Gosto muito de blogues com reflexões sobre a nossa vida, mesmo quando entram em intimidades ou revelam introspecção profunda.
Há blogues que me encantam pela escrita escorreita, imaginação ou mesmo ficção. Outros há que me apaixonam pelos conhecimentos e estudo que revelam sobre História, Geografia, Música ou Artes. Também há blogues interessantes pela sua originalidade. Poderia dar exemplos, mas prefiro não o fazer.
Não gosto nada de blogues em que o auto-elogio é constante, ou seja, inconscientemente, o autor faz sempre o relato ou a apreciação dos seus actos com pormenores a mais, quase sempre fishing for compliments, como dizem os ingleses, ou seja, à espera de um feedback positivo da parte dos seus leitores. O meu poderá eventualmente incorrer nestes erros de que me penitencio desde já.
Num livro, os autores são livres de exprimir o que querem. Em geral, as críticas só vêm meses depois e não são um apêndix dos livros, a não ser as altamente positivas, escritas na contracapa como publicidade.
Num blogue, os comentadores podem criticar opiniões, posições políticas e até a escrita dos autores, mas não é muito frequente criticar as intenções de quem escreveu as entradas. As pessoas levam a mal que alguém leia o seu blogue e expresse um juizo de intenções. Acham que estamos a beliscar seu ego ou a censurá-los indevidamente. Aconteceu-me esta semana com um blogue que leio sempre e comento.
Quanto mais percorro a blogosfera, mais me convenço de que ela não é mais que um espelho, onde todos nos miramos à espera de ver uma boa imagem de nós próprios. Vem aqui a propósito contar
Filho do deus Céfiso, protector do rio do mesmo nome, e da ninfa Liríope, Narciso era um jovem dotado de uma beleza singular. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Com a sua beleza atraiu o desejo de muitas ninfas, entre elas Eco, a qual foi repelida. Desesperada, esta ficou doente e pediu à Deusa Némesis que a vingasse.
Narciso, durante uma caçada, fez uma pausa junto a uma fonte de águas claras. Olhando-as, viu-se reflectido nas águas e supôs estar a ver outro ser. Paralisado, nunca mais conseguiu desviar os olhos daquele rosto que era o seu. Apaixonado por si próprio, Narciso mergulhou os braços na água para abraçar aquela imagem que não parava de se esquivar. Torturado por esse desejo impossível, chorou e acabou por entender que era ele mesmo o objecto do seu amor. Ficou a contemplar a sua imagem até morrer. A flor conhecida pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde morrera.
Há blogues que me encantam pela escrita escorreita, imaginação ou mesmo ficção. Outros há que me apaixonam pelos conhecimentos e estudo que revelam sobre História, Geografia, Música ou Artes. Também há blogues interessantes pela sua originalidade. Poderia dar exemplos, mas prefiro não o fazer.
Não gosto nada de blogues em que o auto-elogio é constante, ou seja, inconscientemente, o autor faz sempre o relato ou a apreciação dos seus actos com pormenores a mais, quase sempre fishing for compliments, como dizem os ingleses, ou seja, à espera de um feedback positivo da parte dos seus leitores. O meu poderá eventualmente incorrer nestes erros de que me penitencio desde já.
Num livro, os autores são livres de exprimir o que querem. Em geral, as críticas só vêm meses depois e não são um apêndix dos livros, a não ser as altamente positivas, escritas na contracapa como publicidade.
Num blogue, os comentadores podem criticar opiniões, posições políticas e até a escrita dos autores, mas não é muito frequente criticar as intenções de quem escreveu as entradas. As pessoas levam a mal que alguém leia o seu blogue e expresse um juizo de intenções. Acham que estamos a beliscar seu ego ou a censurá-los indevidamente. Aconteceu-me esta semana com um blogue que leio sempre e comento.
Quanto mais percorro a blogosfera, mais me convenço de que ela não é mais que um espelho, onde todos nos miramos à espera de ver uma boa imagem de nós próprios. Vem aqui a propósito contar
A Lenda de Narciso
Filho do deus Céfiso, protector do rio do mesmo nome, e da ninfa Liríope, Narciso era um jovem dotado de uma beleza singular. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Com a sua beleza atraiu o desejo de muitas ninfas, entre elas Eco, a qual foi repelida. Desesperada, esta ficou doente e pediu à Deusa Némesis que a vingasse.
Narciso, durante uma caçada, fez uma pausa junto a uma fonte de águas claras. Olhando-as, viu-se reflectido nas águas e supôs estar a ver outro ser. Paralisado, nunca mais conseguiu desviar os olhos daquele rosto que era o seu. Apaixonado por si próprio, Narciso mergulhou os braços na água para abraçar aquela imagem que não parava de se esquivar. Torturado por esse desejo impossível, chorou e acabou por entender que era ele mesmo o objecto do seu amor. Ficou a contemplar a sua imagem até morrer. A flor conhecida pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde morrera.
Fiquei curioso. Mas nunca duvide que quem escreve procura afago, comentários que lhe amaciem a pele e nenhuma contrariedade. O desapego não é comum e a humildade uma raridade (isto dentro dos critérios da boa educação, claro).
ResponderEliminarCuriosity killed the cat!
EliminarNão duvido, tanto que eu própria o afirmo acima: "Quanto mais percorro a blogosfera, mais me convenço de que ela não é mais que um espelho, onde todos nos miramos à espera de ver uma boa imagem de nós próprios."
Há muitos blogues, no entanto, em que a objectividade é grande, assim como a variedade de temas. O facto de conhecer bem a pessoa que escreve o dito blogue e de me considerar amiga dela é que me fez "censurar" ao de leve as suas intenções, mas já pedi desculpa e até lhe disse que apagasse o comentário se quisesse. Às vezes sou demasiado sincera, tu sabes bem....
Já vi, Virgínia. Fez muito bem em pedir desculpas. Penso que trouxe para o blogue aspectos entre vós e que só a vós diz respeito. Acontece.
EliminarEsqueces-te, Paulo, de que fizeste pior no teu blogue once upon a time. Transcreveste um mail que te enviei e gozaste com a minha cara a ponto de o meu Irmão intervir contra mim....
EliminarEu não me esqueço. Mas perdoo. Porque sou tua Amiga.
Já conhecia a história de Narciso, gostei da reflexão sobre a blogosfera. Para mim também é aprender e comunicar.
ResponderEliminarAprendo muito com os blogues e aprecio quem escreve só pelo prazer de o fazer, não para se fazer valer aos olhos dos outros.
EliminarVirgínia, corajosa em escrever o que escreveu, mais a mais sabendo que corre o risco de ser lida por pessoas que "encaixam" no que escreve!
ResponderEliminarNão é uma questão de coragem, é sinceridade. Talvez em demasia, Dalma.
EliminarVirgínia eu sofro do mesmo, mas há muita gente que não aceita esta sinceridade... Quiçá, talvez porque não o são!
EliminarSobretudo muitas pessoas não querem que a sua imagem seja embaciada publicamente. Expondo-se, estão sujeitas a isso, embora o ciberespaço não seja local para se contarem verdades...
EliminarÉ por ideias destas que estive que tempos sem permitir comentários: para que não achassem que queria elogios e comentários. E é por noções destas que deixei de escrever, só mantenho o blog porque um dia hei-de não ouvir o ruído de generalizações como as deste post e dos omentários.
ResponderEliminarA blogosfera, antes de aparecerem facebooks e seguidores e bloggers profissionais, era um sitio onde cada um escrevia o que queria e esperava encontrar pessoas com quem se identificasse nos detalhes da vida. Todos os dias passamos tempo com pessoas que vieram parar à nossa vida porque aconteceu. Não as escolhemos. Temos de gramar com conversas que não nos interessam, ouvir quem não queremos, responder a quem não nos interessa. É a proximidade do que nos é distante. A blogosfera era um sítio para encontrar o que se procurava. Quem gostava de fadas cintilantes, dos poetas d' "o luar da lua", receitas macrobióticas, colecções de pacotes de açúcar, encontrava sempre blogs com fadas, ou poetas, ou algas, ou deltas, etc. Mas com a distância que sabia bem! Estavam ali, mas não estavam em cima. Era a distância do que nos é próximo, o contrapeso à outra situação.
Hoje em dia, não se pode escrever nada que vai ser sempre interpretado com o enviesamento de quem precisa de expurgar uns demónios criticando os outros. É um mundo de indirectas, da desonesta sinceridade, aquela virtude da finta do dizer o que se quer e depois "quem, eu?". Surgem intrigas e discussões iguais às das crianças há demasiado tempo no recreio.
Procuro sempre os nichos onde não vejo essa atitude. E se a pessoa que escreve às vezes escreve com contentamento consigo mesma, fico contente com ela. Só sigo pessoas com as quais posso ficar contente com elas, orgulhosa com elas. Tudo o resto, encontro num café qualquer e é por isso que eu nem vou a cafés.
Eu não sou um Narciso, sou um periquito.
Benvinda seja a este blogue, ainda que as razões que a levaram a ler-me me sejam totalmente desconhecidas.
EliminarNão generalizei nada, pelo contrário, mencionei especificamente um blogue, só não acrescentei o nome do dito.
Pois eu sou Narcisa, muitas vezes, adoro aquilo que escrevo e sobretudo as fotografias que são parte integrante do texto. Escrever faz-me bem ao ego, mesmo quando os comentários escasseiam ou são mesmo zero.
E gosto muito de ir ao café. Para ver os comuns dos mortais ao vivo, coisa que não acontece no ciberespaço.
Virginia, um blog pode ter várias finalidades - aperfeiçoar a escrita, registo de memórias, partilhar ideias e opiniões, descobrir afinidades e interesses comuns, etc. Provavelmente, existirão tantos motivos quanto bloggers. Mas todos terão a mesma coisa em comum - procura de atenção. E confesso que não acho mal nenhum nisso. Claro que não me refiro a vaidades exarcerbadas. Nenhum dos blogs que sigo padece desse mal. Mas não tenho problemas em assumir que gosto de receber e de dar atenção. Nesse aspeto, a blogosfera não é diferente da vida cá fora. Existem pessoas cordiais e equilibradas e... existem outras. Felizmente, na blogosfera, podemos escolher quem lemos e seguimos.
ResponderEliminarNunca censuraria a necessidade de atenção de que todos padecemos, Miss :).
EliminarHá mais dum blogue em que encontro mais do que isso, é um contentamento muito exagerado, a modéstia fica bem a qualquer um.
Mas não vale a pena, chover no molhado. Não uso moderação, como sabe. E nunca tive que apagar comentários, graças a Deus.
Aproveito para a elogiar. O seu blogue é daqueles que não dispenso. Os textos são *****.
Bjinho
Com esta resposta que destino a todos, pretendo apenas identificar as mensagens que deram origem a esta polémica (a meu ver exagerada e descabida nalguns casos)
Eliminarhttp://docaosaocosmos.blogspot.pt/2016/01/porque-vida-so-se-da-pra-quem-se-deu.html
http://docaosaocosmos.blogspot.pt/2016/01/vaidade-ou-talvez-nao-eis-questao.html#comment-form
Regina Gouveia
Case closed.
EliminarFiz mal em te chamar a atenção para algo que me parecia evidente na maioria das entradas. Já te justificaste, jé te pedi desculpa, já me declarei narcista - mais do que tu - já me enviaste dados sobre a minha performance quanto ao teu blogue ( trabalho aturado), não vale a pena discutir mais nada. O teu blogue é lido por muitas pessoas, tem carácter científico a par de poesia, experiências familiares e pessoais. É interessante e por isso o tenho aqui na minha curta lista. Não tenciono deixar de ler e talvez de comentar.
Sei que não fui politicamente correcta, mas não prometo emendar-me.
Um abraço em nome da nossa amizade de décadas..... :)
Case closed
EliminarAb
Regina
My God, Virgínia, ainda vamos ser acusados de "ciber bulling"!!
ResponderEliminarNão há perigo, Dalma. A Regina continuará a ser uma pessoa que todos admiram e eu não deixei cair os meus parentes na lama por causa da minha estúpida frontalidade. Como disse acima : case closed.
EliminarDaffodil is my middle name.... :)
Virgínia Daffodil, é assim? É que Daffodil significa exatamente narciso (flor)!.
ResponderEliminarNão conhece a expressão: ......is my middle name?
ResponderEliminarEu sei que daffodil é narciso em português, daí estar a jogar com as palavras. É só humor inglês!
Dalma:
ResponderEliminarhttps://en.wikiquote.org/wiki/Middle_name
Divirta-se.
Engraçado! Ainda voltando ao narcisismo/narciso. Já que de lenda se trata admite-se a confusão botânica já que na água nascem nenúfares e os narcisos são de terra firme!
ResponderEliminarE com isto já contabiliza entre comentários e respostas 23 intervenções! O máximo que consegui no meu "Areeiro e por aí..." foram 22.
Não ligo muito a números no que ao blogue diz respeito. Há entradas que considero boas e que não tiveram comentários. Esta é controversa e espero que não faça estragos....não gosto de magoar ninguém. Bom fim de semana!
ResponderEliminarUm pouquinho de controvérsia dá vida aos blogs, não acha? Evidentemente sem falta de educação como foram as suas intervenções e as minhas.
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