quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Ressaca

Estou em casa, rodeada das minhas coisas junto à janela virada para o Botânico, verdejante de camélias, no meio dos troncos esguios do inverno.

Sinto-me bem, apesar do incómodo da operação, a cinta apertada e a constipação que apanhei no bloco operatório. Os problemas respiratórios que tive depois de acordar já reflectiam essa condição, pois sentia o nariz completamente entupido e falta de oxigenação. Dormi toda a noite com oxigénio e na 3ª já estava bem, o que me fez querer vir para casa.
O cirurgião disse-me que todos os valores das análises ao sangue estavam excelentes, assim como a tensão arterial, e que me dava alta.

Só estive 28 horas internada e pareceu-me um século. É muito melhor estar em casa, mesmo que sozinha por algumas horas.
Não pareço, mas sou muito calma quando se trata de saúde e faço tudo direitinho, sem pânicos, nem pieguice. Já passei por muito em termos de intervenções cirúrgicas, partos, etc. Adquiri um savoir faire que é útil nestas ocasiões.

Faz-me falta passear a pé, mas para já não posso, ainda estou muito combalida e a constipação não ajuda. Ando dum lado para o outro em casa... e descubro CDs e livros de que já nem me lembrava.

Nesta experiência, cuja expectativa me atormentou durante semanas, o mais comovente foi receber a visita do meu neto na 3ª feira,  munido de um ramo de flores compradas por ele com a sua mesada. Ninguém as encomendou, foi de sua livre iniciativa... aos doze anos, compreendeu que a Avó ficaria deliciada com a ideia. E acertou em cheio.

6 comentários:

  1. Que bom, Virginia, que já está em casa e que tudo correu bem! Agora, é seguir todas as prescrições e ler e ouvir muita música. Trate da alma para que, em breve, possa passear pelo Botânico.

    Um beijinho :)

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    1. Sinto a falta da sua chávena de chá todos os dias, Miss :)
      Quando é que volta?
      Para já estou mais a tratar do corpo do que da alma ;-).
      Mas só a vista deste pôr do sol à inglesa já me dá vigor para aguentar mais uns dias de recolhimento forçado.
      Bjinho

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  2. Muita calma tem, realmente!... Estas operações levam o seu tempo a regenerar, mas pelos visto consigo vai ser mais rápido do que pensa..!
    A época de Inverno é boa para as intervenções cirúrgicas, porque no Verão já está boa para dar os seus passeios pelas praias e não só.Tem que pensar assim e entreter-se no tanto que há dentro das nossas casas hoje em dia. Eu sei que vai encontrar saídas.Tem capacidades de adaptação e a parte intelectual é fora do comum. Além disso, tem uma família de grande valor e de grande sensibilidade! Isto sim é que é riqueza verdadeira!
    O outro dia ouvi uma conversa que me interessou: alguém dizia que sentia inveja de um familiar por ter a particularidade de saber ocupar-se horas e horas dentro do quarto sem necessitar da presença de pessoas para se sentir bem. Eu também!(risos) Porém, sei que é bom sentir que a qualquer hora posso sair sem entraves. Caso contrário não acharia graça. A parte psicológica é tramada.
    Votos de rápidas melhoras. Beijo.

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    1. Sabe que quando marquei a cirurgia nem me lembrei do verão, talvez porque não pensei no tempo que isto iria durar. Espero que em Abril já me possa libertar e até viajar. Ando com vontade de ir a Leeds ou a Londres com a minha filha. Agora é só fazer porjectos e esperar....
      Somos parecidas em muitas coisas, espero poder conhecê-la pessoalmente um dia.
      Bjinho e obrigada!

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  3. Muito obrigada, Gábi. Com tanto apoio por aqui vou melhorar num instante. Vcs são uma inspiração!

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