segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

As árvores vivem de pé



O inverno puro e duro está aí, mas as árvores do Botânico estão firmes e rijas como sempre.
Recortando-se no céu azul, hoje dádiva de Deus após a semana terribilis que assolou o norte e centro do país, elas revelam a sua perenidade face às intempéries, esqueletos vivos e presa fácil para os fotógrafos amadores como eu.


Sempre adorei passear nos jardins no inverno.

Ainda tenho fotos do Englischer Garten de Munique onde passei horas infindas, com neve, sem neve, no outono, verão ou primavera. Para mim, um local com árvores foi sempre mil vezes mais apetecível do que um shopping - e havia-os, como o Hertie ou o Kaufhof - cheio de ofertas aliciantes e coloridas.

As árvores são a melhor companhia que me podem oferecer, ainda mais do que as flores, porque sei que essas vão murchar, estiolar e cair. Os troncos das árvores, não. Permanecem de pé, enfrentando a chuva, a ventania, as trovoadas e às vezes até o fogo. Felizmente aqui não há perigos piores e só esporadicamente, aparecem ramos partidos ou ceifados pelo vento. No fundo todas estas árvores se protegem umas às outras e hoje, dia de vento norte, não se sentia a brisa sequer...

Namorei os lagos de nenúfares mais uma vez e consegui tirar umas fotos completamente diferentes, o que parece incrível dada a frequência com que os fotografo em qualquer estação do ano.

As árvores no inverno adquirem formas mais grotescas enquanto reflexos na água agitada pelo vento. De segundo em segundo, adquirem formatos mais variados, cores diversas e mais apelativas.


A Casa Andersen também vive de pé. Esquecida dos seus moradores famosos, que um dia, correram pelas escadarias e olharam através das janelas para o jardim sem fim, reflecte-se no lago sem nenúfares no inverno, vaidosa e narcisista como nunca.


Hoje senti-me bem. Como não me sentia há meses. Ando a pé com facilidade, apesar do espartilho que a coluna me impôe. É uma sensação de liberdade e de independência quase total. Até me esqueço das dores horríveis que sentia dantes.

Eu própria estou a conseguir viver...de pé.

6 comentários:

  1. Fico contente com os progressos da recuperação, Virgínia. E vai ser sempre a melhorar !

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    1. Muito obrigada, Mário. Agora já acredito, mas confesso que tinha medo...

      Um abº e boa semana!

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  2. E é maravilhoso acompanhar o seu passeio através das fotos que tirou. Estão todas muito boas, mas as duas últimas são arrebatadoras. Fico contente por se ter livrado das dores e por a sua qualidade de vida estar a aumentar a olhos vistos. Ah, e do que me foi lembrar - "Der Englische Garten" em Munique. Absolutamente sublime!

    Um beijinho, Virginia, e um dia feliz :)

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  3. Sonho por vezes que voltei a ese jardim, coneço-o como as palmas das minhas mãos. O meu filho participou e foi actor principal do Sommertheater durante os anos em que viveu em Munique. As peças eram representadas no anfiteatro natural ao ar livre, onde se picnicava antes do sol se pôr e então começava a peça. Houve anos em que vi 3 vezes a peça.... :)
    Momentos que ficam na nossa memória,
    Beijinhos

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  4. Imagens lindíssimas. Cá no hemisfério sul convivemos com verão brasileiro neste 2016 pra lá de presente em nossos dias acalorados.
    Cadinho RoCo

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  5. Muito obrigada, Cadinho. Seja benvindo. O Brasil é lindo. Só esttive no Rio e em Paraty, mas adorei. Gostava de lá voltar, tenho família e amigos.
    Volte sempre.

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