domingo, 2 de novembro de 2014

Os States e a Europa

A leitora do meu blogue Dalma é uma apaixonada da América, como se pode ler nos seus interessantes comentários. Esta entrada vai contrariá-la, mas espero que me perdoe.


Depois de passar quase 20 dias na Califórnia, considero que uma viagem destas ( e por este preço) só vale a pena para ver os meus queridos netos.
Se os não tivesse visto, concluiria que gastei balúrdios nestes dias. Não conseguiria afirmar categoricamente - note-se que não sou deslumbrada, nunca o fui - que o que vi lá não se pode ver na Europa ou no norte de África, bem mais perto e mais barato.

A Turquia, por exemplo é um país com uma diversidade paisagística espantosa e vestígios de culturas antigas inimagináveis.  A Capadócia é inegualável, um local místico e duma grandeza incomensrável. A Tunísia, país relativamente desconhecido encantou-me há quase quinze anos, quando pela primeira vez vi o deserto do Sahará e um Coliseu no meio do nowhere absolutamente fabuloso. Os oásis ficaram-me na memória...o Egipto, bem, é o Egipto, como Petra na Jordânia, é Petra. Nunca mais saem dos nossos olhos.

Só falo do que  conheço, logicamente.

A Inglaterra enche-me as medidas. Falam a mesma língua que os americanos, mas a entoação não é arrastada, nem anasalada como a do americano vulgar. A comida é muito melhor, pois em Leeds têm restaurantes de todas as nacionalidades e os indianos são mesmo indianos, os italianos, idem. Não são uma mistura de mexicano com egípcio ou marroquino com hamburgers à mistura!! Na América são caros e duma abundância que não nos convence pois a qualidade é nula.
Quanto aos hoteis, basta dizer que paguei num ***  de Mountain View o triplo do que pago por um ***** em Leeds no centro da cidade. Uma exorbitância.

Meter-me num comboio em Inglaterra é embarcar numa viagem de sonho....as paisagens variam conforme a hora e o tempo. O tempo em Inglaterra é um elemento essencial, os cheiros, as cores, a vida está toda dependente das nuvens que se acumulam no céu, nos raios de sol que as trespassam, nos verdes que se iluminam.....não vi nada disto na Califórnia, onde o céu é sempre azul e a paisagem duma monotonia confrangedora, auto-estradas sem fim, automóveis em fila constante e para chegar a locais fabulosos, é preciso dois dias de viagem.

Não posso esqueçer a Alemanha, onde fui umas quinze vezes em sete anos....os Alpes no inverno, os comboios velozes e confortáveis e mesmo a comida muito superior a tudo o que provei nos States.
Munique, uma cidade com tudo....e duma harmonia fantástica.

Só fui à América para ver os meus queridos. E por isso valeu a pena.

Já vi NYvárias vezes,  Boston,  Ítaca,  Califórnia e, por enquanto,  nada chega à Europa.....ou ao norte de África!!


fica aqui um canon que o meu filho e netos cantavam no carro durante a viagem aos Yosemite. Nunca esquecerei as suas vozinhas comoventes: By the waters of Babylon ( Don McLean)


11 comentários:

  1. Virgininhamiga & prima

    Várias vezes fui aos States e em todas as "modalidades: turismo, jornalismo, oficiais (pelo Tribunal de Contas, pelo Ministério das Finanças e sei mais o quê), Reportei para o Diário de Notícias a election campaign do Bush (pai) contra o Dukakis. Nesta andei por montes e vales, cidades diversas et aliud e pude conhecer (+ ou -) a chamada América profunda. E... fartei-me de comer donnuts, hamburgers e comida chinesa a la americana. Na China Town de S. Francisco enfim comi chinesa a sério.

    Mas, como tu nos contas não há que comparar a velha Europa, a Ásia e a África. Já andei por lá e por várias vezes. Já na Austrália as coisas são diferentes, são também a la americana e ponto.

    Enfim, alegria imensa ver os teus netos e ouvi-los cantar By the waters of Babylon" que também cantei com os meus filhos quando viajámos de carro e eles ainda putos pediam: pai ponha aquela da Babilónia onde o pai esteve,,,

    Enfim, voltaste a casa, embora seja no Puerto, mas parece-me que (ainda) é Portugal,,,

    Bjs da Raquel e qjs meus


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  2. Querido Henrique,

    Adorei este teu post e sinto-me muito em falta para contigo, pois nada te tenho ligado, nem respondido aos teus, nem falado do teu livro - adoro o título e a capa faz-me lembrar a máquina do meu Pai, que ele me ofereceu, a Hermes Baby. Tu és mesmo meu amigo, alem de primo. A canção é linda.....ainda agora pu-la a tocar para os meus netos no skype!!
    Concordo com o que dizes...e tu tens uma experiência bem mais rica que a minha....sempre viveste com um pé fora e outro dentro, como o meu filho João, por razões diversas....
    Uma óptima semana, bjos para ti e Raquel!

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  3. Nunca foi aos USA mas, apesar de ter gostado imenso do que tão bem descreveste nas tuas mensagens e de ter a paixão de viajar, é viagem que não me seduz muito. O Henrique, com toda a sua experiência diz que não há que comparar com a Ásia, Europa e África. Tenho viajado um pouco por esses três continentes mas na América só "conheço" dois países, ambos da América Latina, o Peru e o Brasil. No entanto, a ideia que tenho, muito pouco fundamentada, coincide com a opinião do Henrique.
    Ab
    Regina

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    1. A América do Norte nada tem a ver com a do sul, são civilizações diferentes, Histórias diferentes, políticas opostas. O que o meu filho gosta nos EU é da capacidade enorme que eles têm de usar os seus recursos - e os dos imigrantes - para desenvolver a sociedade, para inventar e melhorar a vida das pessoas no mundo em geral, o desenvolvimento económico nas áreas da Ciência e o nível inegualável do seu ensino e investigação. Lá encontra os cérebros que todos os dias nos pôem nas mãos as tecnologias que todos nós usamos quase sem dar por isso. TUDO o que nos facilita a vida, praticamente, foi inventado por eles, ainda que agora seja fabricado em muitos outros países como a China e o Japão.
      Estava a referir-me mais às paisagens e às gentes - tão misturadas - que encontramos no dia-a-dia, ao estilo de vida e de mentalidades, que não aprecio especialmente. Penso que na Austrália se passa a mesma coisa....são países que se construiram a partir dos imigrantes ou condenados ( Australia), mas que apresentam um nível de desenvolvimento superior ao da maioria dos países da Europa.
      Mas que conheço eu da América? Muito pouco......

      Bjo

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  4. Mas Virgínia, a América do Norte em relação à Europa, África e Ásia é novinha... Também não tem culpa de não ser dotada pela natureza de belas paisagens. (risos) Nunca lá estive e também nunca sai para além de países europeus e não foram assim tantos... nem a Marrocos fui ,apesar de ter esta possibilidade por duas vezes. Lá está, o continente africano não me atrai, mas também não sei se iria gostar se tivesse a hipótese de lá ir.Dos EUA conheço de ouvir falar através de familiares e conhecidos que sempre disseram que não tinham belezas naturais nem são ricos em História como nós europeus temos. E é claro, pela fantasia que o cinema nos dá... Só sei que é uma senhora muito viajada, mas que bom! E é com muito gosto que venho ler as suas diversas opiniões que me enriquecem! Agradeço que o faça muitas mais!...

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  5. A idade dos países não tem muito a ver com os espaços, mas mais com a cultura, Madalena.
    Não me interprete mal, o continente americano - do Norte -tem locais fantásticos, natureza ainda virgem, zonas espantosas de kenyons, cascatas, parques naturais que em dimensão ultrapassam tudo o que há na Europa. O problema é que estes locais só são acessíveis, andando dias e dias de camioneta ou carro - comboios não há - e pelo meio percorrem-se kms de auto-estrada chata, sem beleza nenhuma, come-se em diners com comida mal amanhada, sempre igual.
    Devo dizer que os americanos foram todos supersimpáticos comigo, nas lojas, no hotel, nos restaurantes, mas é aquela simpatia superficial, igual em todo o lado. Os latinos são barulhentos e falam um linguajar horrível, aquilo não é inglês nenhum!!! Negros não há quase na Califórnia. Quem se vê mais é asiáticos, todos eles trabalham nas firmas de Silicon Valley, nas Googles, Intels, etc.
    Mas vale a pena ir a S. Francisco - é uma cidade muito cativante.

    Para já fico pelo meu Porto....hoje com chuva às catadupas.... :) Bjinho

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  6. Pois Virgínia é o tamanho, as longas distâncias, as estradas sem fim, os lugarejos que mais não são que uma rua com lojas e estas com anúncios a tudo,tal como nos filmes, a natureza selvagem, com um "la vai um," que me cativa. Todas, as emocionalmente grandes experiências estão lá: "Crater Lake" no Oregon, "Dead Valley" na Califórnia, no Nevada o" Grand Canyon" a "Fall" no Main... Talvez porque passei 15 verões, visitando catedrais e museus com os meus três filhos essas coisas já não me atraem, salvo raras excepções com foi o Cabo Canaveral.
    Ao Norte de África nunca fui nem irei porque não tenho capacidade emocional para lidar com a pobreza extrema ! O mesmo acontece com a Índia onde tive a possibilidade de ir e não quis!! É "politicamente incorreto" dizer mas eu só gosto de viajar em países ricos mesmo eu não o sendo!

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  7. Também não sou nada de visitar catedrais e museus.....a não ser os que valem mesmo a pena.
    Em Inglaterra, basta-me sair 5kms de Leeds para ter a paisagem mais sublime e agreste pintada nos livros das Brontés ou nas séries que nos apaixonam. Com mais duas horas de comboio estou no Lake District onde andámos kms a pé - a minha filha e eu - em dia chuvoso, mas luminoso - por caminhos de uma beleza inexcedível. Nunca fui à Escócia para meu desgosto, mas sei que aí também se pode experimentar a Natureza no seu mais puro estado e assistir a fenómenos naturais dignos de ficção científica.
    Não tenho dinheiro, nem vontade para andar de carro durante horas e depois pagar 500 dolares por duas noites num motel só para poder ver umas cataratas e uns canyons, que acredito serem espantosos. É tudo uma questão de prioridades e de gosto.
    A América dos filmes nunca me seduziu, os roadmovies são uma seca, a paisagem de "Uma vida simples", Into the Wild ou Route 66 não são para mim.....os Cohen pintam bem esses ambientes em Fargo, Esta Terra não é para Velhos, etc.
    Dalma, contento-me com as paisagens inigualáveis do Douro no Outono ou do Alentejo na Primavera.....nunca vi praias tão belas como as da Costa Vicentina, onde vou em peregrinação todos os anos. Já nem falo do espectáculo que é o Porto à noite e Lisboa ao pôr do sol....o nosso país dá cartas em matéria de belezas naturais.....e a bolsa aguenta!!
    Quanto ao norte de África, não sabe o que perde.
    Irei à Índia - a Goa com certeza - pois as minhas raízes estão lá e deve ser uma experiência que nunca mais esquecerei....basta ter lá dezenas de primos que me acolherão calorosamente como o fizeram aos meus irmãos. Fui professora de Inglês durante 37 anos, adoro a língua, mas não o AmE, que é uma deturpação grosseira agora mesclada de espanholada. Na California parece mais que estamos no México!!!! :)

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  8. Virgínia, sempre disse que não há nada como sairmos do país para quando chegamos amarmos mais o nosso! Também me sinto feliz qd regresso!
    Sabe, como prof. de Geografia que fui em 36 anos é natural que veja os sítios noutra perspectiva!
    Oxalá que quando for à Índia ainda andemos por aqui para depois contrapormos o que sei ( sem nunca lá ter ido!) e a sua visão como turista. Acho que seria interessante...

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  9. Nunca irei à India como turista....
    Goa é a terra do meu Pai e dos meus avós paternos, do meu Avô materno e dos sete tios, 35 primos direitos e as suas famílias...acha que se for lá tenho tempo para andar a ver templos e museus? Provavelmente nunca irei ao resto da Índia, que sei ser paupérrima e de contrastes. Mas posso dizer-lhe que em termos de cultura e civilização, a India está a anos-luz da América...e dentro de pouco tempo serão os americanos a ir estudar para a India e não ao contrário , como agora acontece!!
    Mas isto são pontos de vista que não vale a pena discutir em blogues...não acha?

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  10. Claro, há assuntos que só discutidos "one-one" e neste caso não é possível!!

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