Miguel Caldeira)

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    1. Miguel,

      Esta mensagem vale muito para mim, daí tê-la transportado para aqui. Tenho pensado muito em vós e gostava de vos ver. Nunca vou a Lx como tu sabes, mas vou ver se consigo dar lá um salto neste mês. Tb queria ver o meu irmão que mora nas avenidas novas. Bjinho saudoso

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    2. Mais uma mensagem do meu amigo Miguel, que não consegue aceder ao blogue:

      Recordo o meu tio Carlos, que era Juiz reformado + Pintor e coleccionador.
      Quando se chateava com a minha tia, íamos os dois para o Porto dar uma volta :)
      Ele e eu. Tinha muita calma, ele tinha nascido em 1900 logo já não era um jovem, mas tinha calma para mim criança. Explicava as coisas e muito importante cuidava de mim e gostava muito de mim.
      Num terraço, ensinou a andar de bicicleta, que não era fácil pois era a fazer oitos ou à roda :) .
      Quando apanhávamos o comboio do Douro, na estação de S. Bento, eu ficava para trás perdido no edifício, mas o comboio estava sempre na mesma plataforma e sempre à minha espera.
      Cruzava com muita gente com os mesmos destinos e outros diferentes, e quando alguém ficava para trás, mas sempre havia alguém que sabia para onde íamos e nos encaminhava.
      O homem que vendia revistas e jornais de carruagem em carruagem. O cheiro dos comboios antigos. A florista nos degraus de entrada da estação.
      Toda a cidade era muito próxima, muito junta, muito unida. Casa atrás de casa. Os ferros forjados nas portas, balcões ou janelas e o pregoar sempre tão colocado das vendedeiras.
      O meu tio Carlos ficou muito triste quando saímos de Espinho e não mais o voltei a ver. Em 1984 voltei a Espinho, mas não quis ir ao seu funeral, fiquei por casa. Tenho muitas saudades desse tempo, dele e da sua Boina Espanhola.
      Para mim foi muito marcante esses anos. Tenho muita pena de não ir mais vezes ao Porto.
      Ao mesmo tempo daria um pouco de mim para voltar ao passado...

      Beijos Gi

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