quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A educação musical


O meu filho tem uma playlist de genéricos de séries que nos deliciaram na sua infância , adolescência, juventude, etc. Foram músicas que ouvimos dezenas de vezes e que nos são especialmente queridas.
nas festas o João senta-se ao piano e toca-as todas.
Quando viajamos de carro ouvimos essas sequências e a nostalgia instala-se.



Séries como Return to Brideshead, Inspector Morse, Carson's Law, Era uma vez o Espaço,  Downton Abbey, etc. são eternas.

Ficam aqui alguns videos a relembrar.

Hoje tenho estado a ouvir uma sequência só da série Inspector Morse.




A música é inquietante, bela, penetrante...cria um mood excepcional, que explica também o sucesso da série em questão.

Pergunto-me porque é que as nossas telenovelas hão-de apresentar música tão foleira, pimba, rap ou mesmo odiosa.  Esta música é transmitida centenas de vezes na rádio, nos cafés, nos bares, discotecas, etc. Produzem-se DVDs horrorosos que toda a gente compra sem nunca se interrogar sobre a qualidade dos mesmos.

Quando começou a telenovela A Impostora interessei-me em vê-la por causa dos actores, Diogo Infante, Fernanda Serrano e Dalila Carmo. No início, Diogo Infante interpreta um maestro que actua em Santiago do Chile. Pedaços dos ensaios e performances da orquestra são filmados e a música clássica dá um toque maravilhoso à história e ao romance.


Infelizmente depois de uns dez episódios o maestro é despedido e vem viver para Lisboa, onde nunca mais toca. Poderiam ter mantido como fundo a mesma música clássica, como fazem nas séries inglesas, intermeando-a com outra mais ligeira. Não. Foi um corte total. Nunca mais as personagens ouvem música decente ( como se fosse possível!). Na série Morse, o Inpector está sempre a ouvir música em casa e escolhe pedacinhos lindíssimos de ópera, cantados em geral por sopranos maravilhosos. As pessoas habituam-se a ouvir esse tipo de trechos.

A educação do ouvido pode ser feita por diversos métodos.
Se os meus pais não ouvissem tanta música clássica em casa, talvez eu nunca tivesse esta paixão.
A Música foi o meu grande escape em alturas cruciais da minha vida e talvez uma das coisas que mais me separou do meu ex-marido, que detestava música clássica e até música, em geral.

Acho obrigatório deixar os miudos ouvirem de tudo e educá-los para apreciarem peças mais eruditas. È uma dádiva para toda a vida. Roubar-lhes esse prazer é criminoso.

4 comentários:

  1. Tem razão. A educação musical começa em casa. Por essa razão tive vontade ,desde pequena,de estudar piano. Os meus Pais matricularam-me no Conservatório do Porto. Adorava as aulas e sobretudo os sons dos violinos ou outros instrumentos vindos das outras salas de aula... Era mágico!
    Quando dei aulas,primeiro ciclo, tinha sempre que as actividades o permitiam, música de fundo na sala de aula: Vivaldi(adoravam),Mozart e Beethoven. Educa-se ouvindo também.
    Bjs

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    1. Também levei muita mºusica para as aulas, algumas porque eram mesmo parte do programa, outras porque queria que os alunos se inspirassem nelas e escrevessem ou dissessem alguma coisa. Houve alturas em que levava Bach enquanto eles faziam exercícios de gramática e muitos gostavam, mas os adolescentes são mais esquisitos e nem sempre resultou. Ainda me lembro de levar uma flautista da orquestra para uma aula as 8.30 da manhã!! Os alunos adoraram-na e ela ficou nossa amiga para sempre.

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  2. Sabe, Virgínia,o tempo há-de se encarregar de fazer selecção ao que tem qualidade e ao que não tem . Na actualidade é tudo uma questão de agradar às massas e fazer negócio .
    Ontem ouvi uma entrevista com o Herman José . Contou quando trabalhou na SIC o patrão , o dr Pinto Balsemão, às segundas feiras telefonava-lhe para dizer que o programa estava com muita ou pouca audiência.Quando esta era grande as razões deviam-se ao fato de ser brejeiro, mostrando partes do corpo mais intimas e etc. No seu contrário, quando o programa apresentava assuntos e convidados mais sérios ou temas mais culturais. O dono da estação televisiva quer lá saber. O que lhe interessa é facturar
    Beijo.

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  3. Por isso é que canais que são publicos e financiados pelos audiovisuais ou pelo Estado. É lógico que as pessoas só gostam de futebol, brejeirice e lixo. Mas não se deve nivelar por baixo, por muito que custe. A educação audivisual ainda está por fazer em Portugal . Uma mistura de programas sérios com programas mais leves devia ser obrigatório. E quando digo sérios, não me refiro a dramalhões de crime e castigo...
    Po acaso estou a gostar da nova telenovela pois não é como a outra só vingança e mortes. Tem bastante mais conteúdo e os actores são mesmo bons.
    Fazem falta concertos bons na TV. Música a sério.

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