segunda-feira, 12 de maio de 2014

Esculturas no botânico


Hoje resolvi ir ao meu jardim, que tenho abandonado um pouco este ano, talvez porque uma parte está em obras e não conseguimos andar à vontade por todas as áleas. Custa-me ver as sebes protectoras que nos proibem de ir a certos sítios, onde há anos, disfruto das árvores, dos arbustos e das centenas de flores de rodondendro, dum rosa quase irreal.

Mesmo assim, o jardim estava estava lindíssimo
com as árvores frondosas cheias de flores e frutos, os cactos lançando as suas flores peculiares, os aloés sobressaindo no meio do cascalho. O jardim de cactos enorme  lembra-me o faroeste e as histórias de banda desenhada, mas não é o meu local favorito.Adoro a parte debaixo, mais sombria.... o mistério dos troncos seculares....

Infelizmente o meu jacarandá já tinha dado flor e já estava verde....não sei como floriu sem que eu desse por ela. Adoro aquela imagem lilás rendilhada no fundo do jardim...este ano não a vi.

Os nenúfares também já têm flor, parecem umas carinhas de crianças rosadas no meio da floresta de folhas carnudas e bem verdes que quase as afogam. São perfeitas e tão simples, não me admira que Monet se apaixonasse por elas e as pintasse de todas as cores.

As rosas também estão em pleno desabrochar, de todas as cores, muito altivas e cheirosas. Só gosto delas em botão quando ainda não têm pétalas murchas, mas isso dura dois dias, se tanto...


Há, presentemente, uma exposição de esculturas originais, uns animais muito esguios e patuscos, que estão pousados nas zonas mais diversas do jardim. As crianças devem achar graça a estas figurinhas que surgem quando menos se espera: garças, sapos, crocodilos, aranhas, avestruzes, pássaros alados, cavalos, etc. andam por ali, salpicando a paisagem. Interessante!
Faz-me falta o café japonês que fechou por causa das obras. Era muito agradável sentar ali a tomar um chá de frutos tropicais e a comer um brownie de chá verde....tudo o que é bom acaba!! Sentei-me no banco de azulejo com a minha filha, ela ficou lá a meditar e eu vim sozinha para casa. Se não fosse o barulhos dos carros da VCI, este local era o paraíso.


Fica aqui um curto texto de Sophia para recordar aquela que foi a grande amante deste jardim no tempo em que se via o mar dali e não havia carros, nem poluição e os pássaros conseguiam fazer-se ouvir....

Será que ela nos vê quando admiramos as flores do seu jardim?


" Não era propriamente à casa da minha Avó que eu ia, mas à quinta que a rodeava, os maravilhosos jardins, as rosas, os buxos e as camélias, as glicíneas e os muguets - ...as suas penumbras verdes na primavera e no verão, a luz doirada do outono, e o chão juncado de folhas, o cheiro intenso e húmido da terra, do lago e dos musgos, ... tudo isso era para mim um mundo inesgotável de contínuas descobertas."
....

" Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas."

Memórias de Sophia ( Revista Ler)



4 comentários:

  1. Também gostei muito do passeio e o texto faz-lhe jus! Obrigada pela foto! Beijoca, Carocheta :)

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  2. Tu ficas a matar naquele ( nosso) jardim. Tem tudo a ver contigo! Bjoca.

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  3. Texto lindíssimo e belas fotografias que nos estão mesmo a convidar a passar por lá
    Um beijo para si e outro para a Luísa, cuja fotografia valoriza muito aquele espaço.

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  4. Obrigada Graciete. Não sabe o prazer que é ler os seus comentários e saber que está bem.
    Um beijinho afectuoso.

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