terça-feira, 27 de agosto de 2013

O nosso Douro

Passei o dia no Douro do nosso contentamento com os meus dois filhos rapazes.


Saímos de manhã. Com o meu filho mais novo ao volante, percorremos os kms até à Régua sem grande problema. A partir daí, a estrada desenha curvas e contra-curvas, sempre a subir em direcção a São João da Pesqueira, vila a 800 kms de altitude e comarca onde ele vai viver durante dois anos. Nunca lá tinha ido e até agora praticamente ignorava a sua existência. Mas, de repente, essa vila passou a fazer parte da minha vida, por razões familiares, de modo que quis saber  como era in loco.


As minhas expectativas eram pessimistas, habituada que estava aos locais onde vivi nos primeiros anos de casada, anos 75-79, obrigados a habitar casas de magistrados degradadas, que todos nos invejavam mas que caíam de podres, não tinham água quente na cozinha, nenhum aquecimento nem possibilidade de o ter, falta de gaz butano,  mobílias velhas e com falhas em zonas geladas como a Sertã e Chaves, enfim,  com desconforto até dizer basta. Sobrevivíamos, mas foram anos de muita privação, que nunca esquecerei.

As surpresas ontem foram totais e inesperadas.
O Tribunal
Tudo excelente, inclusivé o Tribunal, edifício lindíssimo numa avenida soalheira, um apartamento para arrendar que já vem de outro juiz,  lindo, moderno, minimalista e funcional por uma renda módica, numa vila simpática com cinemas, cafés e restaurantes, população activa, lojas, e em tudo nada inferior ao que vemos por aqui.





Mas o meu espanto foi a beleza da região. É impossível não ficar extasiado perante tal paisagem, que, infelizmente, as estradas perigosas não nos deixam fotografar como quereria. As curvas são seguidas e a estrada estreita - é impossível construir estradas mais largas no meio dos socalcos vinhateiros que se estendem por kms e kms. Lá em baixo o rio, azul, verde, lindo, lindo.





Jantámos num local onde não ia, creio eu,  há 60 anos.
Fui aos 7 anos, com os meus Pais ao Marão e almoçámos, se bem me lembro, no Zé da Calçada em Amarante. Varanda magnífica ao fim da tarde sobre o Rio Tâmega. Repleto de turistas, encantados.
Rio Tâmega
Estou muito feliz. O meu filho mais novo merece isto depois de anos de trabalho intensivo como juiz estagiário em comarcas complicadas à roda do Porto.

Vai passar frio e calor,  trabalhar muito, viver um pouco mais isolado, mas a sua nova morada promete. E será um pretexto para finalmente, eu viajar no comboio da Régua até ao Pocinho.....admirando mais uma vez este nosso rio, que nos orgulha, e deve ser um dos mais lindos da Peninsula Ibérica.


2 comentários:

  1. A beleza da região eu conheço muito bem.
    O Douro e o Alentejo são, para mim, as zonas mais belas de Portugal.

    Um abraço.

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  2. Conheço muito bem Trás-os Montes, mas nunca vim mais abaixo do que Vila Real e Marão. Só uma vez num passeio de camioneta passámos pelo Pinhão ao fim da tarde e lembro-me de fiquei maravilhada com os vinhedos, mas era muita gente e estrada muito perigosa. Ontem pude gozar em pleno das vistas pois ia no carro sem preocupações.

    Um beijinho

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