terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Solidão compensada

Em Julho os meus filhos e meninos partiram, deixando-me um vazio enorme, que compensei com a presença da minha filha e filho mais novo, esporadicamente. Estive em Ofir, que é o l
ocal onde me sinto melhor durante o inverno e no tempo em que não posso ir para a Luz.

Em Outubro fui aos EU, a Mountain View, e embora tenha gostado de visitar lugares espantosas que nunca mais verei....the Yosemite Valley, por exemplo... , não fiquei com vontade de voltar tão depressa a viajar. Senti-me mal depois de tantas horas de avião e a própria experiência de ver e estar com os netos no seu novo habitat não me entusiasmou, tenho de ser sincera. O rameram, o dia-a-dia tornou-se muito limitado, não conseguia andar sozinha, foi um sacrifício real.

Entretanto vivi aqui umas semanas um pouco deprimidas até receber uma notícia que me deu à volta à vida.
A nossa antiga empregada - que trabalhava cá - em minha casa e na da minha nora - no ano passado e que saíra para abrir um café em Gaia, teve problemas e o estabelecimento fechou. Contactei-a e ela passou a vir aqui todos os dias três horas, enquanto os meus netos não voltam dos EU. É uma alegria, uma pessoa extraordinária, cheia de energia, que se preocupa por mim, todos os dias tem um carinho, traz-me o que preciso e leva-me na sua carrinha ao médico ou à Baixa. Ainda trata das suas três filhas no tempo que lhe sobra.
O meu filho acha que eu pareço outra desde que ela vem cá. É natural. Estar só, não ter ninguém com quem falar é bom durante algumas horas, mas não me enche o vazio. Assim, durante aquelas horas, converso, interesso-me pela sua família, ajudo-a no que posso,  cozinho com ela, arrumo os armários, mexo-me e não tenho alibis para me sentir só.

4 comentários:

  1. A sua "história", com a sua empregada. trouxe-me à memória um caso parecido com uma família minha conhecida. O marido tem doença de alzheimer e a mulher não tem condições físicas para tratar dele. Teve a sorte de encontrar uma empregada
    por um preço razoável, com carro próprio, que para alem de lhe fazer companhia, trata totalmente do marido e levando-os no seu carro para darem umas "voltas" .

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    1. É óptimo have quem queira trabalhar assim.....devem ser altamente recompensadas!

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  2. Haviam de conhecer a " minha" Eliete! Contratei-a qd a minha anterior empregada se reformou, ficou por dois anos, dp fui para Canadá e quando regressei voltou. Mais dois anos comigo e decidiu-se a regressar ao Brasil, e durante muitos meses não consegui querer cá mais alguém... Por fim foi inevitável e veio a Estrela. Há um mês a Eliete regressou mas não tenho razões para despedir a Estrela!
    Assim decidimos manter a amizade... Acabou mesmo agora de sair daqui!

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  3. Para mim as empregadas foram sempre amigas, ainda hoje falo com a que deixei quando saí de casa e ficou a trabalhar para o meu ex-marido a meu pedido. Sem elas não teria podido fazer nem metade do que fiz toda a vida....

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