quarta-feira, 5 de novembro de 2014

2 da manhã numa noite de outono


Gosto do silêncio da noite de breu.

Na minha sala só se ouvem vozes esparsas de gente que anda na rua, talvez estudantes que andam na noite, um ou outro carro que desce o Campo Alegre, mais nada...

Hoje, daqui a duas horas vai o meu filho embora de novo para a Califórnia. Nem me deitei, ele está a dormir desde as 11.
Estivémos seis dias aqui, mas quase só o vi depois das 10 da noite. Trabalhou que nem doido para coordenar as startups de que é fundador e CEO. Recebeu cá alguns investidores que querem trabalhar neste ramo dos WIFI nos transportes públicos e não só.

É com orgulho que entro no autocarro - como hoje - e vejo o cartaz laranja com Wi-Fi grátis. 
Hoje uma rapariga estava a usar a net e quase que me apeteceu perguntar-lhe se dá jeito poder usá-la todos os dias quando vai para o trabalho ou para as aulas....mas não tive coragem.

Saí sozinha - o que há muito não acontecia - mas custou-me muitíssimo ir ao Cidade do Porto comprar os livros que faltavam à colecção do meu neto na Bertrand. Consegui, mas foi com sacrifício e nem me apeteceu comprar mais nada. Saí, apanhei um taxi para casa, tomei dois brufenes e deitei-me. As pernas doíam-me terrivelmente. Acabei por adormecer e entretanto o remédio fez efeito.
Já marquei consulta para o meu fisiatra na 6ª feira e já sei que me vai mandar fazer uma ressonância magnética ao joelho esquerdo, dado que só fiz ao direito. Vou recomeçar a fisioterapia e o ramerrame do dia-a-dia. Só tenho medo de cair na rua....

Não estou deprimida, há pouco falei 12 minutos com o meu neto no skype e soube-me pela vida.

Ele parecia muito comovido, mas mostrou-me um trabalho que tinha feito para Artes na escola e estava lindo.
Sempre tive muita cumplicidade com este meu neto, que vinha cá muitas vezes no ano passado. Bebia um chá de limão comigo, comíamos umas panquecas ou croissants, conversávamos um pouco e ele partia de novo para a escola...esse hábito de vir aqui criou em nós uma empatia que ainda não tenho com os irmãos mais novos. Aquela ideia de que mal viramos as costas os netos se esquecem de nós é pura falácia no caso destes meus netos....eles amam os avós, sentem a falta deles e querem que os vamos visitar. Insistem nisso e ninguém os obriga a ser simpáticos connosco.

Neste momento só desejo uma coisa. Ficar melhor, poder movimentar-me dum lado para o outro sem receio.

Tenho tanto sítio para visitar, ando com saudades do mar bravo da Foz, preciso do Outono do Botânico,



de ir ao cinema sozinha e andar pelo Arrabida a ver montras....tenho de recuperar a vida calma que já tinha antes de ir para os States, tenho de melhorar para me sentir de novo em paz e feliz.

4 comentários:

  1. Virgínia, essas empatia só se cria quando os netos estão a "pareces meias"connosco como é o seu caso e me aconteceu a mim com a minha avó. Nunca quando se está a 250 km de distâncias!! Cada caso é um caso é por isso não é uma falácia como diz!

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  2. Compreendo-a a sua aflição, mas tenha pensamentos positivos que vai passar. Já não estamos no tempo dos nossos avós que ficavam confinados a uma cama por não poderem andar...Felizmente há tratamentos ... Sim, a fisioterapia vai ajudar e a natação também. Se começar a imaginar que pode cair na rua é meio caminho andado para que isto aconteça...
    Também tenho problemas articulares congénitos. O meu calcanhar esquerdo inflama e dá dores , mas não faço caso porque sou mais teimosa. Chego a casa faço o tratamento com contrastes de águas, quente e gelada. Coloco um creme anti-inflamatório e melhora . Bem sei que cada caso é um caso...
    Fico contente pelo seu ânimo não estar negativo para a vida. Muito bom sinal!... Melhoras e beijinho.

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  3. Tudo depende da relação que se criou com eles e da idade deles também,. É mais fácil aos 10 anos do que aos 15, creio eu. Já estive a migares de kms do meu neto - ele nasceu na Alemanha e só veio para cá com 15 meses - e ia lá vê-lo, passear com ele, dávamos uma volta até ao Englischer Garten, brincava com ele. Lembro-me de fazer tricota e de ele fitar as agulhas como se estivesse a fazer uma magia....na Luz saía com ele pelas 9, íamos tomar o pequeno almoço juntos, tenho fotos destes momentos.....sempr adorei esta criança que me compensou de muitos dramas pessoais - não exagero - que atravessei nesses anos de doença da minha filha e separação do meu marido. O meu neto andava no infantário da minha escola e eu vi-ao quando queria, até festejei os meus 50 anos no infantário com ele e as educadoras que já me conheciam há 20 e tal anos. Creio que isto chega para explicar que não há nada neste mundo que nos vá separar....pelo menos enquanto houver skypes e telefones.....

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  4. Madalena, admiro a sua genica, sempre admirei. Acho-a uma pessoa altamente inspiradora, sempre activa, prestável. Sei que esteve de babysitter estes dias e que foi um tumulto no seu dia-a-dia, espero que agora já volte para o FB e escreva no seu modo sobre as coisas que se passam à sua volta. Faz-me falta.

    Bjinho

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