Foi há 38 anos que nasceu o meu primeiro filho: João.
Tive uma gravidez de alto risco, que passei em Coimbra na casa da minha irmã e na Sertã, onde o meu marido era juiz. Há três anos que tentava ter um filho, tendo perdido três fetos neste processo. Durante esse ano de 1976, já não dei mais aulas com prejuízo para os meus alunos que ficaram sem professora naquele ermo que era a Beira Baixa.
Por todas estas razões, aquele dia foi especial. Nunca mais esqueço o sofrimento, mas também a enorme alegria que o nascimento do bébé representou para todos os presentes. O meu marido estava eufórico, tinha os meus irmãos de Coimbra, os sobrinhos e os meus Pais que vieram de Lisboa para me apoiar, tudo no meu quarto....nem os ouvia, tais eram as dores :)
Nunca mais na vida tive um dia assim a nível familiar, a não ser passados 24 anos no seu casamento. Neste dia, porém, já não estavam nem o meu Pai, que faleceu em 1980, nem a minha Mãe que não pôde deslocar-se ao Porto por razões de saúde e familiares.
Hoje resolvi ir ao Botânico pelas 4 horas. Estava melancólica, pensando como os anos correm depressa e como a Vida me foi magnânima no que diz respeito aos meus filhos.
O João é um exemplo de determinação, de garra, de paixão pela Vida, um filho que esteve sempre comigo nas alturas mais difíceis, que me ajudou a superar as dificuldades, que me substituiu até, que se responsabilizou pela irmã e nunca me desiludiu. Mesmo tendo vivido sete anos na Alemanha, nunca senti que ele estivesse longe.
Não, não estou a empolar. É verdade!
O telefone tocou enquanto passeava pelo Botânico. Era o João. Ouvia-se mal porque ele ia no comboio para Stanford, enquanto os meninos permaneciam no colégio e a minha nora no trabalho em Carnegie Mellon. À noite tinham convidado amigos para uma carilada - ele é que cozinha estas coisas - e ia haver festa mais animada. Tudo bem.
Voltou a dizer que está feliz em Silicon Valley, que a atitude das pessoas é completamente diferente lá e cá, são optimistas, empreendedores e não estão todo o tempo a lamentar-se pelo estado da nação. Os miúdos adaptaram-se plenamente à escola e já têm amigos q.b.
Não sei em que língua falam, mas são amigos que é o mais importante! Duas semanas é pouco na nossa vida, mas para eles é uma eternidade.
O Jardim Botânico encheu-se de flores, subitamente, enquanto falava com o meu filho: hortênsias, azáleas, buganvílias....
a distância encurtou-se
o céu ficou mais azul
e os nenúfares saudaram-me a mim e à minha Lumix como se fossem prata...
Ficam aqui as fotos desta beleza.
Tive uma gravidez de alto risco, que passei em Coimbra na casa da minha irmã e na Sertã, onde o meu marido era juiz. Há três anos que tentava ter um filho, tendo perdido três fetos neste processo. Durante esse ano de 1976, já não dei mais aulas com prejuízo para os meus alunos que ficaram sem professora naquele ermo que era a Beira Baixa.
Por todas estas razões, aquele dia foi especial. Nunca mais esqueço o sofrimento, mas também a enorme alegria que o nascimento do bébé representou para todos os presentes. O meu marido estava eufórico, tinha os meus irmãos de Coimbra, os sobrinhos e os meus Pais que vieram de Lisboa para me apoiar, tudo no meu quarto....nem os ouvia, tais eram as dores :)
Nunca mais na vida tive um dia assim a nível familiar, a não ser passados 24 anos no seu casamento. Neste dia, porém, já não estavam nem o meu Pai, que faleceu em 1980, nem a minha Mãe que não pôde deslocar-se ao Porto por razões de saúde e familiares.
Hoje resolvi ir ao Botânico pelas 4 horas. Estava melancólica, pensando como os anos correm depressa e como a Vida me foi magnânima no que diz respeito aos meus filhos.
O João é um exemplo de determinação, de garra, de paixão pela Vida, um filho que esteve sempre comigo nas alturas mais difíceis, que me ajudou a superar as dificuldades, que me substituiu até, que se responsabilizou pela irmã e nunca me desiludiu. Mesmo tendo vivido sete anos na Alemanha, nunca senti que ele estivesse longe.
Não, não estou a empolar. É verdade!
O telefone tocou enquanto passeava pelo Botânico. Era o João. Ouvia-se mal porque ele ia no comboio para Stanford, enquanto os meninos permaneciam no colégio e a minha nora no trabalho em Carnegie Mellon. À noite tinham convidado amigos para uma carilada - ele é que cozinha estas coisas - e ia haver festa mais animada. Tudo bem.
Voltou a dizer que está feliz em Silicon Valley, que a atitude das pessoas é completamente diferente lá e cá, são optimistas, empreendedores e não estão todo o tempo a lamentar-se pelo estado da nação. Os miúdos adaptaram-se plenamente à escola e já têm amigos q.b.
Não sei em que língua falam, mas são amigos que é o mais importante! Duas semanas é pouco na nossa vida, mas para eles é uma eternidade.
O Jardim Botânico encheu-se de flores, subitamente, enquanto falava com o meu filho: hortênsias, azáleas, buganvílias....
a distância encurtou-se
o céu ficou mais azul
e os nenúfares saudaram-me a mim e à minha Lumix como se fossem prata...
Ficam aqui as fotos desta beleza.
Lindas fotos e excelente prosa, sobretudo o que dela exala... Beijão!
ResponderEliminarMuito obrigada, Mano. Não estou a exagerar, mas é verdade que só tenho que agradecer os filhos que Deus me deu. Hoje festejo os anos da Luisa....vou almoçar com o Manel e com ela, já que o Zé tem um casamento e o João está longe. Mas a família continua a existir! Bjinhos aos teus queridos.
ResponderEliminarUm beijo para a Luísa e votos para que a felicidade sempre vos acompanhe.
ResponderEliminarMuito obrigada, Graciete. Sei que posso contar com a sua presença aqui, è a mais fiel dos meus leitores. Um bom fim de semana cheio de sol e calor, como gosta! Bjinho
ResponderEliminarQue surpresa agradável, saber que esteve na Sertã ! Eu vivo aqui, terra do meu marido, ligado profissionalmente também à Justiça. E dei aulas na Escola, onde certamente a Virgínia também terá leccionado algum tempo... Mas, nesse ano, estive num estágio em Coimbra, minha terra afectiva, onde vou com imensa frequência. Isto está um bocado diferente... A própria Casa dos Magistrados transformou-se na Biblioteca Municipal; o Tribunal, há muitos anos, funciona num edifício de raiz, independente e interessante; etc...
ResponderEliminarMuitos parabéns por esse dia memorável de 1976 e tão desejado ! Um beijinho à sua filha, com desejo de muitas felicidades. E um beijinho especial para si, também pela beleza, qualidade e realidade das suas fotografias !...
Conheci duas Manuelas na Sertã, mas uma era de Pedrogão Grande, a outra vivia na Sertã e convidou-me para ir lá a casa comer castanhas assadas, foi sempre muito simpática comigo. Nãome lembro do seu apelido, mas sei que era duma família grande da Sertã. Estive lá também em 1976-77 e dei aulas de Inglês e Português, inclusivé comprei uma aparelho de slides para mostrar aos miudos slides feitos por mim ;-)
ResponderEliminarTenho saudades dos pinheiros e da vida calma e introspectiva que lá levava. Tinha uma empregada espectacular, Fernanda Esteves (?), que me acompanhou na gravidez e depois tomou conta do meu João enquanto eu dava aulas.
Adorava saber mais coisas da vila. A Leitaria ainda existe? Aquele cabrito era demais!!!
Só não gostei do frio. Gelava-se no inverno.....
Felicidades e obrigada!
Uma das Manuelas que me acolheu morava no centro da Sertã e dava aulas de Economia Doméstica, no curso de Formação Feminina, ainda eram os tempos das escolas técnicas :).
ResponderEliminarSabe, Virginia, gosto imenso das suas fotos, como bem sabe. Ainda para mais tenho o privilegio de ter duas fotos oferecidas por si que vai ter um destino... Mas as palavras são superiores. Agarre-se à lembrança da vida lhe ter dado filhos de ouro. Nada mais reconfortante. Também saber que estão felizes e a fazer pela vida.
ResponderEliminarObrigada, Madalena, estou a aproveitar estes últimos dias da estadia da Luisa....hoje voltámos ao cinema para ver um filme americano daqueles "feel good", que nos deixam de bem com o mundo. É o que preciso neste momento!!
EliminarBjinho!
Muito interessante, Virgínia ! Por acaso não terá sido a Manuela Estrela Lourenço, a pessoa, a casa de quem foi às castanhas assadas ? Certamente que não, pois ela dava aulas de Português e não de Economia Doméstica, além de que, em 76-77, talvez não estivesse ainda naquela Escola.
ResponderEliminarA Leitaria dos bons petiscos encontra-se inactiva, há muitos anos, Há outros, sobretudo um, junto ao Parque e ao pequeno Hotel do Convento. Se alguma vez lhe apetecer rever esta vila... em algum fim de semana... diga-me com antecedência, sim ? Terei muito gosto. As curvas horrorosas da estrada, há muito que desapareceram. Não chega a duas horas o percurso Porto - Sertã (auto-estrada até Coimbra com ligação à A-13, que se liga ao IC8 - Sertã ... ). O que não pode, é ser a partir da 2ª quinzena de Outubro, mês em que começa a arrefecer...
Beijinho.
EliminarEra , sim a ;mauela Lourenço, muito simpática, alourada e , desculpe se fiz confusão professora de Português. Fez-e muita companhia nesse ano, assim como outra colega de Matemática, creio eu, cujo nome não consgi lembrar-me nem por nada, mas que também vivia na Sertã e era duma das famílias mais conhecidas de lá. Tinha uma filhinha salvo erro. A Manuela que sensinava Inglês foi para S. Pedro do Sul depois com o marido, penso, e encontrámo-nos há tempos na apresentação de manuais em Viseu. Fiquei feliz e soube que o filho era colega do meu na Católica ( onde isso já vai...) O tempo voa e eu podia escrever um livro sobre a minha passagem pela Sertâ, lugar mítico com que sonhei vezes sem conta. Infelizmente nunca lá voltei, mas se o fizer, conto consigo para me mostrar a "nova" vila.
Obrigada pelas notícias!
Bjinho