segunda-feira, 3 de julho de 2023

Memórias dum verão azul

 Eram mesmo verões azuis, aqueles que passavamos nesta bela vila da Luz.

Viemos para cá em 1966 pela primeira vez, tinha eu acabado de encontrar o Manel numa viagem a Suécia. 

Tudo era novo, estava entusiasmada, escrevia lhe cartas apaixonadas, sonhando com passeios aqui a beira mar, sob as falésias, nos carreirinhos cheios de plantas silvestres, nos barcos dos vizinhos...


Era mesmo um sonho de férias, que se  tornou realidade durante anos e anos. Tínhamos um grupo de amigos fixes, cujos pais eram casais exemplares, juntavamo-nos todos os verões, namoriscavamos os mais giros, brincávamos muito e com inocência, que hoje já não existe. 

Era mesmo um mundo ideal, que desapareceu quando os mais jovens começaram a casar e a ter filhos e os mais velhos a falecer. O meu Pai foi dos primeiros e a nossa vida já não era nada do que tinha sido. Depois vieram divórcios, impensáveis nos anos 60.


Fomos muito felizes aqui, embora o meu ex marido não gostasse de praia e se aborrecesse de morte.


Hoje que estou aqui sozinha com a minha Lu, com o Zé a trabalhar em Faro e o resto da família no Porto, sinto a nostalgia do que se passou e pena por não poder reviver o passado.

 Devia agradecer aos céus todos os momentos maravilhosos que me concederam, mas nem sempre consigo.


Ao fim de alguns dias começo a deprimir e a pensar que estamos velhos,  cansados, e um pouco desiludidos. Os meus dois irmãos faleceram este ano e e impossível não os ver nunca mais aqui comigo, todos em família, com um futuro á vista.


2 comentários:

  1. Há que viver o "aqui e agora"😊
    Restam as recordações.
    Esta sua reflexão, remeteu-me para um poema que escrevi em 05/03/20007, e que transcrevo:
    É na dor que renascemos
    E nos aperfeiçoamos
    Sentindo que até vencemos
    Tão fortes nos transformamos

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  2. É mesmo, Pureza. Se não tivesse passado por tanto este ano, não estaria a gozar desta benesse que é poder estar aqui com uma filha que amo tanto. Obrigada.

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