domingo, 11 de maio de 2014

A seguir aos dias NÃO...

vem sempre um dia SIM!

Hoje foi um deles, ainda que moderado. Calmo e nostálgico....

O dia convidava à praia e decidi ir à Foz com a minha filha. Tinha mesmo de sair de casa, pois a inércia alastra como uma doença epidémica e se não resistimos a ela, acabamos por perder coisas boas da vida. É sempre uma incógnita aquilo que vamos encontrar lá fora e desperdiçar o que é desconhecido pode ser pecado. Passar o dia entre 4 paredes quando se pode abarcar com o olhar este espectáculo do mar na Foz é um crime.



 Na Foz estava uma ventosga de norte nada acolhedora, mas tinha-me precavido levando um casaco polar, que é mesmo o ideal para estar fora de casa, de modo que me senti confortável na esplanada, onde almoçámos em frente a um mar lindíssimo, cheio de ondas e cristas. O vento é desagradável, mas facilmente me habituo a ele e até me sabe bem, parece que me limpa a alma.
Não havia muita gente pois muitos têm medo do vento e do sol. Só os turistas são corajosos, até se aventuram a molhar os pés ( e as calças inclusivé!). Para eles está sempre calor, mesmo quando nós tiritamos.

A praia do Ingleses tem um bar muito simpático, onde se come bem e barato. Gosto muito do bife à Inglesa, que leva um molho saboroso e queijo por cima. Só tem o defeito de ser um pouco salgado e fazer sede. Mesmo assim soube-me muito bem.




Ouvi as sonatas para piano e violoncelo de Brahms durante algum tempo. Maravilham-me pela intensidade de tonalidades, um leitmotif plangente, que poderia bem ser  o soundtrack dum filme de época. O vídeo aqui fica para ouvirem enquanto olham para este cenário, do qual não me canso e fica aqui a dez minutos de casa.



Há pessoas com sorte.....

sábado, 10 de maio de 2014

Dias não

Há um ano estava na Madeira. Fui feliz lá. Tirei estas fotos, que ficaram originais. Quem me dera, sinto-me vazia hoje.  Há dias e dias.




Ontem tive uma notícia boa, mesmo muito boa no médico fisioterapeuta. Aparentemente estou bem melhor do meu joelho, o que me anima. Vou parar a fisioterapia, mas continuar a fazer esforço físico no sentido de endireitar a perna o mais possível. Posso ir para o Algarve, desde que não ande lá a cabriolar nas rochas em frente de casa. A água fria faz bem às artroses!!

Apesar de tudo hoje estou em dia não. Já abri o pc n vezes, já vi futebol na TV, ouvi música, consultei o Facebook e não me apetece fazer nada. Os meus netos andam a brincar com amiguinhos alemães no pátio, gosto de os ver, mas não me apetece sair e estar ali com eles....acontece. Mais vezes do que seria de esperar.

Está um dia calmo, com sol e muito polen que se vê a voar no ar. Não sou alérgica, graças a Deus, posso estar na varanda, onde agora tenho novas plantas, sem problema. Vamos a ver se é desta que consigo ter umas flores capazes.

Gostava de ser mais sociável e de não desligar o telefone quando as pessoas me telefonam só para saber de mim...mas às vezes nem me apetece falar com ninguém. Não estou deprimida, apenas anti-social...

Só penso nos fretes que ainda tenho de fazer, como levar os papeis do IRS a um senhor que me preenche tudo por 15 euros. Prefiro pagar e não ter de o fazer eu.

Gosto de estar aqui em casa, ouvir os passarinhos ao fim de semana, pensar na vida, ler....mas não ter obrigações. Como se isso fosse possível!!!

Pronto, a minha nora já me telefonou para me convidar para ir ao pátio.....lá vou eu!!







quinta-feira, 8 de maio de 2014

Hilariante comédia francesa


Fui ver um filme irresistível de um humor negro excepcional.

O título não me dizia nada, nem em português : Gravidez de alto risco, nem em francês: Neuf mois fermé. 

Arrisquei a ver, apesar de não haver críticas em lado nenhum, nem no Publico, nem no Rotten Tomatoes , nem no IMDB. Sabia que tinha ganho dois Césares ( óscares franceses) um para o melhor argumento e outro para a melhor actriz, apenas.

Cinema vazio, com meia dúzia de pessoas, o ambiente ideal.

O filme é uma sobremesa daquelas que já não se fazem. Lembrou-me as tardes no Tivoli em Lisboa, sessões às 6.30, em que assistíamos ao teatro francês. Todos os anos havia uma temporada e os actores  de primeira água. Os bilhetes eram caros, de modo que íamos para o 2º balcão , nos píncaros da lua. Ouvia-se bem e era o mais importante, pois os diálogos eram fantásticos. Vi Sartre, Moliére e outros.

Esta comédia tem, aparentemente, um argumento disparatado, mas tão bem engendrado e comovente que nos seduz do princípio ao fim. Gira em torno do sistema judiciário, o que sempre me agradou. O meu filho devia adorar vê-lo, se não tivesse mais processos do que é possivel imaginar.
O mesmo acontece com a personagem principal do filme, uma juiza à beira da promoção para a Relação, que numa noite de desvairo, único na sua vida puritana, engravida de um cadastrado sui géneris. A partir daí, o filme desenvolve-se dum modo genial. O diálogo é simplesmente hilariante, as cenas quase que se atropelam, fazendo-nos rir até às lágrimas. Há muito que não me ria assim e fez-me um bem extraordinário. A mim e à minha filha...

Se puderem vão vê-lo. Todos merecemos ser felizes durante 90 minutos!!

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Quando é que se deve aprender inglês?


Tem havido imensa controvérsia sobre o ensino do inglês no 1º ciclo do Básico. A liberalização do ensino promovida por Sócrates e MLR não teve grande sucesso porque as escolas podiam ou não fornecer aulas de inglês conforme entendessem. Assim houve escolas que incluíram a língua estrangeira nos curricula, outras que ignoraram esse desígnio.

A minha professora disse que a escola obedece a padrões exigentes e que eu tenho de melhorar o meu vocabulário. O que é "vocabulário" ?

O resultado foi o caos total, havendo neste momento alunos que começam a falar inglês no 1º ano do básico e outros que só o iniciam no 5º ano.

Imaginem o que é ensinar miudos de 10 anos - turmas de 30 alunos - num ambiente heterogéneo em que 20% dos alunos já sabem alguma coisa, 20% falam bem e os outros 60% nunca aprenderam uma palavra. É o que acontece neste momento. As boas intenções do governo socialista ficaram por terra.

Ainda por cima, os professores contratados para ensinar inglês não têm preparação para lidar com crianças por muita formação que obtenham por fora. Uma coisa é fazer um curso para ensinar no secundário, outra é no básico, são pedagogias e métodos diferentes. Sei bem a diferença entre adolescentes de 12 e 17 anos, é preciso mudar constantemente de estratégias e torna-se bem mais difícil à medida que os anos passam. O fosso entre pessoas de 50 e tal anos e os jovens é enormíssimo, há quem tenha capacidade de adaptação, há quem não tenha.

O Ministério quer que os alunos aprendam inglês, mas não quer gastar dinheiro a preparar professores para ministrar a cadeira.

É o mesmo que pôr professores da faculdade a ensinar no 3º ciclo. Duvido que sobrevivessem.... 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Gerschwin por Gabriela Montero


Esta pianista venezuelana é verdadeiramente portentosa, com uma força e talento que ultrapasssam tudo o que ultimamente tenho ouvido ou visto.

A par das suas improvisações, que são geniais e têm corrido o mundo,  também toca peças clássicas dum modo único, tendo sido elogiada e apoiada por Martha Argerich, uma das melhores pianistas da actualidade.

Há duas horas que estou a ouvi-la em concertos recentes que ela postou no Facebook, a par de inúmeras mensagens de protesto contra a política na Venezuela e crimes contra os direitos humanos perpetrados nesse país. È fantástico ouvi-la falar no meio dos seus concertos, alertando o público para a sua preocupação. Mulheres assim não há muitas!

Neste concerto Gabriela toca a Rhapsody in Blue. Simplesmente fabuloso, não tenho palavras para descrever o que sinto ao ouvi-la....

sábado, 3 de maio de 2014

Tardes de verão

Já cheira a Verão.

A luminosidade é diferente, tudo está extremamente verde, as árvores aqui à volta no seu esplendor. Apetece sair, passear, andar a pé e respirar o ar mais puro. Gosto muito desta época, antes de virem os grandes calores, as multidões para as praias e os autocarros cheios.
Ontem fui jantar ao Varanda do Sol. Já lá não ia há mais de doze anos porque foi lá que tive uma longa conversa com os meus filhos nas vésperas de me separar e nunca mais consegui dissociar o restaurante desse momento doloroso.
O restaurante estava vazio e os empregados todos sentados numa mesa junto à janela em grande conversa e risota. Ficaram embaraçados quando entrámos, como se tivessem cometido alguma asneira. A comida - Cordon bleu com molho a la Romana e Tagliatelli com cogumelos - estava bastante boa, a carne era excelente e o molho só tinha o defeito comum a quase todos os restaurantes portugueses: estava salgado ou apetitoso demais. Comi , mas já sabia que isso iria ter repercussões na minha tensão, que tem tendência a subir. É raro o molho que não tem sal a mais hoje em dia.
Observámos o fim da tarde do paredão. Estava tudo muito calmo, o farol de Felgueiras, imperial, já livre das ondas fortes que o fustigaram todo o inverno. Ainda havia pessoas na praia e muitas a fazer o seu jogging de fim de semana.


Viémos de autocarro e aproveitei para tirar umas fotos às casas do Largo do Farol, donde parte o autocarro 204. Em 8m puzémo-nos no Campo Alegre, uma viagem mais rápida do que qualquer taxi. Por muito menos dinheiro!!









Ficam aqui algumas fotos que tirei.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Minha Mãe

Faz hoje 11 anos que faleceu a minha querida Mãe.

Tinha-me separado há pouco, estava sozinha no meu novo apartamento e subitamente, às 7 da manhã, tocou o telefone. Uma das minhas irmãs deu-me a notícia de chofre. A minha Mãe tinha tido um ataque de coração súbito e morrera a meio da noite.

Senti-me completamente de rastos. Não podia falar com ninguém , tinha de esperar que acordassem, dar-lhes a má notícia. Foi o que aconteceu. Telefonei ao meu filho em Munique e ele ficou surpreendido, a princípio, pensando que tinha sido a outra Avó e não a minha Mãe. Ele gostava muito das duas e ficou petrificado por não me poder abraçar. Como a distância às vezes é cruel! Ele queria abraçar-me e eu, desesperadamente, a ele.

Segui para Lisboa com o meu ex- e fui calada durante o caminho todo, pois a nossa separação tinha uns sete meses e não conseguíamos exteriorizar o que nos ia na alma. Só me apetecia chorar....sentia remorsos por ter estado tanto tempo sem ir a Lisboa, sem lhe telefonar, sem a abraçar, sem lhe dizer o quanto a amava. Mas isto é o que acontece com todos nós, só avaliamos as pessoas quando as perdemos.

A minha Mâe foi, talvez, a pessoa mais importante que alguma vez conheci, embora o meu Pai fosse uma pessoa muito conhecida no mundo da medicina e na universidade. A minha
Mãe era única. E, em adolescente, só queria parecer-me com ela.

Com a minha Mãe aprendi tudo....ou quase tudo o que considero ser importante na minha vida. O ambiente na nossa casa era de liberdade e de alegria, dando valor a tudo o que acontecia, mesmo o mais insignificante. Não havia grandes dramas, embora houvesse birras e amuos, choros e invejinhas. Éramos oito, é natural que não fôssemos uns anjos!!
Lembro-me da minha Mãe me aconselhar em diversas ocasiões, mesmo já depois de casada, quando tinha de escrever alguma composição mais rebuscada para a escola, lia os meus poemas ( poucos) que nada valiam, levava-me sempre a sério, lia catadupas de livros, fazia tricot, bordados, crochet, passava a ferro maravilhosamente, tocava piano, dançava por vezes com o meu Pai, arranjava flores na perfeição, gostava de musicais ingleses, ouvia música clássica e chansons francesas, contava-nos histórias, adorava o mar como eu, embora não soubesse nadar, falava das suas viagens com o meu Pai e tudo fazia com prazer, como se não lhe custasse, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Agora, passados tantos anos, chego à conclusão de que foi essa a grande prenda que nos deu: todo o tempo do mundo.



quarta-feira, 30 de abril de 2014

Descontentamento genético

Raras vezes falo de políticas ou discuto as minhas opiniões sobre o que vai sucedendo a esse nível.

Hoje, porém, após ouvir a Ministra das Finanças e Co., congratulo-me com a abolição da CES, que me roubava cerca de 200 euros todos os meses. Nunca concordei com ela e sempre achei que obrigar os funcionários publicos que já trabalharam 37 anos a pagar uma taxa de solidariedade é um abuso. E já durou três anos, já foram milhares de euros para os cofres do Estado para solidariedade à nossa custa. Se quiser doar o meu dinheiro, dôo para quem eu quero e sei precisar desse dinheiro, mas não aceito a imposição deste tipo de imposto. Porque é um imposto camuflado.


Sobe o IVA, pois sobe, mas ainda há muitos produtos que são dispensáveis ou não essenciais: tabaco, bebidas alcoolicas, restaurantes, carros, obras em casa, alimentação luxuosa ( vejam os pratos que são divulgados no Facebook e nos programas de gastronomia), férias, hotéis, spas e cuidados de beleza, operações estéticas, etc.
Há muitos portugueses que vivem como se não houvesse austeridade. Os jovens continuam a ir aos concertos, jogos de futebol, festas e discotecas. Não se vê nenhuma contenção nesse capítulo. Nem sei onde vão buscar o dinheiro.

Pergunto-me muitas vezes como é que ainda há tanta gente a viver bem e a queixar-se constantemente das políticas do governo. O Facebook é um chorrilho de piadolas e comentários destrutivos, videos e cartoons sem gosto nem bom senso. Nunca há sugestões construtivas. É a política da negatividade. Muito prática para quem não governa.

A verdade é que o país tem dívidas….há que pagá-las. Por nós todos.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Dia Mundial da Dança


Nunca fui muito de assistir a espectáculos de dança só pela dança. Gosto da música mais do que das coreografias e sempre achei que , em Portugal, se dançava mal. Lembro-me de ver os Carmina Burana muito mal dançados pelo Ballet Gulbenkian em Lisboa. Os passos eram pesados e as bailarinas algo toscas.
Em contrapartida sempre gostei de filmes sobre dança, como o Isadora, que retrata a vida de Isadora Duncan, bailarina que introduziu coreografias libertas das regras clássicas que presidiam à maior parte das escolas de bailado e que tornavam a modalidade algo rígida e monótona. Também adorei o filme Pina, sobre Pina Bausch um dos melhores filmes que vi em toda a minha vida e cujo trailer podem ver aqui. 
Vi o Lago dos Cisnes no Coliseu de Lisboa e fiquei rendida à maravilha da sincronização de corpos e gestos ao sabor da maravilhosa música de Tchaikowsky. A história trágica dos dois amantes também contribuiu para esse encantamento.

Fico pasmada com a capacidade dos jovens - os meus netos inclusivé -  em gesticularem e mesmo praticarem a dança na rua, nas escolas, nos pátios e nos mais variados espectáculos de música que são transmitidos pela TV. Parece que já nascem dotados de uma apetência especial para dançar, o que não acontecia no nosso tempo, os nossos movimentos e gestos eram pautados por uma rigidez absoluta, havendo poucas pessoas que aceitassem a dança como uma catarse, uma maneira de fugir ao stress, uma libertação do corpo e do espírito. Felizmente hoje tudo se permite.

Amanhã vai haver um espectáculo de dança - com 150 bailarinos - na Avenida dos Aliados introduzindo a exposição Street Art Axa, no edifício AXA. Hoje será uma sessão de vídeos alusivo ao Dia da Dança.

Entretanto já se fizeram cartazes na estação do metropolitano dos Aliados, como se pode ver neste vídeo que aqui menciono, mas que não consegui introduzir.

http://youtu.be/vw39tJNuhsI


Viva a dança!





segunda-feira, 28 de abril de 2014

Soneto do amor e da morte - VASCO GRAÇA MOURA






soneto do amor e da morte

quando eu morrer murmura esta canção 
que escrevo para ti. quando eu morrer 
fica junto de mim, não queiras ver 
as aves pardas do anoitecer 
a revoar na minha solidão. 

quando eu morrer segura a minha mão, 
põe os olhos nos meus se puder ser, 
se inda neles a luz esmorecer, 
e diz do nosso amor como se não 

tivesse de acabar, sempre a doer, 
sempre a doer de tanta perfeição 
que ao deixar de bater-me o coração 
fique por nós o teu inda a bater, 
quando eu morrer segura a minha mão. 

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"