domingo, 3 de janeiro de 2016

Tecnologias musicais

Durante a minha ( longa) vida, já ouvi música das mais diversas maneiras. Já tenho muitos anos de existência  e as invenções não param, nem pararão. O que mais virá a acontecer?

Hoje resolvi ir buscar o meu leitor de DVDs Sony e ligá-lo de novo ao plasma, já que o tinha considerado obsoleto há uns dois anos e o guardara num gavetão da estante. Em geral, os canais de TV são tão ricos em filmes que, considerava eu, não valia a pena ver outros da colecção da minha filha. Ela tem mais de uma centena de filmes excelentes, estrangeiros com e sem legendas, desde Fassbinder até Ingmar Bergmans, Kiewslowsky, Renoirs, Hitchcocks, etc.etc.  Há filmes que nunca passam na TV ou não damos por ela. Verdadeiras obras primas.

Mas vamos ao baú das recordações musicais:
Quando era criança, ouvíamos uma grafonola velha no nosso quarto de brincadeiras.
Os discos  partiam-se e riscavam-se. A agulha era grossa e nós queríamos ouvir só algumas músicas do disco, de modo que forçávamos a máquina a obedecer. Morreu de velha, ficou para lá esquecida quando o meu Pai comprou um aparelho com gira-discos e rádio e o pôs na sala grande. O meu Avô adorava sentar-se lá depois de almoço e ouvir deliciado árias de ópera, canções italianas e música clássica. Nós é que púnhamos e tirávamos os discos, ele nem tocava no aparelho.
Mais tarde, em 1964, apareceu um gravador de fitas Grundig, que foi encomendado em Munique e veio pelo correio com a indicação Lisboa - Espanha. Ficámos indignados com a ignorância dos alemães! Com esse aparelho milagroso, gravávamos música inglesa  e americana directamente da rádio, que era transmitida pelos programas 23ª Hora e outros. O meu Pai usava-o para gravar conferências e mesas-redondas na universidade. Servia para tudo e ele confiava em nós.

Em meados dos anos 70 apareceram os leitores de cassetes, primeiro só com um deck depois com dois, que possibilitavam a gravação de cassetes entre si. Uma maravilha tecnológica, que me possibilitou usar toda a espécie de textos audio nas minhas aulas.

Nos anos 80s foi a vez dos CDs. Não comprei logo o leitor pois cada CD custava uns 3000 escudos e eu achava uma exorbitância, embora adorasse ouvir música clássica com aquela excelência. Até ao dia em que recebendo direitos de autores, me pude dar ao luxo de comprar uma aparelhagem Sony, que ainda está em casa do meu ex-marido. O som era excepcional e os CDs não se riscavam ( pensava eu). A minha colecção aumentou, os discos vinil ficaram na estante ( ainda lá estão). Foi então que apareceram os walkmans e discmans, que nos possibilitavam ouvir cassetes ou CDs fora de casa, junto ao mar ou no parque. Tive mais dum, não passava sem eles. Ainda me lembro de estar deitada na relva do Englischer Garten em Munique a ouvir os Dead Can Dance. Há quase 20 anos.

Há uns anos a Apple revolucionou tudo. Mas já todos conhecemos essa história... vieram os iPods, os iPads, os Macs, que nos trazem música através dos iTunes, do Spotify...ou pirateados. Só o Youtube tem tudo ao vivo e a cores.

Mas não há nada como estar aqui à lareira a ouvir um velho CD do concerto de Saint-Saens, tão belo quanto nostálgico, usando o velho leitor, que eu julgava já morto e enterrado.

Aqui fica o mesmo concerto tocado pelo grande Sokolov, uma obra prima ....enjoy!




6 comentários:

  1. Rádio, lá em casa sempre houve tb me lembro de uma grafonola que não tocava e que dizia a minha mãe q era do meu pai qd era solteiro. Já eu estava na Faculdade qd chegou a televisão a Bragança, foi a 2ª que se vendeu na cidade! Gira-discos tivemo-lo qd a minha irmã veio da Alemanha onde passou um ano na Universidade de Marburg! Depois na nossa independência seguiram-se todas essas novidades de que fala...

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    1. Só tivémos TV quando o homem chegou à Lua!! O meu Pai era contra, como o meu filho João que não tem TV em casa desde sempre. Sempre ouvi mais música do que vi TV, embora a certa altura ela servisse de babysitter aos meus três filhos, confesso.

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  2. Pois, Virgínia! Só não tenho nem nunca tive a grafonola. Pode ser tudo muito prático e etc, mas tenho a impressão que o gira-discos que tenho guardado num armário, com a colecção de LPs devem ter melhor som. Só que ocupam muito espaço e as colunas foram-se!...
    Gostei do que nos contou!

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    1. Pode ser que tenha melhor som, mas é muito chato estar a mudar os discos continuamente. Lembro-me de estar sempre a levantar-me para ouvir outro disco. Os CDs têm mais música e agora há comandos para orientar o que queremos ouvir. Rádio é que nunca oiço agora....

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  3. A grafonola existia em casa duma tia minha por afinidade que vivia na aldeia. Comprara-a o meu tio de quem estava separada ( não oficialmente). Em férias ouvia muitos tangos, valsas, etc
    Em minha casa sempre houve rádio mas quando estávamos na aldeia não podíamos usá-lo por não haver energia eléctrica. Em 1961, no regresso de uma estadia no Brasil, o meu pai trouxe um rádio portátil que podia funcionar a pilhas ou ligado à corrente. No Verão desse ano foi inaugurada a luz elétrica na aldeia pelo que já podíamos usar o rádio grande. Para além disso comprou-se de imediato uma Televisão, a primeira na aldeia. Assim, o portátil ficou para mim e fez-me grande companhia nos meus anos de Faculdade. Nessa altura e ao longo do tempo de estudante, fui adquirindo vários discos de música clássica, de Chico Buarque, José Afonso, Beatles, que só pude ouvir a partir do momento em que, já licenciada e a trabalhar comprei o meu primeiro gira discos.
    A partir daí foi toda a evolução tecnológica a um ritmo inimaginável nos anos 60.
    Obrigada por partilhares a mestria de Sokolov
    Ab
    Regina

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    1. Quando estive em Chaves em 1977-78 via Tv espanhola pois era muito melhor que a portuguesa. Até vi filmes ingleses dobrados!!! :). Também tenho uma colecção de vinis de música brasileira - era fã de muitos - e das bandas inglesas e americanas. O meu ex-marido ainda os ouve às vezes. Agora tenho em casa todos os meus e os Cds do João que mos deu, é uma biblioteca sonora de respeito. Em Munique ele comprava CDs ao preço da chuva e eram excelentes.Estão todos cá.
      Sokolov é considerado o melhor pianista da actualidade. Ouvi-o tres vezes na CdM e este ano volta. Bjo

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