terça-feira, 22 de janeiro de 2013

tempo de aguaceiros


 Está um tempo de inverno, muito inconstante e imprevisível. Tão depressa chove como faz sol, um sol pálido e luminoso, que a meias com as nuvens negras nos oferece imagens espectaculares.


Prefiro os aguaceiros e até as trombas de água à chuva miudinha, que por vezes cai sobre o Porto, mixto de nevoeiro e água a sério, que não me molha a mim, não,  pois não sou tôla e ando com chapéu de chuva sempre que saio à rua..:)

Os efeitos da natureza, nestes dias, são extraordinários e se perdermos uns minutos a contemplar o horizonte, ou a skyline que se avista de algum ponto alto da cidade , podemos admirar ainda melhor as tonalidades, os cambiantes de luz e cor, reflexos num céu habitualmente azul em Portugal.

Quando eu era miúda, dizia-se que sol e chuva eram " as bruxas a pentear-se". Nunca percebi porque é que as bruxas haviam de se pentear, dado que aqueles penteados se devem manter assim durante anos, sem necessidade de irem ao cabeleireiro, como nós pobres humanos.


Hoje tenho uma sessão de formação em Gaia, num hotel com uma vista espectacular sobre o rio Douro. Vou levar a minha máquina para capturar imagens maravilhosas da Foz do Douro ao fim do dia, com o mar encapelado, atirando-se contra o betão que agora construiram para o domar.



Tenho pena do mar, constantemente refreado pelos desígnios dos homens e secretamente, regozijo-me quando oiço nos telejornais que ele conseguiu galgar as paredes com que se defronta em dias de temporal...desde que não morra ninguém, nem destrua casas e restaurantes, é belo vê-lo a erguer-se contra tudo e contra todos. No Facebook têm aparecido fotos espectaculares do farol de S. João, mas é extremamente perigoso ir até lá e já lá morreram pessoas desavisadas.

Gosto desta cidade, que ainda ontem apelidei de decadente. A decadência está nos homens, a natureza continua pujante e este ano, com a chuva, aguaceiros ou temporais, parece regozijar e abençoar o Criador.

As gaivotas lutam pelo seu lugar no céu, sem necessidade de rotas, nem GPSs ; são gaivotas, gozam de todos os privilégios no ar, na terra e no mar, furam as nuvens, fazem-se ao piso molhado, pousam nos telhados, cornijas, chaminés e candeeiros, passam pelas bruxas e sorriem coniventes....





5 comentários:

  1. Gosto dessa imagem das gaivotas a sorrir para as bruxas. E continuo fã das suas fotografias, pelas quais não me canso de lhe dar os parabéns e de lhe agradecer por partilhá-las connnosco.
    Gostava de ter esse dom de "capturar" instantes e de os eternizar artísticamente.
    Mas, como não o tenho, limito-me a admirar os que o têm (A Virgínia, o Paulo, a Isabel Santiago Henriques, e mais), parafraseando as palavras de Jão Gilberto "... é que no peito dos desafinados também bate um coração..."
    Beijinho
    Isabel

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  2. Que lindo comentário, Isabel. Muito obrigada, acho que já nem vejo as coisas bem à minha volta sem as meter numa objectiva...li no outro dia uma citação: Quem me dera poder tirar fotografias com os meus olhos! " já não sei de quem era, mas tocou-me fundo. Fico fula quando vejo alguma coisa e não tenha a máquina comigo. O meu iPod também tira fotos , mas nunca ando com ele. Este tempo inquieta-me um pouco, mas as bruxas andam irrequietas e eu sou capaz de ter algo parecido:)))

    Ainda ontem puz uma foto do Paulo no meu FB. Ele é fabuloso e a máquina, bem....é um telescópio:)))

    Bjinho

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  3. Este tempo continua a entristecer-me. Mas será só o tempo? É curioso constatar que, nos meus tempos de infância também dizíamos que, quando chovia e fazia sol, as bruxas estavam a pentear-se.

    Um beijo.

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  4. Ó sua marota, a minha máquina não é um telescópio, tem dias e momentos, que eu sou avisado e ando sempre com duas :)) lentes!

    Adorei este seu naco de prosa, hoje bem mais do que as fotos (excelentes!). Há dias que as melhores fotos estão todas dentro da nossa cabeça...

    beijos

    (já volto para ler o resto)
    (em tempo: tire-me os caracteres de confirmação, pleaaase)

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  5. A tua máquina não é um telescópio, mas os teus olhos são-no certamente...e então guiados por essa cabeça, quase devem ser binóculos!!

    O naco de prosa saiu assim, depois de ter estado a ver provas do meu novo manual....não sei se por um desejo de libertação psicológica, se por inspiração da vista da minha varanda....hoje o céu está daquele cinzento monótono que detesto e chove a cântaros, só se ouvem os carros a deslizar pela avenida abaixo, como se tivessem skis....

    Está com caracteres de confirmação?? Oh, no! Não sabia.....

    Bjo

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