segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Decadência


Faz-me cada vez mais impressão ir ao centro do Porto e ver a decadência a instalar-se , primeiro em pequenos passos, depois a uma velocidade vertiginosa.

As lojas que pressupúnhamos iriam durar toda a vida saldam para fecho total, sem dó nem piedade. Já nem sequer é para balanço, as contas estão feitas e não há lucros, mesmo em franchising. E até há prejuizo, como me contou uma das empregadas. Felizmente, o meu cabeleireiro que também pertence a uma cadeia tem sempre clientela, embora os preços vão subindo. Nunca percebi como é que as pessoas vão lá tão frequentemente e podem pagar tratamentos de estética, que nunca faria, a não ser que me desse algum desvario:)


 



Há lojas que já existiam há mais de 20 anos, onde comprámos mil e umas coisas para a casa, como a PRT- Pórtico. e que vão fechar. Era uma loja cheia de encanto - mesmo que vendessem objectos supérfluos - eram pequenas coisas que embelezam os nossos espaços, dando-lhes cor e algum afecto.
Comprei lá almofadas que estão aqui na minha sala, por exemplo, molduras para pôr as fotos dos meus entes queridos, utensílio para as pastilhas nespresso,  toalhas de cozinha, tabuleiros, etc.

Só espero que a Livraria Leitura não feche, pois ainda hoje lá comi uma sopa óptima, enquanto folheava o livro do Mário de Carvalho, que estava na coluna dos bestsellers. Na papelaria Carlin também compro acrílicos e pinceis, embora ultimamente, poucas vezes pinte. E gosto sempre de dar uma vista de olhos pelas camisolas da Springfield ou da Zara....

Ando tão cheia de trabalho, que  neste momento só uso o atelier para olhar pela janela e contemplar o verde dos arbustos perenes da Casa das Artes e do Colégio que ficam aqui à beira. Gosto daquela vista sempre verde, que contrasta e muito com os troncos esguios dos choupos e das tílias descarnadas, dos jardins vizinhos.

Tenho pena que a cidade esteja aparentemente morta durante o dia, já que à noite, parece haver zonas muito animadas com novos espaços, cafés, bares, galerias, etc. Pouco saio à noite, de modo que acredito sem ver. Porque o que vejo é cada vez mais uma cidade sem vida.

4 comentários:

  1. Mais uma foto belíssima. Parabéns
    Bjs
    Regina

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  2. Obrigada, Regina, é o que vejo da minha janela....uma pequena parte, vivo num local privilegiado no que toca a natureza....:)

    Bjo

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  3. Também gostava da "Pórtico" e tenho pena que vá fechar. Quanto à Livraria Leitura, já foi uma grande Livraria quando o meu marido era sócio gerente.
    Hoje sofre as consequências da crise, mas continua a ser uma boa livraria num espaço bem agradável, embora se mantenha a primitiva localização na esquina da rua de Ceuta com José Falcão.
    A sua fotografia da árvore é muito linda, mas dá-me cá uma tristeza!!! O que vale é que a Primavera vem aí,infelizmente só no calendário.
    Este tempo de inverno deprime-me muito.

    Um beijo.

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  4. Ontem disseram que há mais mil empresas a abrir do que a fechar, mas o que se vê é lojas a fechar...

    Não fique triste, daqui a uns meses, ponho aqui uma foto desta mesma árvore - uma tília maravilhosa - repleta de folhas, tão densa que não se vê nada através. É o milagre da natureza....nós é que não rejuvenescemos todos os anos, mas podemos viver em pleno todos os dias, não é?

    Bjinho

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