sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ILOILO

O nome do filme que fui ver. Refere-se a uma província das Filipinas, donde muito provavelmente é originária a criada contratada pela família de Singapura.

A palavra concreta em português quer dizer "concepção", uma palavra que daria um excelente título de filme e que se aplicaria aqui na perfeição.

O filme retrata a gravidez real duma mãe que quase ignora o filho de dez anos, travesso e difícil de lidar. mas também se refere à concepção lenta e gradual duma amizade profunda entre a criada filipina que subitamente surge nas suas vidas e o rapazola travesso e, aparentemente, incapaz de afecto, castigado na escola e ignorado pelos pais que trabalham todo o dia numa economia em crise.

Estamos nos anos 90.
A naturalidade dos ambientes retratados, a simplicidade dos gestos, o uso dos utensílios domésticos, a importância das coisas neste filme para lá das pessoas -  um album de recortes de jornal, uma foto dum avô, um anuncio de uma seita, o tamagoshi, o walkman, os cigarros Marlboro,  a panela da sopa, o papel higiénico, tudo faz parte dum mundo urbano e extremamente corriqueiro onde decorre a vida difícil do casal de classe média naqueles meses em que a gravidez se desenrola e a criança subitamente se torna adolescente.
A criada é um mal necessário, mas é ela que acaba por redimir a família com a sua humildade, presença permanente, afecto e preocupação por todos. Uma performance low profile, mas que nos fica na memória.

O filme não é delicodoce, é parco em palavras e em olhares, mas tem aquele je ne sais quoi oriental que me atrai sempre.






Não sei se aconselharia este filme a todos, talvez apenas aos que estão cansados de americanadas...é tão refrescante ouvir falar outras línguas ( embora o inglês seja a língua  que se fala em Singapura).

Adoro estas tardes com a minha filha e penso como será quando ela partir também. É ela que me guia no shopping enorme, onde faço sempre confusão entre as escadas rolantes, é ela que fica na fila dos bilhetes enquanto eu peço o almoço no "Jerónimo", é ela que me acompanha ao Jumbo onde compramos as nossas iguarias (!), é ela que pega nos sacos para eu poder andar livremente...nuca se cansa, nunca mostra estranheza ou desencanto.
A minha filha é uma joia....sorri apenas e fala pouco. Mas eu sei que ela está bem.

Além do mais, ver um filme com uma pessoa inteligente é uma benesse.Sou uma privilegiada em tudo.

2 comentários:

  1. Não vi o filme mas talvez se adapte também à realidade portuguesa. E relativamente à criada só posso dizer que sempre tive ajuda preciosa das minhas empregadas domésticas.
    Um beijo para si e outro para a sua filha, uma menina tão especial.

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  2. Já tinha respondido a esta mensagem e desapareceu.

    Sim, as empregadas domésticas são imprescindíveis quando temos filhos pequenos ou quando já estamos demsiado cansadas para fazer certos esforços em casa. Sempre me dei bem com as minhas e posso agradecer-lhes o facto de ter chegado onde cheguei e trabalhado como trabalhei toda a vida. Preferi passar sem outros luxos e ter sempre alguém que me apoiasse e até fosse a minha confidente em horas difíceis...
    Obrigada pelas suas palavras em relação à Luisa. Ela é realmente especial :). Bom Domingo!

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