segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A walk in the park

Os ingleses usam esta expressão para denominar uma tarefa fácil, que não exige demasiado saber, nem experiência, algo que se faz com gosto...


Um passeio no parque da Cidade é uma destas tarefas, nem chega a ser encargo ou trabalho, vai-se por puro prazer, pela necessidade de conjugar o nosso tempo de cidade, submetidos a toda a espécie de opressões poluentes para os olhos, pulmões e ouvidos, com  o tempo na Natureza quase virgem, simples, bela e sem sofisticações. Os britânicos sabem bem o que significa essa harmonia cidade-campo e foi na Inglaterra que vi um parque enorme pela primeira vez, percorrendo a cidade desde os Kensington Gardens até ao Hyde Park Corner ou ao Marble Arch, horas a passear e a apreciar o ar puro e a vista alargada dos espaços verdes. Também em Munique, a cidade mais harmoniosa que conheço, existe o maior parque da Europa, o Englischer Garten, lindo no verão com os seus rios e lagos, mágico no inverno, branco e puro, quilómetros de terra só para nosso gozo ao fim do dia...

O Porto tem muitos espaços verdes no meio dos prédios antigos, há plantas que crescem por entre os muros, em locais incríveis, morros que perduram, apesar do amor ao cimento e ao betão que grassou nas últimas décadas do sec XX. Há pedacinhos na cidade que me fazem lembrar vilas rurais, com hortas e couves, árvores de fruto e plantas naturais, o trevo, a hera e o musgo.

Mas à medida que a cidade crescia, menos espaços verdes sobravam, os grandes prédios começaram a invadir os locais até então ocupados por quintas - como esta do Campo Alegre, que em boa hora cederam à Universidade do Porto - e o centro da cidade passou a ser mais um foco anti-natural, poluidor, feio e triste...

Foi no fim de século XX que se concretizou este sonho: a construção dum parque enorme, dádiva que os portuenses mereciam e ambicionavam há muito, ainda que a orla de mar fosse já uma pérola da cidade, a não desdenhar.


Fica aqui uma curta sinopse da génese deste maravilhoso local, que aqui homenageio.

O Parque da Cidade é o maior parque urbano do país, com uma superfície de 83 hectares de áreas verdes naturalizadas que se estendem até ao Oceano Atlântico, conferindo-lhe este facto, uma particularidade rara a nível mundial.

Previsto no Plano de Urbanização do Arquitecto Robert Auzelle nos anos 60, foi projectado pelo arquitecto paisagista Sidónio Pardal, tendo sido inaugurado em 1993 (1ª fase) e finalizado em 2002, com a construção da Frente Marítima.
Na sua concepção paisagística utilizam-se muitas das técnicas tradicionais da construção rural, o que confere ao parque uma expressão intemporal, naturalista e uma estrutura com grande poder de sobrevivência.


A presença da pedra proveniente de demolições de edifícios e de outras estruturas, assume uma característica preponderante deste parque, onde a construção de muros de suporte de terras, estadias, charcos drenantes para a retenção de águas das chuvas, descarregadores de superfície dos lagos, tanques, abrigos, bordaduras de caminhos e pavimentos, criam uma ideia rural e campestre.
Em 2000, foi seleccionado pela Ordem dos Engenheiros com uma das “100 obras mais notáveis construídas do século XX em Portugal”.

Fauna e Flora



Ao vaguearmos pelo Parque é possível observarmos e desfrutarmos de uma vasta diversidade da fauna existente, que ao longo dos anos se tem vindo a crescer e a fixar de forma natural, (por exemplo: patos bravos, cisnes, gansos, galinhas de água, peixes, sapos, rãs, coelhos vários repteis, etc.) Actualmente, este espaço é palco de vários percursos migratórios de aves, das quais se destaca a garça.
A flora do Parque é rica e diversificada, estando limitada pela proximidade do mar. Existem 74 espécies arbóreas, 42 espécies arbustivas, 15 espécies de árvores de fruto e 10 espécies aquáticas, num total de várias dezenas de milhares de exemplares.

Câmara Municipal do Porto

2 comentários:

  1. A última, das espigas, dava uma boa foto de cabeçalho...
    linda!

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  2. Mário: como vê, aceitei o repto....e realmente fica bem. Mande sempre;-)

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