segunda-feira, 29 de abril de 2013

Tarde romântica

Ontem fui pela primeira vez ao Museu Romântico do Porto, um local do outro mundo, que pareceria mais adaptado a Sintra ou ao Buçaco do que ao coração desta cidade, ainda que nela, haja muitos mais recantos igualmente belos e preservados, como só encontrava dantes em Coimbra ou em Viseu.

O museu fica na denominada Rota do Romântico, um roteiro para os que buscam raizes do passado cultural romântico da cidade, dos tempos de Garrett e dos concertos senhoriais em salões de famílias nobres, que, às vezes, vemos recreados nas séries inglesas da BBC e também nalgumas portuguesas de época.

O caminho para lá é sinuoso com ruas estreitas e rampas de calçada a partir do Palácio de Cristal, onde o autocarro nos deixou.
Entra-se num mundo diferente, todo feito de musgo e muros de granito, casas antigas, árvores seculares, fontinhas e trepadeiras. Não fossem os malditos carros e estaríamos perante um cenário de filme da época. A tarde de sol pleno realçava mais ainda os contrastes e as sombras.
Locais como estes deveriam ser conservados como se de jóias se tratassem, pois são eles que nos fazem identificar esta cidade com o seu passado histórico, literário e cultural.
A vista da Ponte da Arrábida, muito embora mais recente, enquadra-se bem neste cenário em contra-luz, o rio Douro vestiu-se de prata, contornando as margens da cidade.
Fiquei ali uns minutos, extasiada, antes de entrar para o museu, onde ia decorrer o Recital da Pauta. As crianças que iam tocar já se encontravam lá dentro e ouviam-se instrumentos vários, numa cacofonia agradável, que não estragava o ambiente.



A sala lindíssima ostentava à frente um enorme espelho, 

que reflectia a audiência, enquanto os intérpretes vinham à vez tocar a sua peça em violino ou violoncelo acompanhados ao piano. O meu neto saiu-se muito bem, tocando o Concerto Húngaro de O. Rieding, uma peça menos conhecida , mas lindíssima, uma toada eslava com o seu ritmo de dança cigana.
Foi-me possivel  gravar tudo, sem interrupções, apesar dos meus dois netos mais novos estarem junto a mim, mexendo-se e deixando cair os programas ou bonecos que traziam na mão :))




Os jovens da Pauta tocam bem e , sobretudo, empolgam a plateia pela sua simplicidade, técnica , arrojo e no modo como enfrentam as famílias e amigos que aparecem sempre a apoiá-los em grande número.


No fim do concerto, ainda houve tempo para estar no jardim um pouco a admirar o fim da tarde sobre o Douro.


A minha filha e eu fomos depois jantar à Mascara na Foz e passeámos junto ao mar, enquanto o restaurante não abria. Estava frio, mas aquele passeio abriu-nos o apetite e a refeição soube-nos pela vida. Os meus netos foram para casa, pois hoje tinham colégio e ao domingo vai-se cedo para a cama:)

Já em casa ouvi mais de 4 vezes o vídeo que fiz. Enviei-o ao meu filho e aos Avós. É comovente ver uma criança de 9 anos tocar com tanto sentimento e técnica. Todo ele vibra com a música - desta vez húngara, cigana - e toca com sensibilidade dum adulto. Não sou uma Avó babada,  sou bastante crítica, mas verifico desde miúdo que ele é dotado para a Música, como o Pai e a Mãe.

Amei - como agora se diz - todos os minutos da tarde de ontem. Esta cidade é um espanto, cada vez gosto mais de cá viver e de descobrir as maravilhas que por aqui se escondem. Não chegariam os anos que me faltam viver para a conhecer toda. É uma cidade com património, com História, com identidade, patriótica e Invicta.    Houvesse muitas assim.....















7 comentários:

  1. Muito bonita, esta entrada do blog - também adorei a tarde de ontem! Beijoca, Carocheta :)

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  2. Vamos ter muitas assim.....se Deus quiser....temo o mundo todo para ver, minha filha!

    Bjinhos

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  3. Nunca tinha ouvido falar do Museu Romântico. Quem sabe se não o vou incluir também no roteiro da minha visita ao Porto :))

    Obrigada por estas informações preciosas.
    Beijinho
    Isabel

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  4. Há um forte elo da cidade do Porto ao Romantismo. Daí o chamado Caminho do Romântico, que inclui alguns monumentos nacionais e autárquicos, como o Museu Romantico, a Casa Tait, onde se realizam belíssimas exposições e as próprias ruas com vista para o Douro e jardins do Palácio de Cristal. Vale a pena andar por aqui, até porque fica mesmo no centro.

    Bjinho

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  5. Gosto muito da ideia de uma "Rota do Romantismo" no sentido artístico da coisa, claro. Embora nunca enjeite outros sentidos mais explícitos ou mais subliminares :))

    Parabéns pelo seu neto (música húngara é sempre uma festa) e pela entrada em cena de um diálogo delicioso aqui em cima entre uma mãe e uma filha que se adoram...

    Bjos,

    (tem comentário meu abaixo...)

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  6. Já fiz a rota do romântico de que gostei muito e visitei o museu romântico e a casa Tait. Recantos maravilhosos para acolher um concerto de pequenos músicos. Deve ter sido uma delícia ouvir o seu neto tocar violino em meio de tanta beleza.
    Parabéns pelo seu neto, o seu post, as suas fotografias.

    Um beijo.

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  7. Eu mandava-lhe o video que fiz, mas não sei se a Graciete está interessada em ouvir. Leva um bocadinho a descarregar e depois é só ouvir. Quer?

    Realmente o local é ideal e a plateia estava bem composta, só faltava os meninos estarem vestido à belle époque:))

    Bom feriado.
    Bjo

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