Lembro-me dum presépio que montou só com folhas destas a ornamentar a cabana com as três figuras principais que eram douradas.
Adoro folhas de plátano e guardo-as duns anos para os outros, apesar de poder arranjar quantas quero no jardim botânico.
A minha amiga Regina sugeriu-me o poema de António Gedeão que transcrevi abaixo. As fotos são minhas.
As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se
na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro,
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, ciclóides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada,
o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
António Gedeão, Poemas Póstumos,
Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1983
na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro,
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, ciclóides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada,
o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram verdes e lisas no apogeu
da sua juventude em clorofila,
mas agora, no outono de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiados ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos,
e esta real e pobre criatura,
vendo o Sol coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.
António Gedeão, Poemas Póstumos,
Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1983
Um vídeo que me lembra os meus tempos de criança e adolescente, na voz do eterno Nat King Cole com imagens do outono nas florestas norte-americanas.
Virgínia, a folha que está na bandeira do Canadá é do Ácer e não de um plátano. Quando para lá fui também pensei que era, mas depois esclareci-me, pois plátanos dos nossos nunca vi nenhum!
ResponderEliminarEsta é de bradar aos céus.
EliminarAté uma criança sabe, que a folha na bandeira do Canadá, é do ácer.
Já respondi......e vc sabe todos os simbolos da bandeira portuguesa? Por ordem alfabética? :))))
EliminarPor ordem alfabética?????
EliminarEssa questão é hilariante!
Saberá a menina, o significado dos mesmos?
Tem razão, Dalma, é a folha da chamada maple, árvores que tenho aqui na minha rua com folhas de cores ainda mais bonitas que as de plátano. Infelizmente são mais frágeis para guardar. Vou corrigir o erro. Obrigada!!
ResponderEliminarLindo texto e o vídeo nos abrilhantando com essas imagens fantásticas, obrigada por compartilhar conosco tudo isso
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