quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Tempo de aguarelas




Ando em maré de aguarelas...

Ontem fiz esta num intervalo entre o hospital e a vinda dos netos.  Emoldurada em madeira castanha ficou bonita.

É uma lufada de ar fresco, aquela Natureza com que sonho no meio da cidade onde vivo.



Hoje fiz esta que é mais abstracta:




E continuo apaixonada pelos versos de Alberto Caeiro:



Ao entardecer, debruçado pela janela, 
E sabendo de soslaio que há campos em frente, 
Leio até me arderem os olhos 
O livro de Cesário Verde. 

Que pena que tenho dele! 
Ele era um camponês 
Que andava preso em liberdade pela cidade. 
Mas o modo como olhava para as casas, 
E o modo como reparava nas ruas, 
E a maneira como dava pelas coisas, 
É o de quem olha para árvores, 
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando 
E anda a reparar nas flores que há pelos campos... 
Por isso ele tinha aquela grande tristeza 
Que ele nunca disse bem que tinha, 
Mas andava na cidade como quem anda no campo 
É triste como esmagar flores em livros 
E pôr plantas em jarros...

Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos - III

4 comentários:

  1. A natureza não é para ser explicada, mas para ser sentida e descoberta - através dos sentidos e da simplicidade do olhar. As suas bonitas aguarelas apresentam a essencialidade de quem sabe estar na natureza - as impressões e as sensações de quem sabe ver um bocadinho de campo na cidade.

    Um beijinho e a continuação de bons passeios :)

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  2. Obrigada, Miss.

    Até que enfim que alguém passa por aqui. Já pensei em fechar o blogue ao público para não ficar triste de não haver comentários, nem bons , nem maus. Mas há muita gente que passa por aqui!!
    Bjinho

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  3. Não feche o blogue, está muito bem.
    Saúde e um abraço.

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    1. Hoje com o FB ninguém se dá ao trabalho de comentar blogues, mas um pouco de feedback é agradável...obrigada pelo seu encorajamento. Venha sempre.

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