domingo, 7 de junho de 2015

Maria Altmann

Há quem acredite que os sobreviventes do Holocausto são todos eles judeus arrogantes, sequiosos de vingança, traumatizados e incapazes de aceitar os factos da História.
O mesmo se pensa dos herdeiros dos "Nazis", que vivem sob o estigma dos seus avós ou familiares e do Holocausto.

O tempo não faz nem deve fazer esquecer, mas em muitos casos limpa os fantasmas e permite que as pessoas refaçam as suas vidas com dignidade e mais amor.

Tenho passado estes dias, desde que vi/li a fabulosa história de Maria Altmann em Mulher de Ouro, a extasiar-me perante esta personalidade tão carismática.

Maria Altmann perdeu tudo aos 22 anos, pouco tempo depois de casar; foi obrigada a largar os Pais e a sua Viena, fugir na calada da noite para Colónia, Amsterdão até Liverpool. Aí instalada com o seu marido durante 2 anos, foram obrigados a partir novamente quando a Inglaterra decretou que os cidadãos alemães ou austríacos não podiam residir no país, nem como refugiados. O casal conseguiu viajar até aos EU, onde viveram quase sem nada durante meses.

Mais tarde graças ao espírito empreendedor do seu cunhado Bernard abriram um fábrica de lanifícios semelhantes às que os Nazis lhe tinham confiscado na Europa com predominância para as roupas em cachemira, cuja marca Bernard Altmann foi uma das mais prestigiadas no mundo da moda nos anos 50-60. O meu Pai teve uma camisola desta marca, linda e macia como nenhuma.

Vi vários documentários que aqui vos deixo onde se pode descobrir esta Mulher, inegualável, com uma  doçura, classe e distinção acima de qualquer descrição.
É um prazer ouvi-la durante mais de uma hora a ser entrevistada por uma jovem da família Rotschild ou ver factos reais sobre a sua luta para recuperar os quadros de Klimt, roubados à família em 1938. O inglês é muito claro e pausado.




Entretanto através do Kindle adquiri  também um livro publicado há três anos The Accidental Caregiver- How I met, loved and Lost Legendary Holocaust Refugee Maria Altmann, escrito por Gregor Collins, um actor no desemprego, que aceitou o lugar de assistente e "caregiver" em sua casa nos três últimos anos de vida.  Maria faleceu com 94 anos em Los Angeles.

O livro escrito sob a forma de diário é fascinante e com um sentido de humor encantador.

Ainda há tanto por descobrir....


13 comentários:

  1. Primagininhamiga

    Concordo contigo: há megatoneladas de coisas por descobrir. A começar por nós próprios. Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.diz uma inscrição que já lemos (a tua prima Raquel e eu acompanhados pelo nosso condutor/guia Georgios Elefteris) no oráculo de Delfos, atribuída aos Sete Sábios (. 650 a.C.- 550 a.C.)

    O que o Homem descobriu até hoje é impressionante. Mas, desde o começo deste século justamente até hoje é mais do que impressionante - é incrível; mas, vem acontecendo....

    Maria Altmann representa a mulher que fugiu à morte que lhe fora destinada apenas por ser judia. Sobreviveu, porém, e foi uma Senhora (com caixa alta) até à morte. Gostei muito do que escreveste e também gostaria que fizesses umas linhas sobre o meu Crónicas das minhas teclas Se o quiseres fazer - desde já agradeço

    Bjs da Raquel e qjs do

    Pernoca Marota


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  2. Não me ofereço para o fazer pois vou de férias para a Praia da Luz até 15 de Julho com aminha filha e depois com os netos quando eles regressarem dos EU. Em Julho falamos, OK?
    Obrigada pelo comentário que adorei. Bjinhos à Raquel.

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  3. Virginia, deixa aqui informação preciosa que complementa o que vi no filme, que adorei. Amanhã, vou ver os vídeos com atenção sobre essa mulher tão especial cm uma história e atitude tão marcantes.
    Um beijinho e obrigada pela partilha :)

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  4. Vai ver Miss :) que fica apaixonada por esta história tão real e ao mesmo tempo tão positiva. O que mais me encanta é que é uma vitória sobre o despotismo, o ódio, o racismo, a discriminação, a violência. Faz-se justiça. O que é sempre maravilhoso....

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  5. Gostei.
    Uma delícia estes posts.
    Tenha uma óptima semana.

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  6. Ainda bem....é para isso que se escreve num blogue. O feedback é mesmo importante mesmo que seja negativo. Boa semana!

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    1. Li hoje, algures , o seu comentário, onde fiquei deveras agradado , pela sua referência relativamente ao ego dos bloguistas, e raramente assumido pelos ditos.
      " Aliás, os blogues são sempre um pouco narcísicos".

      -Na minha opinião, acho que na esmagadora maioria, são MUITO o espelho narcisista do autor.

      P.S. - é óbvio , toda a regra contém excepções.

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    2. O que escrevi nesse blogue é o que penso com toda a sinceridade, incluindo-me nos bloguistas que critico. O problema é quando os leitores se incensam e bajulam e não admitem opiniões contrárias, aí chega-me a mostarda ao nariz.

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  7. Completamente de acordo.
    Muitos não admitem o contraditório, e aplicam pura e simplesmente a castração do comentário, não o publicando.
    Como nunca fui( nem serei) um lambe-botas, pode ter a certeza, que manifestaria a minha discordância consigo, quando se justificar.
    Desculpe a minha sinceridade, mas é este o meu raciocínio, relativamente ao modo que entendo correcto de interagir na blogosfera.

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  8. errata: onde lê..manifestaria , deve ler...manifestarei.



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  9. Não sei quem é,Anonimu, mas já deu para ver que é um leitor atento e crítico. Continue assim.

    Só apaguei duas vezes comentários que me insultavam, de resto nunca tive de moderar este blogue e já o tenho desde 2009. Um primeiro que teve problemas técnicos e este que abri em 2013. Gosto de escrever sobre o que vejo, leio ou sinto, mas nunca copio simplesmente os blogues alheios, só escrevo sobre a minha experiência do dia-a- dia, às vezes mais inspirada, outras menos. Em breve irei para mais longe, mas espero continuar a escrever. Cumprimentos.

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  10. Virgínia, a sua descrição sobre o filme tem pormenores que não me apercebi quando o vi. Que interessante! Também não sabia , antes de assistir o filme, que a história era baseada em factos reais. O quadro "roubado" não me era desconhecido, já o vi em réplicas e em exposições ou em livros, mas desconhecia de todo o seu significado...Veja lá se não se está sempre a aprender seja através de cinema ou outros meios, como aqui neste blog, por exemplo!

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  11. Eu tb aprendo muitas coisas na Internet e é o que mais me atrai nela. Estes grupos de fotografia trazem-me sempre fotos novas do Porto e não só e quando vejo um filme pesquiso tudo depois de o ver. Detesto é saber a história toda antes, de modo que vou sempre nos dias de estreia!!
    Esta senhora era fascinante. O livro que estou a ler sobre as suas relações com o acompanhante na velhice trouxeram-me a imagem da minha Avó que era uma pessoa no género, da mesma geração, com uma doçura e uma coragem acima da média. Este ano já vi vários filmes baseado na vida real que adorei.
    Beijinho

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