quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Maria João Pires

Acabei de ouvir e ver um vídeo sobre uma das maiores pianistas do mundo....para mim....

Foi no blogue Valquírio que está listado aqui ao lado, onde podem encontrá-lo facilmente.

O documentário produzido pela RTP tem rodriguinhos a mais, comentários supérfluos e música a menos, mas dá uma ideia da dimensão desta artista, que tive a honra de ver tocar em nossa casa em Lisboa aos 15 anos quando nos foi visitar com os primos gémeos, amigos do meu irmão mais velho e colegas do Colégio Nun'Alvares, vulgo, as Caldinhas.
Lembro-me de Maria João ser pequenina mas muito vivaça. Atacou o piano que estava na sala junto à janela e tocou a Dança Ritual do Fogo de Manuel de Falla. Tocou com tal ímpeto que toda a família veio ouvir, não suspeitando, nem vagamente, que ela viria a ser quem é.


Poucas vezes a ouvi tocar em público porque raramente veio ao Porto. Lembro-me de a ouvir no Rivoli a tocar o 4º concerto de Beethoven e na altura, talvez porque a sala não era grande coisa em termos acústicos, fiquei um pouco desconsolada...estava habituada a ouvir os Improvisos de Schubert interpretados por ela, na minha cozinha, enquanto fazia o jantar. Ouvi aquele CDs dezenas de vezes. Era a minha libertação.

Acompanhei sempre tudo o que é notícia sobre Maria João, é uma personalidade fascinante, uma espécie de Scarlett O'Hara da música... uma força que vem da terra, da natureza, um som do outro mundo e que ultrapassa tudo o que se possa dizer sobre o seu talento. Quando a oiço fico um pouco acima do chão, numa estratosfera qualquer, onde nada mais existe senão o som inebriante do piano.

M. João é uma das nomeadas para receber um Grammy numa cerimónia que terá lugar a 26 em Los Angeles. Torço para que ganhe, embora ela não precise desse reconhecimento para nada.
É e será sempre a intérprete de música clássica mais internacional que este país gerou...e que , como outros, teve de emigrar porque todo o apoio lhe foi retirado.




9 comentários:

  1. Tenho vários CD mas só a ouvi uma vez ao vivo. Foi na casa da Música. Acho-a genial
    Ab
    Regina

    ResponderEliminar
  2. Também gosto muito da Maria João Pires. É magnífica. Eu adoro ouvir solos de piano, mas pela Maria João, a alma ganha outra dimensão. No Natal o meu filhote ofereceu-me um triplo CD da Maria João Pires. Estou sempre a ouvi-lo e até fiz uma cópia para trazer no carro.
    O país foi mal reconhecido para com ela, inventando situações falsas para justificar o ostracismo a que a queriam pôr. Somos invejosos.
    Além disso somos peritos nisso com a ajuda de alguma Comunicação Social nojenta. Destrui-se ao longo destes anos a vida de muita gente e que não o mereciam...


    Bjs. Maria Eugénia

    ResponderEliminar
  3. Já ouvi Maria João pires ao vivo. Exigente, mas muitíssimo boa. Gostei muito.

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  4. Nunca se saberá ao certo se foi por inveja, por incapacidade real ou por mesquinhez que não deixaram o projeto ir pra frente, mas deve ser desesperante ter um sonho neste país....ontem o meu filho escrevia que se o estado americano não tivesse apoiado Steve Jobs, não havia Apple. Os nossos melhores são ignorados e mesmo a M. J que afinal já era reconhecidissima e se manteve cá, foi ostracizada, invejada, criticada....era um projeto fantastico e completamente fora de série, original....
    Os brasileiros é que ganham, nós perdemos e muito.

    Bjinhos as duas

    ResponderEliminar
  5. O documentário de facto tem rodriguinhos a mais :)

    Este país expulsa, não digo os melhores, mas os que saem da norma tuga : futebol-fado-fatima-feiras, e praxes, já agora. Quando alguém tem valor individual, desalinhado e rebelde, não lhe resta senão sair da "choldra". Já não têm conta os casos, e vêm desde a decadência monárquica. Jorge de Sena, Vieira da Silva, Saramago, M. J. Pires... e não é o Estado que os rejeita: é o povo, que não mexe uma palha em defesa deles, ignora-os em favor do primeiro chutador de bolas.

    O que me revolta no caso da Maria João. é não ter havido da parte da "sociedade civil", como se diz, da comunidade cultural e artística, das fundações, dos mecenas, o apoio que faltou da parte do poder. Enfim.

    ResponderEliminar
  6. Concordo, Mário, talvez que tivesse havido esse apoio se ela fosse do Porto ou houvesse alguma ligação aqui ao Norte, mas como ela fez sempre por ignorar a Invicta, adiando concertos já esgotados, etc., o povo aqui não se idenitficou com a sua causa. Pode ser que eu esteja a sonhar, mas lembro-me que já por várias vezes , a população do Porto interveio em causas culturais com êxito. Estou convencida, aliás, que com este novo Presidente, as coisas vão melhorar. A Casa das Artes está aberta ao público já há uns tempos, se fizerem a cinemateca será oiro sobre azul - a sala é XPTO!
    Quanto a M.J, ela já era e foi sempre cidadã do mundo, viveu em muitos países diferentes, embora estivesse ligada ao país dum modo mais visceral que patriótico.

    Será sempre nossa....e podemos sempre ouvi-la...
    Obrigada e bom fim de semana!

    Vá pondo vídeos no Livro, que eu vou ouvindo.....:)

    ResponderEliminar
  7. Isto por cá é muito pequeno: gente de talento necessita de espaço.
    A história de Belgais nunca foi bem contada.

    ResponderEliminar
  8. É verdade....houve muito blablabla mas poucas coisas ficaram esclarecidas. Sei de uma jovem alemã que fez lá um estágio e adorou. Mas é preciso verbas para tudo e pelos vistos a derrapagem era enorme.
    Obrigada pelo seu contributo.

    ResponderEliminar