domingo, 25 de outubro de 2015

Matar saudades

Há quase uma semana que nada escrevo.

A situação política tem levado a melhor, embora me sinta bem pior.
É uma ansiedade constante, uma necessidade de expressar aquilo que penso no FB quando o que leio me acicata sobremaneira. Jurei que não falava de política aqui e por isso nem abri o blogue durante dias sem fim. Para quê chover no molhado. Diz-se tanta coisa e o seu contrário, que às tantas a berraria esbarra com um silêncio ensurdecedor.


Fui ao cinema, mas o filme era mais que banal e já nem me lembro do título. Era sobre um cozinheiro famoso que quer conquistar uma estrela Michelin à viva força e destroi a sua vida e as dos outros com a sua loucura. O Bradley Cooper não estava mal....mas o filme não deixa nenhuma memória...

Hoje resolvi ir dar um passeio pelo "departamento, jardim que fica junto à Faculdade de Ciências e que foi apelidado assim pelos meus netos que, em pequenos,  adoravam ir para lá brincar. O Pai trabalhou lá durante dois anos, antes de passar para a FEUP. Um deles tinha uma oficina por baixo dum velho caramanchão, onde coleccionava pedrinhas, musgo, cogumelos, folhas secas e outras preciosidades.



Fiquei desconsolada, pois as árvores ainda não estavam no seu auge outonal ou tinham perdido as folhas depois das ventanias sucessivas que assolaram o Porto há dias. O jardim pareceu-me triste e abandonado, comparado com o Botânico que tem sempre tantos cantinhos encantadores. Mas este espaço é amplo e por vezes, faz-me lembrar a Inglaterra, de tão verde e com árvores tão antigas.

Cortaram muitas árvores em frente à fonte das gárgulas e os troncos estão espalhados pelo chão, dando uma imagem de cemitério,  chocante para quem viu aquela álea tão bela há bem pouco tempo.

O céu estava cinzento, mas subitamente abriu um pouco, deixando passar raios de sol esbranquiçados.

Uma garça (?) contemplava a vista do cimo duma árvore, quase parecia uma escultura, mas não era, pois mudava de posição de vez em quando. Fotografei-a a contra-luz.


Algumas folhas de carvalhos cobriam o chão, recortadas e perfeitas. Apetecia guardá-las para fazer arranjos de Natal, mas não levei nenhum saco comigo.

Estes dias cinzentos são cheios de paz....domingos em que não vou à missa, mas que me trazem espiritualidade e algo de positivo, nos momentos conturbados que vivemos.

6 comentários:

  1. Hoje também andei com a minha neta a colher folhas secas no quintal. As de diospireiro, vermelho bordeaux, são lindíssimas,
    Deste-me uma grande ideia. Vou fotografá-las(falta-me a tua arte... )e depois se verá...
    Ab
    Regina

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    1. Aqui na Casa das Artes há muitos diospireiros à volta do lago. Aliás aqui na zona , não faltam folhas, nem árvores, é uma sinfonia autêntica....
      Bjo

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  2. Gosto muito das suas fotos, Virginia. Já lho disse, mas não me canso de repetir. Gosto da forma como capta a serenidade e a paz das árvores que se mantêm soberanas e indiferentes àquilo que não é mais do que a espuma dos dias. Temos de aprender mais com elas.

    Um beijinho e um bom domingo

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    1. Não me canso de admirar e de viver com árvores. Acho que as prefiro às pessoas em muitos momentos o dia. Adorava ter um jardim meu - que já tive - mas já não teria saúde para o manter. Tenho uma varanda com muitas plantas, mas poucas flores....
      Boa semana!

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  3. Virginia, as fotos são lindas, mas a da garça está um mimo!
    Também vi o filme que mencionou, ontem , e foi um desconsolo.... Ainda hesitei se antes não devia ver um outro, que agora não me lembro do nome. Aquele que tem uma foto com um tabuleiro de xadrez. Depois optei por algo mais leve e sai da sala aborrecida...
    Quanto à política, também me apetece desabar , mas depois penso duas vezes e não faço. Então procedo assim: só leio , vejo e ouço o que acho que vai de encontro ao que penso e evito o que me faz mal...
    Noite de paz!

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  4. As vezes só vou ao cinema para sair de casa e ultimamente não tenho visto grandes filmes...ando muito nervosa com as politicas deste país e temo que entremos numa espiral de instabilidade e sobretudo, de aproveitamento político sem ética, nem rumo.
    Boa semana!

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