terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tolstoi e a Natureza

A minha Amiga Regina publicou no seu blogue um poema que a princípio não me atraíu, mas que depois de voltar a ler, achei fantástico.

Refere-se ao facto de Tolstoi ter fugido de casa, pouco antes de morrer e ter percorrido kms de comboio, em vagões de 3ª classe, sujeitando-se ao frio e neve, mas realizando o que era seu desejo, aproximar-se da Natureza e viver mais perto dela, longe da civilização.

Durante alguns dias a fuga foi um sucesso. Nos trens e nas estações por que passava, Tolstoi era reconhecido por todos, já que era o homem mais famoso da Rússia. Porém, devido a sua preferência em viajar em vagões de terceira classe, onde havia frio e fumaça, o já debilitado escritor contraiu uma pneumonia, que foi agravando rapidamente. No dia 20 de novembro de 1910, o velho escritor morreu durante a fuga, de pneumonia, na estação ferroviária de Astapovo, província de Riazan.




Fiquei impressionada com a narração e com o poema e resolvi pesquisar mais sobre o grande escritor. Encontrei algumas citações que vieram ao encontro de algumas reflexões que tenho expresso aqui neste blogue. O Homem precisa da Natureza e sem ela fica decapitado.


Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - Em vão... porque até na cidade, a primavera é primavera. 
— Tolstói, em "Ressurreição"
O homem pode viver 100 anos na cidade sem perceber que já está morto há muito tempo. 
— Tolstói, em "Sonata a Kreutzer
A felicidade é estar com a natureza, ver a natureza e conversar com ela. 

— Tolstói, em "Os Cossacos"

Depois de ler estas linhas, resolvi sair e ir até ao Botânico...precisava de encontrar a tal harmonia e compreender como ela é essencial para mim. Como sempre fotografei recantos nunca dantes explorados, como a casa que servia de celeiro e que fica mesmo em frente da minha janela.


Agora, depois de uma hora lá fora e  aqui sentada na sala a ouvir o concerto nº 2 de Liszt, cujo 2º andamento se coaduna muito bem com estes pensamentos e fotos que tirei, sinto-me plenamente feliz. Tenho a certeza de Tolstoi me compreenderia.




12 comentários:

  1. Fico satiesfeita por já teres encontrado o encanto do poema.
    Quanto à tua mensagem não tenho dúvidas ( já não tinha) que só não ecreves poesia porque nunca te dispuseste a isso (aliás há dias ecreveste aqui neste blogue, um belo poema)
    Bjs
    Regina

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  2. As gralhas, Regina, são o pão nosso de cada dia...cada vez me é mais difícil não as fazer...ou não as detectar.

    Sabes que estou a ler a Sonata a Kreutzer? Online....como vès o teu blogue, o poema e Tolstoi inspiraram-me....

    Obrigada pelos elogios....mas poeta és tu....nunca o serei....

    Bjo

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  3. Tolstoi era um grande amante da Natureza, o que sobressai nos seus livros, por exemplo Guerra e Paz.
    Eu sou uma mulher da cidade , mas não me importava nada de viver no campo.

    Um abraço.

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  4. Há pessoas da cidade e pessoas que vivem na cidade. Durante algum tempo vivi no campos, pequeníssimas vilas como a Sertã em 1975-76 e Esposende em 1977, depois em Chaves, que também era quase uma vila, ainda que mais cultural e civilizada, em 1978-79. Enquanto vivi em Lisboa, na minha cidade berço, vinte anos foram passados no Restelo, que era uma aldeia quando para lá fomos viver, nem autocarros tinha....vivi depois de 1971 a 75 no centro de Lisboa e gostei, apesar do trânsito, das idas para o liceu e das aulas às 7.30 da manhã. Animavam-me os cinemas ao fim de semana, as livrarias cheias de romances que eu adorava ler, a vida de casada sem filhos....estar perto dos meus Pais.

    No Porto detestei viver durante os primeiros doze anos, talvez, de 1979 a 1991, ano em que recomecei a viajar e a dar-me com professores estrangeiros qie viviam cá. Gosto muito da cidade do Porto, acho-a linda, mas não me importava de viver numa vila mais pequena....perto da natureza ou do mar...

    Bjo

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  5. Eu sou da cidade e não queria viver longe dela, mas também gosto da natureza. Tem dias...
    Continuo a adorar as suas fotografias. Neste post gosto especialmente da antepenúltima e da última. Uma artista, é o que é! ;)

    Beijinho e obrigada por partilhar connosco a sua arte.
    Isabel Mouzinho

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  6. Sabe, Isabel, houve anos em que adorei viver em Lisboa, penso que precisamente depois de sairmos do ermo que era o Restelo. A minha mãe, que não gostava de lá viver, dizia : "Nem só de vistas vive o Homem". Tínhamos mudado da Rodrigo da Fonseca one deu nasci e andei no liceu e fui prof para uma zona da cidade que hoje é chique, mas na altura era desértica, em 1951.
    Adoro zonas de Lisboa, onde morei, na Visconde Valmor, perto da Gulbenkian ou mesmo no Lumiar, onde vivi dois anos depois de casada. A zona da Av. de Roma, onde a Isabel trabalha, é muito simpática, embora fosse mais bonita nos anos 70. O meu irmão vive lá perto, o unico que vive em Lisboa pp dita.
    Depois duma certa idade penso que se consegue viver em qualquer lado, desde que a nossa casa seja aquilo que idealizámos, o que é o meu caso e não tenhamos de andar dum lado para o outro a toda a hora....
    O que as cidades têm é que se perde muito tempo, tempo esse que se poderia utilizar noutras actividades de lazer...

    Obrigada pelo seu comentário.
    Bjinho

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  7. Desculpe as gralhas em que eu sou perita:))))

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  8. Se calhar até fomos vizinhas, Virgínia! Eu vivi até aos vinte anos na Conde de Valbom, mesmo junto à Duque d'Ávila. E, ainda hoje, sou toda Avenidas Novas :))

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  9. As avenidas Novas são simpáticas porque aliam o bom gosto da construção ao sentido de bairro, com lojas , cafés, restaurantes, cinemas ( havia-os muitos) e com árvores, elemento essencial à estética numa cidade. Perderam um pouco do seu charme com a abertura da João XXI ao Campo Pequeno ( quanto a mim) e com a degradação dos prédios da S. João de Deus, EUA, etc. Adorava aquela zona quando andava na FLUL, estudar nos cafés que por ali abundavam, embora fosse longíssimo da minha casa...
    Quando vivi no Lumiar, fazia todos os dias de autocarro o percurso até ao MªAmália onde fui prof tres anos ( no 25 /4 eu estava lá!! Era muito tempo....

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