quinta-feira, 16 de maio de 2013

A leitura dos "clássicos"

Tenho andado em picardias com a autora do blogue Isto e Aquilo, Isabel Mouzinho, por causa dum artigo de Vasco Graça Moura  sobre a leitura dos clássicos nas Escolas e a necessidade imperiosa de manter a sua obrigatoriedade para que os alunos aprendam a ler, a falar e a escrever correctamente.
Embora tenha sido uma leitora compulsiva até aos meus 17 anos - não havia dia em que não lesse romance, poesia, revistas ou jornais em português, francês e inglês ( para mim línguas completamente acessíveis pois andei num colégio inglês até aos 10 anos e tivémos uma rapariga suiça a viver connosco durante dois anos, que só falava francês), não creio que se incentive a leitura forçando os alunos a ler clássicos.
Fui uma privilegiada, sem dúvida, mas os meus pais preferiam gastar na nossa educação do que em grande luxos, aquilo a que chamo supérfluo, como roupa cara, produtos e cuidados de beleza, iguarias ou mesmo objectos que, hoje em dia, as pessoas "ricas" ou novas-ricas consideram indispensáveis. Na minha casa, porém,  não faltavam livros.
Havia livros em tudo o que é quarto ou sala ( e até na casa de banho) e a minha Mãe queixava-se dos "molhos de couves" que encontrava abandonados em todos os cantos, depois de terem sido lidos e relidos por nós oito.
Colecção Azul, Livros dos Cinco, Berthe Bernage,




Virgínia de Castro e Almeida ( autora de Céu Aberto e Em pleno Azul), Clássicos para crianças e jovens, biografias da colecção de Adolfo Simões Muller, Pearl Buck, Somerset Maugham, Erico Veríssimo e Jorge Amado, Livres de Poche e Penguins, sem falar de todos os clássicos portugueses, que estavam encadernados no escritório do meu Pai, João de Barros, Eças, Camilos e até os Discursos de Salazar!! 
Era um nunca acabar de obras,  que tínhamos sempre à disposição. Não me lembro de não ler.

Aos 18 entrei para a FLUL e aí tive mesmo de o fazer por obrigatoriedade. Todas as cadeiras nos obrigavam a ler, até em alemão com apenas dois anos de aprendizagem dessa língua. Fiz cadeiras de literatura, lendo clássicos, medievais e modernos. Li treze peças de Shakespeare por um calhamaço em papel bíblico com letra minúscula que tinha comprado muito barato na Livraria Universitária e ainda o tenho anotado por mim, com remissões aos temas e personagens. À quoi bon, diriam os franceses. What for, os ingleses!!


Pergunto-me para quê tanta exigência se, depois de fazer a tese de licenciatura sobre treze obras de Graham Greene e de acabar o curso com uma média alta, fui dar aulas a alunos de 12 a 17 anos que não conseguiam ler nenhuma obra literária em português ou em língua estrangeira, nem sequer perceber extractos de muitas delas?
Na Sertã, onde estive dois anos e ensinei Português, foi um castigo para lerem Constantino Guardador de Vacas e de Sonhos no agora 7º ano ou Esteiros de Soeiro Pereira Gomes, em Chaves. Até fizémos uma peça para eles compreenderem alguma coisa do que estavam a ler. Será que valeu a pena? Os miúdos eram resineiros ou lavradores e só andavam na escola até ao agora 9º ano. Queriam era saber de mecânica ou de culinária para se safarem no futuro.

Também nunca compreendi como é que se aprende inglês lendo os clássicos.

Para aprender inglês bem, é necessário falar, falar, ouvir, ouvir, ler de tudo e sobretudo, escrever. Os modelos - textos - têm de ser em inglês global, comunicativo, moderno, contemporâneo, é uma língua em constante mutação e muito mais difícil do que parece porque é idiomático e improvisado, sem grande lógica ou regras. Para alem de ter um vocabulário riquíssimo.
Ninguém escreve como Shakespeare, nem Goethe. Isso é para intelectuais, que traduzem ou escrevem monografias sobre os mesmos, que ninguém lê. Não para jovens em idade escolar de todas as origens com necessidades pragmáticas, específicas e sobretudo comunicativas.

Hoje comprei o último livro de Miguel Esteves Cardoso e li umas páginas na Leitura. O Miguel não escreve bem, nem fala bem. Diz muitos "não sei quê" e faz gestos, sorri e usa meias palavras para responder.  Pode-se ver isso bem na entrevista que deu na RTP recentemente.

Mas é um óptimo cronista e comunicador, um caso raro de simplicidade aliada a uma inteligência e sensatez enormes.

O seu livro vai fazer bem a muita gente e pode ser lido por qualquer um, o que para mim, é a máxima virtude.

21 comentários:

  1. Ahahah Virgínia, mas eu adoro estas nossas "picardias". E ainda bem que não estamos de acordo, porque apesar de não nos fazerem mudar de opinião, é sempre bom ouvir outro pontos de vista e pensar noutras visões das coisas.
    Continuo a não concordar consigo! Eu também sempre li muito (as Brigittes, nomeadamente) e os meus pais educaram-me mais ou menso como os seus. E eu não quero que hoje se faça tudo igual nem pretendo que os alunos leiam o que eu lia, etc.
    Dito isto, quando pergunta: à qui bon? eu respondo que tudo acaba sempre por valer a pena. Não tem que se aprender na Faculdade só o que se vai ensinar depois. Tem de se ter uma visão o mais vasta possível e depois ser capaz de se adaptar às circunstâncias da realidade com que se vai deparando.
    Eu insisto: conhecer a literatura nunca fez mal a ninguém. Eu costumo dizer aos meus alunos que até podem ler "A Bola" desde que leiam. Mas não me passa pela cabeça levar "A Bola" para a aula. Porque na aula eu tenho que lhes mostrar aquilo a que eles não têm acesso de outro modo. Porque não sabem que existe. E tentar fazê-los ver como tudo aquilo é também interessante. Esse é, para mim, um dos desafios aliciantes de ser professor. Porque eu gosto do que é difícil.

    Agora tenho que me ir embora, mas ainda havemos de voltar a isto :))

    (São as nossas "picardias"...)
    Beijinho

    ResponderEliminar
  2. Uma observação: Os "Esteiros" é de Soeiro Pereira Gomes e não de Alves Redol. As minhas desculpas e aproveito para lhe enviar os meus parabéns pelo seu blogue

    ResponderEliminar
  3. Pois eu era capaz de levar um jornal desportivo inglês - tanto como revistas cor de rosa que tinha em casa - para a escola para os alunos folhearem, desde que isso servisse para o objectivo da aula e para aprenderem mais e melhor. Não tinha o mºinimo receio sequer de falar de programas como o Big Brother em inglês com eles. Isso aproximou-me sempre deles, pois falar numa língua estrangeira na aula durante 90m não é das coisas mais fáceis para disciplinar os alunos. Felizmente consegui sempre falar de tudo, desde Purcell até Britney Spears ou Madonna e nunca achei que se devesse banir temas como tabus.

    São pontos de vista....e modos de ensinar....:)

    ResponderEliminar
  4. Anónimo/a: tem toda a razão e obrigada pela correcção.
    Sabe há quanto tempo dei aulas de português? Há 34 anos!! A minha especialidade é o inglês e alemão, mas nesses tempos, podíamos dar português em zonas onde não houvesse professores suficientes. E gostei.

    Obrigada!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Já agora, queria dizer-lhe que gostei de saber que em tempos deu aulas na Sertã. Não é a minha terra (sou de Castanheira de Pera, não muito longe). Mas é sempre bom ter contatos com pessoas que passaram nos nossos "sítios" - aquela nostalgia...
      Meus cumprimentos.

      Eliminar
    2. Fui para a Sertã em 1975 e fiquei lá até 1976 - dois anos lectivos, em que leccionei na Escola da Sertã, um anitgo colégio de freiras, salvo erro , que foi aproveitada para Escola Técnica. Só havia ensino até ao 5º ano ( agora 9º) e os alunos tinham ensino especializado em ramos diversos: comercial, mecânica, electricidade, economia doméstica, etc. Foi uma experiência extraordinariamente rica para mim, que vinha do coração de Lisboa e nunca tinha ensinado, nem vivido fora da capital. O meu marido foi juiz e trabalhou muitissimo pois a comarca estava sem juiz há ano e meio. Partimos porque ele queria estar mais perto do Porto, mas gostei muito da pequena vila, onde fui muito bem recebida e onde me dediquei de alma e coração aos meus alunos.

      Tb sinto nostalgia dos pinhais, da Ribeira e das pessoas....eram diferentes.

      Eliminar
    3. Este comentário foi removido pelo autor.

      Eliminar
    4. Compreendi que seu marido foi Juiz da Comarca e a senhora para lá foi por "arrastamento", mas que foi enriquecedora a sua experiencia. Já agora isso recorda-me o seguinte: Nos anos 40, duas meninas da alta sociedade da Sertã, conheceram seus futuros maridos, quando eles lá foram colocados como Juiz. Enfim, lembranças dum passado longínquo, mas que agora veio a propósito.
      Meus cumprimentos.

      Eliminar
    5. Enganei-me. Saí de lá em 1977, tinha o meu filho quase 1 ano de idade.

      A Sertã era um lugar idílico, ainda que gelado e quentíssimo. A casa caía de velha e não tinha água quente na cozinha (!!), mas tinha um pátio, onde o meu filho apanhava sol e "comia" rosas ( literalmente). Nunca terei experiência igual. Mas tb nunca tive tanto frio na minha vida.

      Obrigada pela sua colaboração:)

      Eliminar
  5. Mais uma achega, Isabel.

    Não me pergunto se vem algum mal ao mundo ao aprendermos literatura clássica na universidade, mas pergunto se o objectivo de se tirar um curso virado para o ensino de línguas na escola básica e secundária é obrigar as pessoas a serem pseudo-intelectuais letradas ou professoras pedagogicamente competentes nas línguas e nas didácticas. O saber não ocupa lugar....mas há prioridades e objectivos a alcançar. O meu curso - na antiga reforma que depois foi substituida por outra bem melhor - as línguas terminavam no 3º ano e as literaturas iam do 1º ao 5º. Rubbish! Tanta cultura , tanta história, tanta literatura e tão pouca competência linguística! Se não fosse para os institutos Goethe e Britânico, não teria sido a professora que penso ter sido.

    Bjo

    ResponderEliminar
  6. Também sempre li bastante e em minha casa era costume oferecerem- nos livros pelo aniversários. Lembro-me bem de Céu Aberto e Em Pleno Azul que, apesar de se passarem numa classe privilegiada, me deixaram tão boas recordações que mais tarde os comprei para os meus filhos. Já o mesmo não posso dizer da autora. Li muito, muito e assim fui formando a minha personalidade. Quanto aos clássicos não me sinto habilitada para dar opiniões. Mas o Soeiro Pereira Gomes e outros equivalentes, que nos contam o outro lado da vida, esses acho imprescindíveis.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  7. Não sei nada da autora desses livros que citei, só sei o nome, mas os livros eram interessantíssimos a com um nível cultural elevadíssimo. Em relação à leitura de neo-realistas como Alves Redol e Soeiro P G, penso que são de ler, mas não exactamente com 12 anos, pois nessa idade os miudos não têm a noção das diferenças sociais e da sociedade em que as personagens se inserem. Pneso que há outros livros mais ricos, como os de Sophia ou Alice Vieira, que tb podem ajudar a compreender as disparidades. Quando me refiro a clássicos é a Camilos, Eças, etc. São escritores que exigem maturidade de quem os lê. Os meus pais não me deixaram ler Eça antes dos 18 anos ( nem aos meus irmãos) e havia censura de alguns escritores na nossa adolescência. Descobri-os mais tarde e não me fez mal nenhum.Depois do 25 de Abril, o meu ex- comprou tudo o que havia sobre comunismo e teorias marxistas, tinha uma colecção preciosa sobre a revolução russa, etc, embora fosse conservador em tudo. Li Tosltoi e Dostoiewski, Kafka e Brecht na faculdade e nunca me fizeram mal....pelo contrário.

    Bjo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Soeiro Pereira Gomes; Alves Redol, mas só depois do 25 de Abril, antes eram proibidos pela ditadura, qual "bicho peçonhento" (...).

      Eliminar
    2. Na realidade antes do 25 de Abril o que se lia no básico era Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Gil Vicente e Camões. Não se estudava o sec XX praticamente. Como em História, ficava-se no sec XIX.

      Cumprimentos

      Eliminar
  8. Só mais uma coisa, Virgínia: uma coisa é uma língua estrangeira e outra é a língua materna. Porque é através dela que aprendemos a estruturar o pensamento, a pensar-nos e a pensar o mundo. Os clássicos fazem parte da cultura portuguesa e no limite também da nossa identidade nacional. Se não forem dados na escola, a maior parte das pessoas desconhecê-los-á para sempre. Ou quase. Dir-me-á que a muitos alunos essas obras textos e autores de um cânone obrigatório não lhes dizem nada e não lhes interessam. Mas têm de saber qu existem. E, lá está, tudo depende do tipo de abordagem que é feita.
    Dois exemplos: quando andei no 9º ano dei "Os Lusíadas" já não naquela versão antiga de dividir e classificar orações, porque foi já depois do 25 de Abril. E ainda assim, eu que já na altura lia muito, não lhes achei grande piada, porque acho que não os consegui entender plenamente. E só mais tarde compreendi a sua beleza e grandiosidade. Mas continuo a achar que não me fez mal nenhum ter tido esse primeiro contacto aos 14/15 anos e acho bem que eles continuem no programa.
    Foi por causa de um professor de Português que tive no liceu que acabei por ir para letras. Na altura hesitava entre Direito e Filosofia sem saber o que haveria de escolher e ele mostrou-me os poemas de Eugénio de Andrade e A Aparição de Vergílio Ferreira de uma maneira tão novo e diferente que eu achei que era por ali que queria ir. E hoje acho que fiz bem ;)
    Outro exemplo: aprendi alemão durante sete anos e hoje não me lembro de quase nada, não consigo ler um livro ou ter uma conversa em alemão, porque não tenho qualquer contacto com a língua e não preciso de a utilizar. Mas não digo "À quoi bon?" porque alguma coisa cá me ficou e isso enriqueceu-me.
    Pronto, já chega. A Virgínia vai manter a sua opinião e eu a minha, mas ainda bem que nem sempre estamos de acordo, porque senão também era uma monotonia :D

    (Só mais uma coisa: nas minhas aulas também não há ssuntos tabu. Deixo-os falar livremente do que lhes interessa e do que gostam. A aula de português dá para discutir tudo e mais alguma coisa. Até futebol, uma coisad e que eu não gosto e não percebo nada. Mas os meus alunos já me ensinaram como é que aquilo se joga e tudo. E o que á e grande área e um penalty e mais não sei quê. Eu também aprendo coisas com eles, claro. Mas gosto de os levar por caminhos que eles não conhecem. E levo-os até onde eles quiserem ir)

    Agora calo-me, a sério!

    Um grande beijinho

    ResponderEliminar
  9. Não precisa de se calar...adoro ouvi-la falar!!!

    Concordo que ensinar linguas estrangeiras e a lingua materna são duas coisas diferentes. Sem dúvida, que uma tem objectivos culturais mais acentuados e por isso convém que os alunos conhecçam os vultos da literatura portuguesa. Na lingua estrangeira terão de conhecer algo mais sobre a História dos países em que se fala a língua e também personalidades marcantes, mas não tanto ler o que escreveram.

    Mas no seu post há uma contradição. A Isabel começou por defender os classicos como a Agustina e Aquilino e acaba a falar de Eugénio de Andrade e de Vergílio Ferreira , ambos do sec XX e muito acessíveis aos alunos. É que há classicos e clássicos. Uns motivam, outros desmotivam os adolescentes.

    ResponderEliminar
  10. Todos podem motivar ou desmotivar consoante a abordagem. Não é contraditório, Virgínia. Não falo em clássicos entendidos num sentido estricto, falo num Cânone de textos e autores que marcam o pensamento e a cultura portugesa e que deveriam ser obrigatórios. E que incluem nomes do século XX, sim. Como passar ao lado de Fernando Pessoa, por exemplo?

    (No outro dia, por exemplo, numa explicação de 12º aparecia uma referência a D. Dinis como poeta, o que muito espantou o meu aluno. Nunca tinha ouvido falar de "Cantigas de amigo" e "de Amor" que estupidamente saíram dos programas. Expliquei-lhe brevemente o que era. É deste género de coisas que falo)...
    Mais beijinhos :)

    ResponderEliminar
  11. Lidos texto e comentários, e salvo melhor opinião, acho que se está a confundir conceitos e matérias. Uma coisa é Língua Portuguesa; outra, Literatura e Cultura Portuguesa. O que deve ser ensinado? Português. O que pode ser ensinado? Literatura e Cultura Portuguesa. A primeira é condição necessária e suficiente para as segundas. E o que se pretende com o ensino da Língua? O domínio integral dos vocábulos, semânticas e gramática. Mais ainda: ler e escrever sabendo pensar correctamente no idioma. Ante este desiderato, tudo é passível de ser lido. O que não deve ser feito? Queimar etapas e alcançar o domínio do idioma através da Literatura, porque esta é a expressão artística máxima de qualquer língua. Ler Vitorino Nemésio ou Aquilino Ribeiro pode ser muito útil no domínio dos vocábulos (regionalismos e arcaísmos, principalmente), mas pode, igualmente, ser muito imprudente para o incentivo às posteriores leitura e estudo das obras - à conta dos Lusíadas, quem é que não ficou traumatizado com as construções frásicas, semânticas, gramaticais, vocabulares, métricas (etc) de Camões...? Tudo tem o seu tempo e jamais se deve impingir, porque se acha importante ou está de acordo com a ideologia dominante da época, autores cujos conteúdos em nada são condizentes com a vivência e a maturidade de alunos de 14/15 anos. Isso, mais do que péssima pedagogia é falta de bom senso. Nada tem a ver com o culto da exigência, mas tem tudo a ver com, entre outras coisas bem mais funestas, perda de tempo. Até o secundário, o estudo da Literatura deve ser indicativo e com observações vocacionais. Deve, portanto, ser prudente e parcimonioso. Introduzir o gosto e o hábito é uma coisa; obrigar e avaliar recensões, outra. Costumo dizer que Júlio Dinis é um excelente começo.

    Beijinhos às duas, cumprimentos à Graciete.

    ResponderEliminar
  12. Mas é de introduzir o gosto e o hábito que se trata. Com prudência e parcimónia, claro. Tendo o cuidado de adaptar a abordagem ao tipo de público. Uma turma de um curso Profissional e uma turma de Ciências e Tecnologias têm maneiras distintas de ver os textos e os autores, de os abordar e entender. Mas num caso como noutro os textos e os autores da Língua portuguesa têm de passar pela aula de Português.

    (No fundo até acho que estamos todos mais ou menos de acordo. Temos é maneiras diferentes de o exprimir. E agora é que me calo mesmo! ;)

    ResponderEliminar

  13. Não queres fazer livros de Português? Meto uma cunha na editora e é certo que serás um excelente autor!:))
    Espero que a verdadeira autora não esteja a ler este blogue, conheço-a bem e é uma excelente professora com quem já conversei longamente nos nossos plériplos pelo país. Seis horas para Castelo Branco, ida e volta, dá para muita conversa sobre programas e leituras:)).

    Paulo o que acontece é que as elites ou pseudo-elites deste país continuam a legislar para as elites. Que um adolescente esteja na escola a fingir que lê os Lusíadas, a pensar na morte da bezerra ou a discar o telemóvel é-lhes indiferente. O que interessa é que o programa seja dado e que os meninos sem saber ler nem escrever passem todos e se salvem como Camões salvou o manuscrito de mergulhar para sempre no Oceano Indico.

    A abordagem dos Clássicos em obra completa ( é disso que estamos a tratar) qualquer que seja é pura e simplesmente inútil num país onde mais de metade dos miúdos nem sequer Uma Aventura ou BD lêem. Resultado: chegam à faculdade, mesmo em cursos de Ciências e não sabem redigir um relatório, nem um artigo científico, nem uma carta!!

    Mas fico por aqui. Nem sequer sou professora de português e felizmente, o programa de inglês que foi feito pela Universidade de Aveiro tem cabeça , tronco e membros. Não pretende criar elites, mas ensinar a língua. Assim os alunos queiram aprender.
    Bjo e obrigada!

    ResponderEliminar
  14. Só uma comparação.

    Segundo o Dr. Graça Moura deve-se pôr os alunos a tocar sonatas de Beethoven ou concertos de Chopin antes de eles conseguirem interpretar as peças simples, dominar as escalas, aprender solfejo ou praticar exercícios do Czerny.

    Gostava de o ver a dar aulas no básico hoje e agora....os Lusíadas, inclusivé.

    Boa noite a todos:)

    ResponderEliminar