Não é preciso ir muito longe. O nosso país e em especial, a minha cidade, aquela a que chamo lar, embora não seja aquela onde nasci, pode ser um daqueles locais onde nos esquecemos de todo o mal, toda a violência, todos os dramas que assolam a humanidade e entram pelas nossas casas, mesmo sem querermos.
Nada me satisfaz mais agora do que ir passar o fim de tarde à beira-mar.
Muito mais do que viajar, já me cansei das tretas dos aviões, das filas intermináveis, dos check-ins , das seguranças...nada vale a simplicidade de me meter num taxi ou autocarro e ir até Matosinhos, uma praia amiga, que acolhe todo o tipo de gente, rica e pobre, sem distinção. Sem passaporte, sem muito dinheiro e sem cansaço...
Na marginal vêem-se bicicletas, skates, triciclos, grupos de jovens a correr, crianças a fazer jogging (sic), parzinhos de namorados, surfistas, estudantes a confraternizar. E àquela hora todos se transformam em silhuetas belas contra o horizonte de fogo. Os nosso olhos espraiam-se pela beleza da praia , as marcas na areia, a espuma das ondas baixinhas e sorrateiras, as rochas negras com feitios insólitos, o perfil do Terminal de Leixões onde um navio grande está atracado, os guindastes , tudo sombras fugidias de contornos indefinidos.
O cheiro da maresia na mará vaza chega até nós maravilhoso.
O sol começa a descer silenciosamente e só os pios das gaivotas quebram a doce calma do cair da noite.
Jantamos na esplanada cá em baixo donde se disfruta a vista completa. Um bacalhau à moda de Brga divinal e uma sangria enorme...
Não há nada mais belo, mais aconchegante, mais harmonioso. Nada me faz sentir mais irmanada com a Natureza, que permanece para lá dos horrores ou das intempéries.
Em Matosinhos, não oiço um choro, uma discussão, gente irada, música aos berros. Parece que o tempo parou.
Sou feliz.
Mais uma vez parabéns pelas belíssimas fotos. Gostei também do texto que as acompanha. Muito poético.
ResponderEliminarAb
Regina
Sim, poesia não falta nos fins de tarde na praia. É o que mais procuro hoje em dia, fuga da realidade...
ResponderEliminarObrigada, Regina. É bom ler-te.