sábado, 13 de abril de 2019

Leituras



Cada vez gosto mais de ler.
No Kindle, onde tenho uma biblioteca de 130 livros que descarreguei em momentos vários e por motivações várias. A letra é grande, não pesa nada, leio onde me apetece, ando sempre com eles na carteira, tudo é apetecível.

Tenho romances que deram filmes, autobiografias de pessoas interessantes, livros escritos por autores de séries, reflexões e textos de filósofos ou pensadores modernos, poesia, letras de canções, pintura ou cozinha, cartas interessantes, etc. Não os dispenso no autocarro, na sala de espera do consultório, no café enquanto espero pelo almoço e em casa no silêncio da noite.


Já li uns 70 desta lista, mas também houve alguns que não consegui acabar, como o da Daphné du Maurier, que, outrora fariam as minhas delícias, mas que agora me fazem bocejar.

Gosto de livros com suspense, como The Girl on the train ou biografias como a de Michelle Obama. Leio poesia quando me apetece espairecer, mas não leio duma assentada.

Há muitos mais livros aqui em casa que poderia ler, mas cada vez tenho mais aversão ao pó, à letra miudinha dos Penguin ou Livres de Poche. Mesmo assim, já li recentemente alguns romances interessantes como A Manhã do Mundo, Atonement ou My name is Alice.

Anteontem, depois de ter visto num blogue que HSC ia lançar mais um livro,


resolvi comprar dois dela em formato Kindle, que li duma assentada. Deitei-me tarde a lê-los no silêncio da minha sala. Nunca tinha lido nenhum, apenas folheara na Bertrand enquanto tomava um café.
Deixaram-me um pouco perplexa porque ao lê-los, tive a sensação de estar a "cuscar" a vida duma pessoa muito popular, que gosta de se expôr e revelar os seus segredos, partindo do princípio que a sua intimidade quotidiana interessa à maioria dos comuns dos mortais, sedentos de afecto. Aliás parece que esta palavra "afecto" agora está na moda como se todos nós precisássemos de miminhos e carinhos de pessoas que não nos são nada.

O curioso é que há precisamente sete anos escrevi este texto sobre a mesma autora e é exactamente o que ainda penso depois de ter lido dois exemplares.

" Sentei-me no bar da Livraria Leitura e enquanto bebia um carioca de limão ( a bebida favorita do meu neto quando vem cá a casa!!) e comia um pecaminoso bolo de noz , folheei o livro de Helena Sacadura Cabral, que é quase um blogue em papel com considerações sobre o que a autora valoriza na vida. Não fiquei interessada em o comprar, embora saiba que é uma pessoa com classe a todos os níveis. Já há muitos livros com cogitações íntimas e na era da Internet, em que tudo isso pode ser transmitido num blogue, num facebook ou twitter, onde é lido por centenas de pessoas, parece-me irrelevante que fique registado para a posteridade. Não censuro que se publiquem, as editoras lá sabem o que é que vende, mas há tantos escritores, poetas e historiadores que não arranjam editores para as suas obras originais e interessantes, que este tipo de livro - há-os às dezenas, neste momento - não me desperta nenhuma vontade de gastar dinheiro para o ler em casa.
Talvez um dia me arrependa de ter escrito isto e resolva publicar este blogue.....mas ainda muita água correrá debaixo da ponte. O livro em questão está no Top dos livros mais vendidos esta semana. As pessoas são curiosas ou bizarras, como diria o Principezinho. "


Não me arrependo de ter escrito isto há sete aos, embora na altura houvesse quem me criticasse. Infelizmente os comentários desapareceram desse blogue.

Estes livros criam uma certa dependência, mas não acrescentam grande coisa no aspecto cultural, intelectual ou até de lazer. Nem sequer no campo afectivo, pois os afectos parecem muito forçados e diria mesmo que alardeados, como se fosse necessário fazer uma lista de todas as pessoas que se atravessam na nossa vida e deixam marcas, para que os outros saibam que temos muitos amigos e que nunca estaremos sós...

Não estou arrependida de os ter lido, note-se, até para poder expressar uma opinião. Não compreendo é o êxito dos seus livros que já vão numa dúzia ou mais.

Ninguém é obrigado a comprá-los - não são nada baratos - e muito menos a lê-los. Ainda bem que há quem goste se não as editoras iam à falência. :)


3 comentários:

  1. Não é que estou de acordo consigo relativamente a esta literatura “a metro”!

    Ainda não desisti da questão poeta/poetisa só que ainda não tive vagar de consultar a pessoa que certamente me vai esclarecer corretamente...

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  2. A isso chama-se teimosia!

    Ainda bem que concorda comigo que há muito comércio de afectos sejam eles em papel ou em selfies :)

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  3. Passados sete anos, penso que a situacao piorou. A inundacao dos chamados influencers, muitos deles pura banha da cobra, como CF, Ana Garcia Martins, Joana Marques e outras, levou as pessoas querer sair da sua bolha limitada e a encherem se de ar como a ra de La Fontaine, que queria ser boi.

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