quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Porquê?




Há imagens que nos transmitem Paz.

Há locais sagrados nos quais sentimos que nada, nem ninguém nos pode fazer mal.

Porque é que nos hospitais não há imagens destas em todos os lados, enchendo as paredes brancas e assépticas que são um caminho para a morte lenta?



6 comentários:

  1. É das coisas mais desagradáveis entrar em hospitais . Mesmo as visitas à ala das maternidade me aflige , porque tem de se passar por corredores que só se vê tristezas .
    Infelizmente passei alguns anos em consultas externas pediátricas. Um dos meus filhos teve esta necessidade, no começo da sua adolescência . Por mais que enfeitassem as paredes da sala de espera como se fosse a de uma creche bonita, para mim, era sempre um hospital . Enfim, há situações em que não se pode fugir delas. O que temos de fazer é arranjar forças não sei a onde, mas elas aparecem . Não é só as doenças que nos deitam para baixo . Há preocupações muitos difíceis de gerir ...

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  2. Sem dúvida, Madalena. Conflitos podem dar cabo duma pessoa psiquicamente. As doenças mentais são bem piores que as físicas e a sociedade nem sabe como lidar como elas. Tenho a experiência de muitos hospitais, o meu Pai trabalhou em tres diferentes em Lisboa e vivitava-o muitas vezes quando andava na universidade. Sempre me espantou o tamanho das paredes, dos quartos, das enfermarias. Era tudo grande e branco ou cinzento. Recentemente estive na clinica onde fui operada e o aspecto era idêntico. Este da CUF tem umas janelas com vista para uns campos que apesar de tudo refrescam. O meu marido ainda há pouco antes de sair para o bloco operatório me chamou a atenção para o pôr do sol por detrás dos eucaliptos...ele foi sempre um poeta....

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  3. Concordo com a falta de "humanização" dos hospitais não no sentido humano do termo pois acho que os profissionais estão diferentes. Mas as paredes, os corredores, os quartos são de uma frieza e sensação de vazio que me incomoda. Será em nome da higienização e desinfecção? Talvez, mas custa...
    Uma tarde por semana faço Voluntariado na Pediatria. Comecei no Mª Pia que fechou, depois Sto António que fechou a Pediatria e agora o novo CMIN. Este último todo moderno mas tão pouco acolhedor. Na sala de actividades procuramos criar um oásis onde a normalidade seja uma constante e vamos conseguindo felizmente.
    Bjs

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    1. Já pensei muitas vezes em oferecer parte dos meus quadros a um hospital - até pensei no Magalhães Lemos - para que os usassem na decoração, mas receio que os atirassem para o lixo...
      Em geral os blocos para pediatria são mais giros, coloridos e humanos. Não me refiro a esses, mas ao aspecto dos quartos em geral.

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  4. O professor Nuno Torrado da Silva, meu grande Mestre e Amigo, morreu há quase duas dezenas de anos. Antes de adoecer era director do Hospital Garcia de Orta. Um dos seus primeiros gestos foi fazer dos corredores e átrios galerias de exposições de fotografias e de pintura, e abrir o hospital aos familiares para lá das sacramentais duas horas do costume. Com todas as vantagens para o doente mas, também, para os profissionais, tal o e qual o que já acontecia desde 1979/80, por acção do nosso Pai, nos serviços de Pediatria, na sequência do Ano Internacional da Criança.

    Torrado da Silva adoeceu e fui visitá-lo bastas vezes ao hospital da CUF. Um dia, ele sorriu e disse-me: "Mário, o que acha deste quarto?"". "Bem decorado..." ou qualquer coisa no género, devo ter dito. Ele chamou-me então a atenção para um "pormenor" - o lindíssimo quadro, apaziguador, tranquilo de um lago que poderia ser na Suiça ou no norte de Itália (ou no Gerês), estava em cima da cabeceira da cama, onde o doente não o podia ver, mas apenas as visitas.

    Creio que é um bom exemplo de como se pensa mais na "estética a seco" do que no próprio utilizador do quarto...

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  5. no quarto do Manel ha uma foto parecida com uma que tirei há tempos de mosteiro da serra do pilar a noite. a foto escura e triste. felizmente a vista da janela é bonita, só eucaliptos e plumas, uns carros num parque. o Manel ate se entretinha nos primeiros dias a ver as moedinhas que os "arrumadores" conseguiam apanhar... :)
    No hospital de Leeds - o Becklin Centre - onde a Luisa esteve, as paredes estavam todas cobertas de desenhos feitos pelos pacientes e o aspecto era tão diferente dos nossos. Para já o edifício era pequeno tipo moradia grande a dar para os jardins interiores. Fiquei sempre com a ideia de que aquele era o hospital adequado às pessoas e não uma instituição. Lembro-me do Pai dizer que os hospitais deviam ser pavilhões e não um bloco único muito mais caótico e complicado.

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