sexta-feira, 25 de abril de 2014

Dia da Liberdade


Que dizer neste dia em que todos dizem tudo, em que se repetem à exaustão os chavões de há 40 anos?


Ontem fui ao concerto da FEUP, que mais uma vez foi um êxito enorme. O auditório estava cheio e as suites foram tocadas com alma. Foi um óptimo começo de comemorações do 25 de Abril com a Arlesienne de Bizet e o Quebra Nozes de Tchaikowski. Ovações de pé. É fantástico haver uma orquestra académica.



Hoje fui a uma missa de funeral do irmão dum cunhado meu, que morava aqui bem perto e que eu conhecera aos 20 anos. Levou-o um cancro maldito. A missa foi linda, com cânticos muito apropriados e bem cantados e os depoimentos dos netos que, à vez ,vieram dizer o seu adeus pessoal ao Avô, falecido aos 70 e picos. Impressionou-me muito, pois para lá caminho.
O meu filho, que foi comigo, também fez os seus comentários, dizendo que a frase mais bela que ouviu  e que gostaria fosse o seu epitáfio, foi: Tudo o que fez, fê-lo com alma."  É verdade.
Mais tarde soube da morte do preparador desportivo do FCP, professor Hernâni Gonçalves que foi professor dos meus filhos no Colégio Alemão e que por coincidência, morava também aqui perto.   Fui falar com ele várias vezes ao colégio no dia da recepção aos pais. Era uma pessoa especial, muito portuense, embora nascido em Bragança.Desta vez não foi o cancro, foi coração. Mas também tinha 73 anos apenas.
Foto do site : Porto cidade que nos une ( liberdade)

Receio a morte prematura e cada vez penso mais nela, não sei porquê.

Hoje 25 de Abril, Dia da Liberdade, considero-me mais e menos livre. Posso fazer o que quero literalmente, mas fisicamente cada vez me sinto mais tolhida. Os sonhos ficam por terra.

Mas, pelo menos , enquanto aqui andar, quero fazer coisas com alma. Sejam elas quais forem.


8 comentários:

  1. Sobre o 25 de ABRIL que posso eu dizer? Não tenho palavras. Apenas sinto que foi o dia mais feliz da minha vida, excetuando o nascimento dos meus filhos. Mas atualmente penso também, com muita tristeza, como o degradaram e que não mais verei o seu esplendor. Espero que o 25 de ABRIL seja para os meus netos e todos os que vierem a seguir, pois o grande poder do capital não se pode destruir em tempo curto. Mas não resistirá à miséria e força de um POVO.

    Um beijo.

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  2. Também me faz impressão ver tanta disparidade social em Portugal, mas penso que foram os próprios "mentores" do 25 de Abril que se deixaram envolver no jogo político do PCP ( desculpe, Graciete) inspirado pela U. Soviética, que era tudo menos democracia. Depois disso foi o reinado Mário Soares, que nos catapultou para a Europa ( muito negativo, na minha opinião) antes de estarmos preparados para isso. A partir daí, passámos a ser lacaios da UE e destruiu-se o que havia de genuino no nosso país, assim como permitiu aos partidos excluir todos os que não concordavam com a adesão à Europa.
    Estamos mal, mas acredito, que vamos arribar dentro dos próximos 20 anos.
    Bom fim de semana!

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  3. Não tenho nada a desculpar pois cada um tem as suas próprias ideias. Apenas quero apresentar um pouquinho da minha opinião. O PCP tinha e tem o seu ideal próprio, não ditado por modelos e que com a sua luta clandestina, muitas vezes até à morte, foi um dos grandes impulsionadores do glorioso dia 25 de ABRIL de 1974. Não desistiu quando muitos abandonaram. E já agora deixo um pouquinho de ARY, nestes versos "Quem o fez era soldado, homem novo, capitão ... Mas também tinha aseu lado, muitos homens na prisão."

    Um beijo.

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    1. Admiro muitissimo os comunistas pela sua coerência e tenacidade, mas não posso aceitar o autoritarismo de esquerda, tão perigoso para a liberdade como o de direita. Igualdade nivelada por baixo não me agrada, Tive uma prima de 17 anos que esteve presa anos em Caxias só por ser casada com um comunista fanático, que matou um bufo e por ela própria ter aderido ao partido. Teve uma filha que morreu com uma leucemia sem quase ter conhecido a mãe.
      Gostava que Portugal imitasse os países do norte com uma democracia plena, justa e cívica. Mas não: somos cidadãos de tudo ou nada. Um povo de baixa cultura, baixa ética ou sem ela, um povo que se curva e não reage, não se mexe, mesmo quando o estão a pisar. Gente sem nível.
      Bjo

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  4. Realmente, nestes últimos tempos, tem morrido muitas figuras públicas. Não se pode deixar de pensar na morte e no que ela traz de tristeza. Convivi com estas dores muito cedo. Mas o que mais me atormenta é ver doenças prolongadas, de gente ne casa dos 80 anos a sofrer em camas de hospitais..Assim estão algumas pessoas de familiares com as quais me relaciono. Fica-se pensativa e provoca-nos apatia. Mas depois penso: Vai passar!...Ando numa fase mais para baixo e preciso de levantar os astral, como dizem os brasileiros!

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  5. Hoje morreu outro: Vasco Graça Moura. Não sei o que pensar.

    Estou triste.

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  6. Todos os anos, o País recorda como os homens corajosos do 25 de Abril libertaram todo o país da opressão, da escravidão, da podridão, da corrupção…

    Mas basta olhar para o Portugal de hoje e perguntar: as portas que Abril abriu, não estarão já hoje meio cerradas?...

    O povo e os militares corajosos que fizeram uma revolução não de tiros, mas sim de cravos, não fariam falta nos dias de hoje?

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  7. Acho que a falta de cultura que ainda impera no nosso povo o impede de se revoltar contra o domínio do capital com receio de perderem o pouco que tem. Infelizmente os militares estão no sossego dos quarteis e já não se insurgem contra a opressão, nem vão para as guerras ( só uma minoria). A Europa é o grande alibi dos nossos governantes, ela explica tudo....e o estado a que isto chegou em termos de incompetência e ausência de ética, escrúpulos, solidariedade, etc.
    Não me queixo pois trabalho para a editora, mas se vivesse só da reforma ( tendo que ajudar a Luisa) não sei se estaria tão bem!

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