segunda-feira, 7 de março de 2016

Santa Catarina, Majestic e Co.

Hoje dediquei-me a fazer turismo em Santa Catarina, uma das ruas mais carismáticas da Baixa, onde fica o celebérrimo Majestic. 

O dia estava propício para a fotografia, com nuvens negras a ameaçar chuva, mas boas abertas pelo meio.
Quando cheguei ao Café, onde queria ir ver a Exposição Bússola de Fino, a sala estava a abarrotar de turistas, mas lá consegui tirar umas fotos e dirigir-me à galeria em baixo, onde estavam os quadros expostos.
Não havia ninguém a visitá-la de modo que tirei umas fotos para depois em casa poder apreciá-los melhor. A princípio pareceram-me um pouco berrantes, com cores muito vivas e pouco condizentes com o Porto que pretendem retratar. Não desgostei de dois ou três, talvez pela sua originalidade, mas não são o tipo de pintura que mais aprecio.

O pintor é conhecido no mundo das Artes performativas e a sua biografia pode-se ver no folheto distribuído. Também tem na sua página de facebook
https://www.facebook.com/finoartista/?fref=ts com vídeos e referências à sua obra mais recente.

Fiquei extasiada com o prédio restaurado na Rua Passos Manuel. É uma obra-prima, lindo de morrer. Como este há dezenas que passam despercebidos porque degradados.


 Aproveitei para ir à Fnac tomar uma meia de leite e comer uma quiche. Estava lá uma exposição de fotografia, que me fez sorrir. Penso que faria bem melhor, se pusesse as minhas fotos em caixilhos daqueles....

Ando com vontade de comprar um i'Phone 6, mas não me deixei convencer pelos que vi. No fundo é um iPad mais pequeno e com funções de telefone....nada de especial.

No C&A, deixei-me tentar por umas calças modernas e uma túnica leve, já há muito que não comprava nada para vestir...

Vim de autocarro para casa e não choveu. Ando com sorte. Ainda tirei algumas fotos a prédios interessantes durante o percurso, que já conheço de gingeira, não sei quantas vezes passei por aquelas ruas, nas minhas idas à Porto editora, nos tempos em que se trabalhava nos escritório e não via email!

Vou passar a sair todos os dias. Hoje falei com o médico e ele não me deixa ir para a piscina, para grande desgosto meu, mas mandou-me fazer caminhadas...  só se for em museus, shoppings ou igrejas, pois com este tempo não me aventuro a ir para o parque...volta e meia cai uma saraivada nada poética!!

Andar pela cidade assim sozinha, dá-me ânimo, lembro-me do tempo em que percorria a Baixa sempre que me encontrava deprimida...


domingo, 6 de março de 2016

Cavaleiro de Copas



Transcrevo  um excerto da crítica de um leitor do cinecartaz do Público. Assenta que nem uma luva no filme (?) que fui ver na 5ª feira e do qual saí 15m depois do início. Há muito que isso não acontecia.

O sono levou a melhor sobre o sonho de Mallick. Para meu desgosto...

Basicamente o filme resume-se a duas horas de uma câmara a ziguezaguear ( até à exaustão) em redor de um Christian Bale em modo zombie ( com este a debitar pouco mais de 10 palavras uma ve que quase tudo - soundbites pseudofilosóficos fragmentados, debitados após longos períodos contemplativos sem um objectivo palpável é narrado em voz off).
Malick parece dar cada vez mais importância à imagem ( embora, até neste aspecto esta obra deixe muito a desejar, pois para alem de serem Poucos os movimentos em que consegue arebatar-nos visualmente, não há paciência para tantos planos quase exclusivamente constituídos por multidões, tráfego em circulação, cidades vazias, prédios urbanos filmados de todos os ângulos possíveis e imaginários) em detrimento da narrativa, que poderá ser caracterizada ( se é que há definição para tanto onirismo e abstracção introspectiva) como uma simples mescla de ideias existencialsitas subjectivas sem substância e não aprofundadas.
Como acredito no Deus Malick, fico ansiosamente a aguardar pelo seu retorno das cinzas qual fenix renascida ( afial aquele que realizaou  A Barreira Ivisível - o melhor filme de guerra de sempre, taco a taco com Platoon - bem como a genial Árvore da Vida, Não pode ter desaprendido como se faz).

Publicada a 05-03-2016 por JOSÉ MIGUEL COSTA  

sexta-feira, 4 de março de 2016

Descobrindo os clássicos

Há uns dias que me dedico à descoberta dos meus compositores favoritos.

É uma experiência nova para mim, que, em geral, oiço música a toda a hora - dos CDs, do Spotify, do Mezzo ou do Youtube sem palavras ( quanto menos melhor) e, às vezes, sem ligar muito às imagens. Fecho os olhos e deixo-me impregnar de sons, respirando as notas, a harmonia, a espiritualidade da melodia ou a paixão, o entusiasmo e a pujança dos instrumentos em conjunto ou a solo.

Gosto de piano, mas também adoro o violino desde que o meu neto começou a tocar, aprecio a música de câmara bem tocada, os grandes coros, a música coral sinfónica, a orquestral, tudo. Só não sou grande apreciadora de ópera no seu todo, ainda que por vezes oiça uma ou outra do princípio ao fim. Também não aprecio canções, embora as cantasse num coro da faculdade quando era jovem.


Esta semana, comecei por ver um vídeo de 2 horas sobre Beethoven. Embora já tivesse lido biografias do compositor, havia muitos pormenores da sua vida que desconhecia. Ouvir falar da sua vida, ver imagens dos locais por onde passou, acompanhadas de pedaços da sua obra, foi uma experiência lindíssima. Se fosse professora de música, usaria este vídeo nas aulas para incentivar os alunos a gostar  de música clássica.

Ontem dediquei-me a Mozart. Tinha a lareira acesa e ia desfrutando da mesma ao som do mais jovem e mais prolixo compositor do sec XVIII. A sua vida foi efabulada no filme Amadeus, mas grande parte do filme é pura ficção, ainda que uma obra-prima cinematográfica.
Mozart permanece na nossa memória como um enfant terrible, mas a sua maturidade era gigantesca. Aos 35 anos já tinha composto mais do que muitos outros aos 60. A variedade da sua obra é inacreditável, o percurso infindável, a produção magnífica. Ao ouvir o Requiem, senti que Mozart estava efectivamente a morrer ali ao meu lado...

Hoje tenho estado a ver um outro vídeo, desta feita sobre Bach, talvez aquele que mais aprecio agora e sobre o qual menos sei. O apresentador deste vídeo é, para mim, o seu melhor intérprete em termos de direcção de orquestra, John Eliot Gardiner, que ouvi aqui na Casa da Música por duas vezes. O inglês é perfeito, as imagens maravilhosas, a descoberta do homem por detrás da obra, uma aventura. Bach foi sem dúvida um intérprete divino na Terra. A sua musica transporta-nos para um lugar celestial.

Ficam aqui referências aos três vídeos assim como uma citação de cada um dos grandes compositores que tenho tido a sorte de ouvir quase desde que me conheço.

Ainda não se levantaram as barreiras que digam ao gênio: Daqui não

 passarás!”  - Beethoven





Não consigo escrever poesia: não sou poeta. Não consigo dispor as palavras 


com tal arte que elas reflitam as sombras e a luz, não sou pintor...Mas consigo


 fazer tudo isso com a música... - Mozart






O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro


 além da glória de Deus e a renovação da alma. -  J.S. Bach

terça-feira, 1 de março de 2016

Na margem

Passear nas margens do Douro é um prazer para a vista.

Olhar o rio do cimo dum autocarro ainda mais...distinguem-se formas, vultos, barcos, árvores, crianças, tudo em contra-luz no fundo azul das águas mansas.

Esta sequência de fotos diz tudo.











segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Viagem ao centro do Porto

Como ontem narrei, viajei pela cidade Invicta como se fosse uma turista de máquina a tiracolo. Só não usei os auriculares, pois conheço muitíssimo bem a cidade e prefiro olhar para ela sem ouvir explicações. Foram muitos anos a andar a pé ou de autocarro, é a melhor maneira de se conhecer uma cidade.

O passeio começou no Castelo do Queijo e dirigimo-nos pela avenida da Boavista acima.

É uma avenida enorme, com pedaços lindíssimos, outros para esquecer, pecados cometidos ao longos dos anos, em que só a ganância de alguns vingou. A VCI cortou a avenida ao meio com todos os inconvenientes, poluição barulho e terrenos ao abandono.


O parque da Cidade e as casas em frente que já datam de séculos passados relembram os belos tempos em que a Invicta era uma cidade rica, próspera e cosmopolita. Infelizmente, na segunda metade do seculo XX, os terrenos para cá da Rotunda passaram a ser para mera especulação e a construções de alguns prédios é aberrante, cocofonante, dá uma imagem de desmazelo até dizer basta. Há prédios interessantes pelo meio, mas na sua maioria, não condizem com o resto da paisagem e chocam qualquer turista que passe por aquelas zonas.

Depois da Rotunda, o autocarro desviou pela Rua da Boavista
para passar na Igrejinha de Cedofeita, um bijou no meio do jardinzito que a rodeia. Vale a pena ver esta pérola que nos foi deixada no sec XII. Entramos então na parte mais antiga da cidade.







Seguimos em direcção à Baixa por ruas com patine, algumas com casas antigas e fachadas lindas, mas num estado de conservação duvidosa.
Em contrapartida a zona da Estação de S. Bento - a mais linda de Portugal - está em franca recuperação, com quarteirões de postal ilustrado que apetece fotografar de todo os ângulos.

A Lei das rendas não ajuda a recuperar edifícios antigos, que se vão degradando dum modo irreversível. Mesmo assim, não se pode deixar de admirar as varandas de ferro, a harmonia das janelas e portas, o desenho arquitectónico de muitos prédios. Alguns lembram Paris.

Se houvesse dinheiro e fossem restaurados ( como em Praga ou Munique), esta cidade poderia ser lindíssima. Tirei várias fotos de janelas, onde, em tempos, as donzelas espreitavam os seus namorados ou conversavam do alto dos balcões.

Não consigo imaginar o que seria a vida nessa altura, mesmo em Lisboa, vivi sempre fora do centro a cidade, mas penso que o Porto seria uma cidade com vida comunitária activa e muita mistura de gentes, ricas e pobres em bairros comuns, com ilhas no meio de casas senhoriais. Ouvi vezes sem conta o meu ex-marido e a minha sogra relatarem histórias de bairro. O meu ex- dava-se com gente de toda a espécie e ainda hoje é amigo dum mestre de obras que andou na escola com ele.

Toda a Baixa do Porto está a ser recuperada, mas as obras levam séculos e cada prédio contrasta violentamente com o seguinte...

Felizmente a zona da Sé é sempre bonita, sobretudo a contra-luz. Não saímos, mas apetecia.

Amanhã voltarei ao tema....o Porto sem o Douro não é Porto...e o Douro ao fim da tarde é um poema.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Turista acidental na Invicta




Hoje resolvi ver a cidade que me adoptou com olhos de turista acidental.

Tirei 230 fotos a esta cidade. Das 12 às 17. Quase non-stop.



A visita começou com um almoço na Cufra com a minha filha: posta de vitela na pedra com esparregado e batata a murro. Era tanta que ainda trouxémos para o jantar. O restaurante estava semi cheio, o que é raro. Num instante se encheu de famílias e pequenada ruidosa, já nós nos vínhamos embora. 
A praia estava um espanto, lá fora um ventinho gelado - 8º no ar - a lembrar Leeds no inverno, a mesma luz do sol por entre nuvens negras, suspeita de chuva que não chegou a cair, e o mar calmo, mas belo, como prata polida em dia de festa. Uma luz que aliciaria qualquer fotógrafo...e eu não resisti.

Na praia, viam-se surfistas, crianças e cães atrás dos donos, pessoas sentadas em meditação, grupos a tomar café nas esplanadas, miúdos correndo em liberdade. 

Pergunto-me muitas vezes se o verdadeiro Éden não seria um areal imenso rodeado dum mar benfazejo a beijá-lo, e não aquele jardim piroso com árvores plastificadas das gravuras. Adão e Eva andariam a correr nús pela areia e o fruto proibido seria banharem-se nas ondas cálidas do paraíso. Mas basta de blasfémia!

Viémos a pé até ao Castelo do Queijo que, como sempre, oferecia uma imagem de solidez, as suas ameias em contra-luz no meio das praias.

A nossa ideia era apanhar o autocarro para casa - o 200 - que passa mesmo em frente na Rua do Campo Alegre.

Mas a volta foi outra completamente diferente.
Parou mesmo à nossa frente um autocarro amarelo de turismo, com o andar de cima aberto e num segundo, olhei para a minha filha e ambas dissémos: Vamos?!

Estava fresco, mas subimos para o andar descapotável, donde se desfruta plenamente do panorama. E sem dar por ela, demos uma volta inteira ao Porto e a Matosinhos em 2 horas. Sem sair do autocarro.

A descrição do que eu vi - a cidade inteira -  e fotografei não cabe nesta entrada.

Ficará para a próxima...

sábado, 27 de fevereiro de 2016

O inverno do nosso contentamento


Há cambiantes de luz e cor no inverno que nunca vemos em mais nenhuma estação do ano.

Desde que mudei para o Campo Alegre, aprendi a conhecer melhor as características de cada uma delas, observando a Natureza à minha volta com olhos de lince. É como se estivesse no campo a sério, onde as estações são importantes e tudo gira à volta delas.

O Botânico nesta altura é esquálido comparado com a Primavera ou o Verão.

 Parece que está tudo letárgico e adormecido. Os lagos são sarcófagos de nenúfares e nem sequer se vêem as folhas que depois emergem e produzem as maravilhosas flores rosadas. Neste momento, não se vislumbra qualquer sinal de vida, a não ser a dos papiros, que parecem abandonados no meio do lago.

Em contrapartida, os reflexos do céu, das árvores e plantas à volta tomam relevo na água e os efeitos são abstractos, lindos, misteriosos. Se tirar dez fotos no mesmo local, todas as fotos são diferentes. A brisa altera tudo em segundos.

Os troncos das árvores envelhecidas estão cobertos de líquenes verde-claro, amontoando-se em forma de flor ou em círculos. Os mais esguios erguem-se rendilhados
à espera do sol que lhes trará os brotos e as folhas daqui a uns meses.

O Botânico é lindo no inverno, cheio de luz, com contrastes, sombras e vozes misteriosas....

“A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós – os humanos – não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queríamos?”
Khalil Gibran



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Beethoven e Sokolov

Quando se juntam, esquecemos tudo o que nos possa embaciar o espírito. Sublime!



Bom fim de semana, Amigos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Praia de Ofir

Elle est retrouvée.

Quoi ? - L'Eternité.


C'est la mer allée


Avec le soleil.


Rimbaud

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Music saved my life

A RTP3 transmitiu um documentário na 4ª feira, dia 17, às 20 horas,  " The Lady in number 6 ", que deveria ser visto por todos. Foca a história de vida de Alice Herz-Sommer, a mais idosa sobrevivente do holocausto conhecida. O documentário em questão ganhou o Óscar para melhor curta metragem em 2014.

Alice faleceu em 2014 com 110 anos e até lá viveu sozinha em Londres num apartamento pequeno, onde muitas pessoas se reuniam para a ouvir tocar piano ou para conversar com ela e conhecer a sua vida.

Encontrei no Youtube vários excertos de entrevistas que são em si mesmas um testemunho extraordinário do que a Música pode representar para uma pessoa em situações extremas.

A Música era Deus para Alice, enquanto ela pudesse tocar sobreviveria.

Estou a ler a sua biografia que comprei através do Kindle - já li 55% num dia - e é fascinante, inspirador. Recomendo a todos, está traduzido em português como podem ver na foto abaixo.


 “I felt that this is the only thing which helps me to have hope … it’s a sort of religion actually. Music is … is God. In difficult times you feel it, especially when you are suffering.” When asked by German journalists if she hated Germans, she replied: “I never hate, and I will never hate. Hatred brings only hatred.”




“I have lived through many wars and have lost everything many times — including my husband, my mother and my beloved son. Yet, life is beautiful, and I have so much to learn and enjoy. I have no space nor time for pessimism and hate.”