quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A solidão consentida


Solidão é uma palavra pesada.

Gosto mais das inglesas : solitude, loneliness. Mais leves e mais líricas.

Nunca senti uma solidão insuportável na vida, a não ser quando vivia acompanhada. Foram alguns anos de extremo isolamento que prefiro esquecer.

Foi nessa altura que me tornei dependente da net - ainda hoje sou - e nela encontrei Amigos , que conheço pessoalmente e de quem nunca me separarei.

Encontros pontuais como os do Woophy em Aveiro, Porto e Faro criaram laços que se foram fortalecendo através do Facebook. O que começou por ser um site de fotografia, dirigido por holandeses, passou a ser um clube privado no FB. Muitos de nós - alguns portugueses - encontram-se regularmente nos seus países e partilham fotografias das mais diversas.


Nunca mais me dei intimamente com colegas da Escola, e só convivi com eles em encontros esparsos. Não criei laços,  por estranho que pareça, a não ser com pessoas que já morreram e eram mais velhas que eu.
Quando me reformei, não senti saudades nem do espaço, nem das pessoas, só dos meus alunos e estagiários, que eram afinal os que comigo trabalhavam. Ainda hoje é uma alegria encontrar antigos professores estagiários em meetings. Infelizmente, vou cada vez menos a eventos profissionais e sociais.

Cheguei à conclusão de que estar com outros não me é absolutamente indispensável para ser feliz. Sinto-me bem sozinha, falando com este ou aquele que se cruza comigo esporadicamente. Não preciso de marcar cházinhos ou almoços, de voltar à escola ou de ir a vernissages para as quais sou convidada invariavelmente. Ouvir pessoas, por muito bem que falem, está fora das minhas preferências. Ainda agora o homem que veio pôr nova fechadura na caixa do correio falou durante horas sobre coisas que nem lembra ao diabo. E eu em pé à espera para lhe pagar. Há pessoas que me aborrecem de morte. Não sou boa ouvinte...

Só não dispenso ouvir MÙSICA!


ver um concerto como este que oiço neste momento - Mozart , 466 com a Maria João Pires ao piano é toda a companhia de que necessito. Os músicos enchem-me a sala inteira, falam comigo e sobretudo, fazem-me sentir muito melhor.
As palavras dos melhores oradores nunca lhes chegam aos calcanhares e muitas vezes massacram-nos até à medula.

Hoje faz 11 anos os meu pequeno Daniel. Dava tudo para o abraçar.  Já sei que recebeu os livros que lhe mandei e até está já a ler um deles. O seu nascimento foi um dos dias mais felizes da minha vida.

O seu último mail acabava assim: Um beijo do tamanho do volume da sequoia mais volumosa do mundo ( General Sherman Sequoia)

God Bless him!

6 comentários:

  1. É algo muito semelhante ao que me disse o meu filho André aí pelos seus 8 anos : "gosto tanto de ti como até à estrelinha mais longe" Estas ternuras são realmente inesquecíveis,

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  2. As crianças são poéticas, mesmo quando não desejam sê-lo.... Lindo!

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  3. Virgínia, será que estamos numa de telepatia? Quando acabei de ler o seu post ri-me "bués".... Sabe, hoje tive mais ou menos esta conversa com a minha irmã ,que me veio visitar e está cá uns dias na minha casa ,assim como marido, que é irmão do meu marido, filha, genro e neta...
    Um dia, alguém do meus conhecimentos e mais velha disse-me que a partir de uma certa idade começamos a ter comportamentos e pensamentos diferentes de um ano para o outro. Achei aquela conversa estranha, mas agora tenho de concordar com ela...Muito mais haveria para comentar...Não há de faltar ocasião. Vim aqui num intervalo....
    Beijinhos e muitas felicidades para o seu neto Daniel , que tenha muita saúde e anos de vida!...

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  4. Como vê, não sou só eu que tenho esta opinião. Há mais quem pense com eu. Como diriam os Xutos e Potapés: Não sou o único a olhar o céu!!" ( adoro esta canção!!)
    Isso é que é abrigar a família toda em casa....é sinal de que a casa é grande. A minha agora só dá para mais um!!
    Bjinho

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  5. Querida amiga
    Tenho andado doente, deprimida, sem vontade de consultar os"meus" blogs. mas vou recuperar e reencontrar-me.
    Um abraço.

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  6. Querida Graciete,

    Todos os dias penso em si e tenho saudades de ler os seus comentários. Calculei que estivesse doente, espero que não seja nada de cuidado. Desejo-lhe rápidas melhoras e que em breve possa sair e ver as coisas que gosta....um beijinho grande.

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