sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Ouvindo Beethoven no BRAVA HD


Um programa todo dedicado ao maior compositor alemão de todos os tempos ( ou será Bach ?....nunca saberemos e talvez nem sejam comparáveis),  com comentários de intérpretes vários num inglês maravilhoso que me conforta depois de semanas a ouvir o americano latinizado dos hoteis e restaurantes da Califórnia.

Concertos de piano, pedaços que sei de cor, dum lirismo e vigor, simultaneamente, que nos arrebatam.Já escrevi muitas vezes sobre estes concertos, os primeiros que ouvi em casa do meu Avô.
Oiço o 4º Concerto, que o meu Pai considerava o seu melhor. Diz o narrador que foi o último concerto que Beethoven tocou em público.

Fala-se agora do início da 5ª Sinfonia, que todos conhecemos e associamos à vitória. Os músicos parecem deleitados a tocá-la e comparam-na a uma obra de Miguel Ângelo. O final é monumental....



Uma pianista linda toca agora o 2º andamento do concerto nº 5, uma das peças mais reconfortantes que conheço ( em inglês diria "soothing"). A intérprete diz que este andamento expressa as fraquezas da condição humana, sem nunca se querer render, nem submeter, revelando um optimismo inveterado.

Saltamos para a Guerra,  no écran imagens de uma Viena lindíssima, submetida à maldição napoleónica. Beethoven insurge-se e escreve peças eivadas de nostalgia e raiva. Um violoncelo em grande plano e o narrador citando escritos a propósito das misérias da guerra. No entretanto, com 40 anos, compôe "Fur Elyse", uma das peças mais conhecidas dos jovens pianistas e dedica-a a uma nova namorada.

Encontro de Beethoven e Goethe - dois génios alemães - pela primeira vez. Recitam-se cartas escritas em 1812 com sonatas em pano de fundo.

 Napoleão derrotado por Wellington, Beethoven renasce. Surge a 7ª sinfonia.
Para mim, é a mais brilhante e conseguida do compositor. Não consigo ouvi-la sem me emocionar profundamente.

Em 1815, ao fim de anos de luta e sofrimento, Beethoven perde a audição por completo.  Simultaneamente, a luta pela custódia de um sobrinho durante 4 anos, tornam-no mais errático e menos sociável. Anos horribilis para o compositor, em que não deixa de compôr obras complexas e menos acessíveis aos ouvintes.

Retratos - pinturas -  de Beethoven desfilam diante dos nossos olhos, assim como paisagens da Alemanha. Ouvimos Lieder ( canções) em alemão - legendas em inglês - um outro registo não menos sedutor.

Assistimos então à decadência física de Beethoven, uma vez perdida a audição por completo. Em 1819, compõe um quarteto para cordas para alguém amigo que o visitou nessa altura. Compôe também a sua última sonata, uma das mais sofisticadas de sempre, obcecado pelo pormenor. O pianista observa estas características da sua sonata, á medida que vai tocando os acordes da mesma.

Quatro anos depois,  compõe a sua Missa Solene. Não sendo católico,  Beethoven anseia por algo de divino, revelando uma religiosidade profunda nesta sua obra e não só. Cérebro e coração aliam-se duma forma notável.

Convidado para escrever uma nova sinfonia - a 9ª - não hesita.
Nela exprime energia, urgência, ansiedade e desespero. O amor e a beleza surgem só no 3º andamento. No 4º vem a salvação e redenção, na "Ode à Alegria" de Schiller, imortalizada para sempre. Segundo o narrador, não há nestes acordes tão veementes verdadeira alegria, mas  a aspiração, a esperança, o desejo de um mundo e duma vida melhores.

Em 1829, Beethoven morre. Milhares acorrem ao seu funeral, contrariamente ao que ele alguma vez conceberia e quereria.

*********************************************************************************

Programa magistral do Brava HD,  intitulado In Search for Beethoven,  num dia inteiro dedicado a Beethoven : (Beethoven's Marathon)

7ª Sinfonia - Allegretto




3 comentários:

  1. Escrevo enquanto ouço o Alegretto da 7ª. Curiosamente também é uma das minhas preferidas. Mas não me canso de ouvir qualquer obra de Beethoven. Ainda há pouco tempo "postei" um excerto do trio para violino, violoncelo e piano (https://www.youtube.com/watch?v=Vaip_kccN1Q) que por certo conheces. Quanto a "para Elisa" toquei-a nos tempos em que estudei piano ( mas fui uma péssima aluna...)
    Ab
    Regina

    ResponderEliminar
  2. Provavelmente ainda não deste conta mas há uma gralha no texto(no ano da morte de Beethoven).
    Ab
    Regina

    ResponderEliminar
  3. Obrigada, tinha dado conta de outra gralha em datas, mas esta não! Ando com dificuldade de leitura no computador. Não vejo bem, nem com óculos, nem sem eles!!
    Uma das minhas irmãs tb tocou o Fur Elyse e durante algum tempo, nem conseguia ouvir a peça, achava-a chata e repetitiva :). Tb eu fui péssima aluna de piano e tocava contrariada, a minha professora ( que foi a mesma do Sassetti) era muito exigente, embora fosse amiga lá de casa.

    Bom fim de semana!

    ResponderEliminar