sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A Foz, espaço zen
















Ir à Foz todos os dias.  Poucas vezes tenho feito esta rotina com regularidade mas, este ano, por razões de saúde ( mental) resolvi levá-la a cabo.

Vou todos os dias, quer faça chuva ( raras vezes) quer sol, quer esteja nublado, quer  esteja nevoeiro ( hoje cerrado até às 3, depois sol límpido), quer me levante cedo ou tarde., quer esteja deprimida, quer bem disposta...saio já munida do que preciso: óculos de sol, creme, Huawei, garrafa de água e auriculares.

Passo três a quatro horas junto ao mar e só não tomo banho porque não gosto da areia movediça que se escoa debaixo dos pés. Também já não consigo estar muito tempo deitada numa toalha ou sentada nas rochas,  o que faço na Luz com frequência.

Sento-me nas maravilhosas deck-chairs da esplanada dos Ingleses, com almofadas confortáveis, junto uma mesinha para poder almoçar, estendo as pernas e pouso as sapatilhas na rede em frente. Ali estou horas infindas, a ouvir música ( hoje os Alan Parson's Project, uma das bandas que mais ouvia nos anos 90) , a olhar para o mar, a tirar fotos caricatas, a mandá-las aos meus filhos com comentários jocosos e vice-versa.

 Reflicto muito e venho de lá completamente restaurada, como se tivesse estado num spa a cuidar de mim. Gasto 10 euros a almoçar ( hoje um prego no prato), não lancho nem bebo cafés. Só água, muita água fresquinha.


O que me leva a cumprir esta rotina, não é a minha paixão pelo mar, que a tenho desde que me conheço. É o ambiente sensacional daquela esplanada, a alegria da praia, as lojinhas da Rua Senhora da Luz, a pontualidade do autocarro 204.

É tudo tranquilo, sem sufoco, sem stress, sem discussões. Não se ouve um choro de criança ( é incrível, mas é verdade), um ladrar de cães, apenas os pios das gaivotas, as vozes discretas dos turistas, as rabujices veladas dos velhos, os risos dos jovens na areia, as brincadeiras junto à orla do mar, que hoje, rugia bem forte.

Naqueles momentos esqueço-me de mim quase. E esqueço-me dos meus desgostos e solidão. Fico feliz por ver tanta gente contente, despreocupada, sem problemas aparentes.











O M. dizia que eu ignorava os problemas, que lhes fugia sempre e que encarava o futuro dum modo demasiado optimista, idealista, como se nunca previsse vir a ter dramas. E se os tive! Mais do que esperava certamente quando era jovem e me apaixonei por ele. Ele receava a minha falta de preparação para a vida. Eu confiava na minha capacidade de dar a volta por cima.  Nem tudo deu certo, mas sobrevivi.

Neste momento ando na fase de projectar as férias e isso entusiasma-me. Vou à Escócia no fim de Setembro, a Edimburgo e depois a Leeds. Já há muito que queria conhecer essa cidade e resolvi fazê-lo quando a minha filha voltar depois das férias. Vamos de comboio de Stansted para Edimburgo, são umas 5.30, mas percorre-se todo o East Yorkshire que é lindo de morrer.

Na Escócia quero ir ao Loch Lomond um dos lagos mais bonitos do país. E ver Edimburgo bem. Já há muito que não vou a outra cidade britânica que não Leeds.

Hoje marquei hotel, ontem aviões, os comboios ficam para depois. Não é barato, mas são férias...

Happiness is looking forward to...o meu velho lema que já voltou.



Oiçam esta maravilha e entrem em modo Zen... :)








9 comentários:

  1. Belo programa, Virgínia ! Vai ser uma viagem inesquecível. Por coincidência, vou agora a Edimburgo, mas ao Festival - é o único festival que adoro frequentar. A cidade fica toda em festa. Marquei espectáculos todos os dias, entre ópera, concertos e eventos de pub ! O problema maior de Edimburgo, e de toda a Escócia, é o tempo. Pode até chover todos os dias... espero que lhe calhe em sorte uma semana soalheira.

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    1. Gostava de ler o que tem escrito no seu blogue sobre a cidade, muito sinceramente confio mais em si do que nos guias turisticos. Tenho pouco tempo, mas vou aproveitá-lo bem. Posso sempre voltar se me der na telha. Espero que haja algum espectáculo lá ou em Leeds nesses dias, tenho tido sorte. O tempo é sempre incerto em Inglaterra, mas gosto de aquele ar húmido e verde, não me faz muita impressão. Em York da última vez chovia a cântaros e fiz umas fotos magníficas das ruas de cobblestones a brilhar :)
      Obrigada. E bom festival.

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    2. Não sei que informações lhe possam ser úteis, Virgínia. Numa primeira visita, seria de fazer tr~es percursos - as duas ruas nobres que estruturam a cidade, a Princes Street na cidade nova vitoriana, e a Royal Mile ao longo da cidade medieval; e passear entre as duas cidades "lá em baixo", nos fantásticos jardins de Princes Street.

      A vista mais deslumbrante é de Calton Hill, junto ao monumento a Dumbald Stewart, onde toda a gente vai sentir a 'alma' escocesa ao som da inevitável gaita de foles. Dizem que é o Parténon escocês. Ao pôr do sol, com neblina, pode ser de arrepiar !

      Para mim Edimburgo vale sobretudo pela malha urbana única, quase geométrica, com espaços arquitectónicos que parecem obra de um paisagista visionário.

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    3. Muito obrigada. Isto já é um bom princípio. O tempo é pouco, mas usarei o taxi para deslocações, como faço em Leeds. O hotel é mesmo na Prince's Street.:), mas ela é muito comprida :). Obrigada.

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  2. Que luxo. É tudo o que queria ver o mar todos os dias, mas não para estar estirada em toalhas na areia, que é o que mais me aborrece nas praias . Quando lá vou gosto caminhar , nadar e estar um bocado a olhar o mar no muro ou esplanada e vir embora . Portanto, quando aí for já sei onde lhe encontrar heheheh...
    Gostava imenso de ir à Escócia ... Vamos ver se o meu marido se reforma dentro em breve e a minha vida não fica tão presa porque estou numa de ama seca com neta de 18 meses . A creche abre em Setembro ... Enfim. hão de vir melhores dias e hei-de ser , mais tarde, recompensada com boas lembranças da parte das minhas netas .É o que mais quero que fique ...

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    1. Desculpe, Madalena, ter respondido tão sumariamente, mas foi do tm.
      Sim, se vier ao Porto ou estou no jardim Botanico ou na Foz....ou em casa. O melhor é telefonar-me;-)

      è engraçado que gozo destes luxos quando estou sozinha, quando tenho a família ao pé há sempre impedimentos para não gozar da minha liberdade assim tão descaradamente. Mas nunca fui escrava dos netos, isso recuso-me. Já fui dos filhos e não pouco. Sem carro e sem marido a ajudar, as limitações eram enormes.

      Beijinho

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  3. Nunca aceitei ficar com netos nas férias. Agora levo os porque são grandes. Eles gostam de mim na mesma..

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  4. Vim parar aqui por causa da Praia da Boa Nova, o que prova que o Anto ainda mexe com a gente. Vim por acaso, portanto. E foi agradável partilhar essas emoções simples mas tão familiares que nos traz a Foz, a "solidão" e a idade - esse repertório de vidas vividas numa só pessoa. Boas férias, boas viagens, amiga desconhecida!

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  5. Muito obrigada pelo comentário tão simpático. Às vezes tb vou à deriva e encontro outros espaços interessantes e desconhecidos. Há muitas coisas que nos aproximam quando chegamos a uma certa idade e ao mês de Agosto, que é um mês ingrato para quem já não pode partilhar nas aventuras das gentes mais novas. Continue a vir, é benvindo, António.

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