quinta-feira, 31 de julho de 2014

O percurso da ausência

Tinha pensado não escrever mais no blogue até me passar esta fase de negação e de saudade.

Ainda me custa a acreditar que os meus netos vão estar longe de mim durante tantos meses, quase que me parece irreal e até certo ponto, penso que foi arriscado levá-los para tão longe dos avós que são parte integrante das suas vidas.
Os avós maternos sempre foram desvelados, ficam com eles muitas vezes aos fins de semana ou nas férias durante dias e dias. O meu caso é diferente, moro no prédio ao lado e portanto a minha presença é quase diária, mas por poucas horas. Só o meu neto mais velho dorme cá esporadicamente quando há algum programa até tarde, mas mesmo assim , dado que se levanta cedo, prefere ir para casa.

Só há dois anos é que eles estiveram comigo na Luz sem os pais, em geral, sou mais egoísta nessa relação e prefiro que eles venham de bom grado a minha casa, não porque têm obrigação ou porque não há mais sítio para onde ir. Não gosto de babysitting.



Nunca fui de grandes sacrifícios pelos netos, os pais são responsáveis e bons educadores, eu não preciso de os educar, posso dar-me ao luxo de os mimar dum modo que só os avós sabem. Quando o mais pequenito não quer vir para cá - é raro - não insisto, nem o encho de doces para ele ficar. Aceito que ficar com a Mãe é melhor, pois ela trabalha todo o dia e os miudos têm saudades.

Agora que chegaram à pre-adolescência, já sabem bem o que querem  e tem um encanto muito especial para mim, pois as suas personalidades já são mais vincadas. Sempre gostei de adolescentes, dediquei-lhes 37 anos da minha vida profissional, conhecia-os razoavelmente e amava os meus alunos. Tenho saudades, por vezes, de entrar numa sala de aula e de conversar com jovens...tb tenho de falar inglês com eles.

Sei que com o tempo vou deixar de sentir aquele nó na garganta horrível que sentia ontem. Sei que ainda tenho dois meses para estar com a minha filha e que o meu filho mais novo vem para o Porto por um mês. Sei que vou superar esta ausência, fazendo coisas - pintando, vendo filmes, passeando pela cidade, enfim....sei tudo isso.

Sou uma privilegiada!

4 comentários:

  1. Virgininhamiga


    Hoje não comento, só informo: já tenho que me publique o livro de crónicas: a Chiado Editora.

    Qjs

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  2. Nada como o preenchimento saudável do tempo para minorar os desgostos. E nisso a Virgínia tem muitos trunfos.
    Um abraço.

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  3. Se quer que lhe diga, Graciete, não me apetece mesmo fazer nada....é incrível...recebi boas notícias, sei que estão felizes, mas cá dentro ainda há um vazio enorme por preencher. Penso que nunca senti uma mágoa tão grande...mas já esqueci talvez o que sofria quando o meu filho partia para a Alemanha vezes e vezes sem conta. Uma vez chorámos os dois ao telefone - ele no aeroproto de Frankfurt e eu no Porto. Foram anos de constantes despedidas, que me cortavam a alma.

    Obrigada. Bjinho

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