sábado, 7 de junho de 2014

O galo da Igreja Nossa Sra da Luz


Este galo é nosso Amigo...desde sempre.

Lembro-me de o ver desde os anos 60, altivo, no alto do campanário, oleado e bem coerente com a metereologia, ou melhor, com as direcções caprichosas do vento, aqui, no sul.

Nunca falhou este galo e com ele, aprendi termos como nortada, suestada, calmaria, borrasca, etc., assim como a prever o tempo atmosférico nos dias seguintes. Aqui nunca se fala de chuva como nos países anglófonos, só se fala do vento, pois é ele que comanda todas as operações!
Suestada era um dos nossos termos preferidos pois indicava água mais quente, ondas grandes e paródia na praia a saltar a rebentação ou a fazer carreirinhas. O problema era o peixe aranha, amigo das águas quentes e dos pés indefesos.
Nortada era a mais comum, fresca e forte como nas praias nortenhas, com a água transparente e límpida, o céu dum azul feroz e mar completamente chão.
Vento de sul ou oeste significava chuva, cheiro do mar, humidade e água mais turva...às vezes até suja...nunca gostei deste vento, mesmo quando sopra de mansinho.

( um melro pousou aqui na relva e está a olhar para mim com ar intrigado!!)


Ontem e hoje, o pobre do galo andou atarantado, tão depressa se virava para ocidente como para o sul, depois arrependia-se e virava a norte para, logo a seguir, indicar o sul de novo. E o céu tão depressa se toldava de nuvens escuras, lindíssimas, chuviscando levemente, como abria e deixava entrever algum sol tímido. A temperatura era constante, um calor abafado, muito agradável, semi-tropical. O cheiro da maresia era intenso, o que é raro aqui na Luz, onde identificamos o Algarve mais pelo cheiro das estevas que o vento do norte traz das serras...

as rochas cheias de sal que o mar vai deixando

Lembro-me das discussões bravas entre o meu Pai e os vizinhos. Ele tinha trazido para aqui um barómetro inglês lindíssimo que ainda hoje funciona ( deve ter uns 60 anos) para tirar teimas sobre o estado do tempo e saber sempre o que nos esperava.Ninguém se fiava no jornal ou nas notícias da rádio na altura bastante duvidosas. TV não havia. Nem houve até aos anos 80.

O nosso galo sabia-a toda!

2 comentários:

  1. Lindas reportagens estas, Virgínia. Parabéns - pelas fotos, pelos textos e pela maneira com aproveita o que a vida tem de bom.
    Bom tempo, sem ventanias nem caloraços.

    Mário

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  2. Olá, Mário, seja benvindo. Tenho andado pouco pelo seu blogue, - sempre tão interessante e caprichoso - pois a net aqui é lenta como um caracol e é preciso muita paciência para ir postando todos os dias estas pequenas estórias. Gosto muito de estar aqui, voltei às minhas roots, pois no norte só tenho amigos e a família nuclear. Aqui é um mundo de recordações....a inspiração é total.
    Um bom domingo. Abraço.

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