quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Moliére de bicicleta

Tenho uma afeição especial por Moliére e pela Comédie Française, que vi inúmeras vezes em Lisboa no tempo em que no Tivoli se realizava  a saison de teatro francês com peças regulares representadas pelos melhores actores franceses. Vi Daniel Gelin, por exemplo, actuando numa peça de J.P Sartre, La P Respectueuse ou em Huis-Clos, que nunca mais esquecerei. Comprávamos os bilhetes de 2º balcão por serem mais baratos, mas mesmo assim percebíamos tudo ( ou quase tudo) e víamos teatro bom.

Há anos, o meu filho que viveu em Munique durante cinco anos e que actuava no Sommertheater no Jardim Inglês durante todo o mês de Julho, representou o papel de Tartuffe, na peça do mesmo nome de Moliére. Embora fosse numa adaptação (espantosa) em alemão, consegui  sempre compreender a argúcia e o humor negro do grande dramaturgo francês e vi a peça nos três dias que passei em Munique.

O meu filho fazia o papel da vida dele e o grupo era ovacionado sempre de pé por uma audiência, que picnicava no grande anfiteatro ao ar livre até o sol se pôr, começando a peça ao anoitecer. Era uma experiência inolvidável que se repetiu durante os cinco anos em que ele lá viveu.
Não se pagava bilhete, ia quem queria, as peças tinham um êxito brutal. Moliére , segundo julgo, foi representado três vezes, para além de Shakespeare e outros tantos. Para o meu filho era uma experiência extraordinária, dado que sempre gostou de representar e fazia-o regularmente no Colégio Alemão. Para além do gozo que lhe dava, também o convívio com pessoas excepcionais foi relevante na sua passagem por Munique.

Hoje fui ver um filme - quase peça de teatro - que recomendo a quem gosta de filmes franceses e sobretudo da língua francesa. É um prazer ouvir dois grandes actores à vez a degladiarem-se no teatro como na vida, ensaiando para uma possível récita em comum, mas destilando o seu desprezo um pelo outro subrepticiamente, tal como na peça O Misantropo, que vão levar à cena.

O filme é talvez um pouco lento, mas a música é excelente e a paisagem da Ilha de Ré fabulosa.


Há muito tempo que não ouvia tão bom francês…voltei aos meus tempos de estudante de Letras….e foi bom. Na sala só estávamos nós duas, a minha filha e eu.

Fica aqui uma canção que surge no filme e que me recordou os belos tempos da chanson française e da canzone italiana dos meus vinte anos.


2 comentários:

  1. Obrigada, Graciete. Fez.me chorar quando a ouvi no filme. dansei-a muitas vezes com o meu ex- em 1965 quando saiu.

    Bjo

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