Hoje li e respondi a um post do blogue
Fio de Prumo, que consta aqui da minha lista. A entrada focava o culto da banalidade na nossa sociedade e nos seus hábitos ou atitudes.
Para mim este é um assunto cliché e que revela uma certo desprezo pelo povo, se não mesmo preconceitos de classe latentes.
Penso que se houvesse blogues há 300 anos, as pessoas eruditas ou letradas teriam expresso as mesmas ideias, as mesmas queixas e talvez até
ipsis verbis o mesmo tipo de comentários.
Transcrevo aqui a parte final do post de HSC, pessoa que admiro e com quem me identifico nalgumas opiniões.
Confesso que não sei o que terá provocado esta busca incessante da banalidade. Acredito que a
globalização lhe não seja alheia, com a importação de modelos que pouco ou nada têm a ver
connosco, mas que passaram a fazer parte do que chamamos de modernidade.
Creio, igualmente, que a necessidade de nos tornarmos europeus – perdendo especificidades de que,
parece, nos envergonhamos – tenha também a ver com o assunto.
Mas, na base de tudo isto, o que julgo estar verdadeiramente em causa é um abandono da procura
da excelência e a aceitação da mediocridade como uma forma de existir.
Parece-me muito redutora esta visão do panorama social português actual, onde podemos assistir a toda a espécie de demonstrações culturais - medíocres, médias ou excelentes.
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Cada vez mais se valoriza o que é nacional, nem sempre muito bom, mas bem nosso, como o Fado ou a música "do mundo", o desporto, mas também a pintura, a arquitectura, a fotografia e outras formas de Arte.
Nunca houve tanta promoção de artistas portugueses e nunca se viu tanto talento nos jovens que concorrem a programas de TV ou a bolsas para o estrangeiro. Há grupos que noutros países com mais audiências já estariam lançados em carreiras brilhantes, mesmo em áreas científicas , onde até há bem pouco tempo, nada tínhamos a acrescentar.
O que acontece é que, como aconteceu com a educação, todos agora têm acesso aos eventos e actividades, já não são só as elites que se dão ao luxo de conviver em festas de arromba ou ir à ópera, todo o povo quer participar, quer actuar, quer viver e tem o direito de o fazer.
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É claro que a massificação dos media, das redes sociais e doutras actividades de lazer leva a uma banalização de algo que outrora era só reservado às elites.
As elites - ou aqueles que se acham elites - não se revêem neste tipo de eventos, sentem-se ostracizados num país onde grangeavam de uma vida em grande ainda há bem pouco tempo. Contra mim falo, que também pertenci a essas elites, por hereditariedade, que não por gosto.
Que dizer?
Tant pis ( temos pena, como se diz em gíria popular)!
Oiço neste momento um programa de árias de ópera no Brava HD ( canal que compro por 2.50 €) com a orquestra sinfónica de Berlim.
Excepcional. Parece que estou a assistir ao vivo um espectáculo magnífico e este está
à disposição de qualquer pessoas que tenha TV Cabo. Hoje em dia quem a não tem?
Quanto não teria dado o meu Avô por poder ver este programa na sua salinha há cem anos atrás?
Será isto a banalização da música ou verdadeira democracia?