sábado, 27 de fevereiro de 2016

O inverno do nosso contentamento


Há cambiantes de luz e cor no inverno que nunca vemos em mais nenhuma estação do ano.

Desde que mudei para o Campo Alegre, aprendi a conhecer melhor as características de cada uma delas, observando a Natureza à minha volta com olhos de lince. É como se estivesse no campo a sério, onde as estações são importantes e tudo gira à volta delas.

O Botânico nesta altura é esquálido comparado com a Primavera ou o Verão.

 Parece que está tudo letárgico e adormecido. Os lagos são sarcófagos de nenúfares e nem sequer se vêem as folhas que depois emergem e produzem as maravilhosas flores rosadas. Neste momento, não se vislumbra qualquer sinal de vida, a não ser a dos papiros, que parecem abandonados no meio do lago.

Em contrapartida, os reflexos do céu, das árvores e plantas à volta tomam relevo na água e os efeitos são abstractos, lindos, misteriosos. Se tirar dez fotos no mesmo local, todas as fotos são diferentes. A brisa altera tudo em segundos.

Os troncos das árvores envelhecidas estão cobertos de líquenes verde-claro, amontoando-se em forma de flor ou em círculos. Os mais esguios erguem-se rendilhados
à espera do sol que lhes trará os brotos e as folhas daqui a uns meses.

O Botânico é lindo no inverno, cheio de luz, com contrastes, sombras e vozes misteriosas....

“A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós – os humanos – não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queríamos?”
Khalil Gibran



4 comentários:

  1. As suas fotos, querida virginia, confirmam que o importante não é o que se vê, mas como se vê. Neste caso, como se vê o inverno, que só faz sentido, porque a seguir vem a primavera.

    Um beijinho e um bom fim de semana :)

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  2. È mesmo. Como na Música, vai-se decobrindo cada vez melhor os pequenos segredos da Natureza. O silêncio das plantas diz-me muito mais do que as conversas de café. Como Sophia, encontro neste jardim uma magia e um encanto cada vez mais vivos. Gostava que as minhas cinzas fossem deitadas por aqui e que servissem para fazer crescer ainda mais estas árvores maravilhosas...
    Bom Domingo!

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  3. Gostei das fotografias. Hoje estive na Foz e passei perto do Jardim Botânico. Fiquei a pensar um destes dias ir passear por lá.
    um bom Domingo.
    Gábi

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  4. Deve ter passado pela minha porta :)
    Tem estado muito frio, mas hoje conto ir almoçar a Matosinhos.
    Bjinho

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